Resenha de
Bidu - Caminhos
O
que dizer de “Bidu: Caminhos” (2014, Panini Comics), HQ de Eduardo Damasceno e
Luís Felipe Garrocho dentro do Graphics MSP? Vou simplificar à duas palavras – belo
e emocionante.
Desde
que foram apresentados os primeiros esboços e spoilers eu estava impressionado
com o que ia sendo mostrado. Eram imagens singelas e simples que mostravam o
cachorrinho em algumas situações que nos deixavam com água na boca sobre qual
seria o enredo. O título era muito sugestivo, mas deixava aberta uma série de
possibilidades.
Com
o exemplar nas mãos eu me deliciei com cada página, com cada quadro. Mas vamos
por partes. Primeiramente a arte. Caminhos
é todo feito em tons suaves primando pelo degradê, mesmo para o sombreado.
Esses dois elementos suavidade/degradê causam um efeito de calma ao olhar que
transforma a leitura num passeio, quase um sonho. Mesmo os ambientes mais
sombrios ou noturnos são suavizados com a estupenda colorização.
A
arte em si, como todos os volumes da Graphic MSP trazem releituras dos personagens
clássicos do Maurício de Souza e com Bidu não foi diferente. Mas confesso que
aquele cachorrinho simpático que tanto li nas revistas da Turma da Mônica ficou
ainda mais simpáticos e com olhos que expressam sentimentos como nunca imaginei
serem capazes de fazer com ele. Tudo nele está completamente diferente e ao
mesmo tempo incrivelmente igual. Olhamos para ele e vemos o Bidu, embora seja
uma roupagem completamente diferente.
Outra
coisa que gostei muito foram os ângulos de perspectiva em que os quadrinhos
foram construídos, saindo da mesmice e jogando os olhos do leitor para todos os
ângulos imagináveis, atrás, frente, de longe ou muito perto, criando um
movimento e uma dinâmica que não contrastam com a tranqüilidade da leitura.
A
chave de ouro da HQ, e que já ouvi de mais de um leitor, foi a composição com a
chuva... belíssimo. Além de ser muito bem deita, cria os momentos mais bonitos
e tristes da revistas.
Em
segundo lugar, o que devemos ressaltar, é a história em si. Como não se
emocionar com a forma como esses dois amigos inseparáveis se conheceram –
Franginha e Bidu. O nome da HQ, Caminhos,
dá um passo atrás e não mostra o caminho dos dois amigos juntos, mas como seus
caminhos se cruzaram entre tantas curvas e esquinas e acabaram por colocá-los
juntos. É simbólico. Todos se enxergarão num dos personagens, percorrendo seu
caminho à procura de algo que nem nós mesmos imaginamos que estamos procurando
e precisando. Mesmos com seus defeitos e incertezas somos, são, levados à
cruzar o caminho de outro (ou outros) fazendo parte de suas vidas, querendo ou
não. É pura beleza em pouco mais de setenta páginas.
Além
disso, e falando agora como um amante dos companheiros de quatro patas (no meu
caso um gatinha inseparável chamada Fifi), Caminhos
é uma declaração de amor aos nossos companheiros, cães e gatos (e outros). É
visível que desenho e enredo foram feitos por quem tem uma proximidade enorme
com eles e vê neles aquilo que o Franginha vê no Bidu. Os trejeitos, as
expressões, os diálogos, tudo tem de ter sido criado e imaginado por alguém que
tem seu amigo de quatro patas todos os dias ao seu lado. A leitura emociona de
diversas formas e todas elas, cada uma delas, deixando um gostinho de quero
mais, uma saudade latente, uma vontade de agarrar seu bichinho e apertá-lo.
Eu
não fiz as resenhas das edições anteriores da coleção, mas quando li “Bidu – Caminhos” não pude deixar de
externar minhas impressões e minha emoção por ter tido o prazer de ler algo tão
singelo. É uma compra e uma leitura recomendadíssima. Corra e compre o seu pois
ela só irá agregar valor à sua coleção de HQs ou seu prazer por uma boa
leitura.
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