Importância dos Adventure
Paths
e o exemplo Azlanti
Os Adventure Paths são
reconhecidos por serem Aventuras, com ‘A’ maiúsculo! Lançadas mensalmente pela editora Paizo e
divididas em partes, já totalizam mais de cento e quarenta edições para
Pathfinder e quatorze já lançadas para Starfinder – sem mencionar os já
anunciados para Pathfidner 2.0 –, eles são aquela certeza de uma nova e
desafiadora aventura à cada mês. Mas muitos se enganam se acham que a sua
importância ou sucesso estão restritos apenas à isso.
RPGs como Starfinder e
Pathfinder (assim como muitos outros) têm muito de sua sustentação em seus cenários oficiais. Por mais que possamos
usar suas regras para criarmos nossas aventuras em ambientes genéricos ou
adaptados, muito de sua construção, mecânica e justificativa de utilização está
alicerçado em um cenário próprio e rico.
Isso tem uma vantagem e um
preço. A vantagem é que o cenário que vai sendo construído tanto enriquece o
ambiente que vivenciamos em cada aventura quanto cria um sentimento de
pertencimento. Os elementos ‘canônicos’ criam nos jogadores uma sensação de
fazer parte do ambiente. Seja uma vila de elfos ou uma estação espacial, os
jogadores criam laços com o cenário ao saberem que ele é o mesmo para todos os
fãs, que as referências valem para todos e em todos os lugares, traz segurança,
equilíbrio e memórias críveis. Esse sentido de pertencimento transforma-se em
cumplicidade que gera um vínculo cada vez mais forte.
O preço é claro. Criar um
cenário que de certa forma serve de sustentáculo de um sistema gera a
necessidade de torná-lo dinâmico (sempre em desenvolvimento) a partir de
novidades e informações em fluxo constante. Ferir uma dessas duas premissas –
dinâmica e constância – tornará o cenário (e por lógica o sistema) estagnado,
quebrando a relação com o jogador. Neste ponto é que muitas editoras e sistemas
se perdem.
Há duas formas de lidar com
isso. A usual é o lançamento de encorpados suplementos com a intenção de
complementar e enriquecer o cenário. Normalmente são livros de certo volume,
quase enciclopédicos, consequentemente um pouco caros e com um considerável
espaçamento entre sua chegada ao mercado. Isso gera ansiedade, meses de limbo e
reclamações. Como eu disse, essa é a forma usual. Mas existe outra forma que
acabou dando muito certo – os Adventure Paths.
Como eu disse no início de
nossa conversa, eles são muitos mais que apenas aventuras. A aventura
normalmente é o carro chefe de cada arco do Adventure Path que é desenvolvido e
distribuído ao longo de todos os volumes do arco (três ou seis partes). O pulo
do gato está em que a aventura em si é o pano de fundo para uma série de novas
informações e novidades que serão apresentadas para os jogadores e mestres.
Cada parte da aventura aponta um ambiente do cenário, seja em Golarion seja nos
Mundos do Pacto. Tendo isso como ponto de partida todo um conjunto de artigos
de apoio são criados e adicionados àquele volume do Adventure Path com duas
intenções básicas: melhor ambientar a aventura e enriquecer o cenário. Acompanhamos
à cada novo lançamento de um Adventure Path mais um pedaço do todo do cenário nos
sendo apresentado, mais um dúvida sendo sanada, mais uma localidade sendo
descoberta, mais uma raça sendo definida ou mais uma criatura sendo
disponibilizada... entre muitas outras coisas.
Foi uma jogada de mestre. Os
Adventure Paths trazem mensalmente detalhes que além de enriquecer a aventura
vigente agregam novos elementos canônicos ao cenário, o enriquecendo e
aumentando. O efeito é que não precisamos esperar o lançamento de um grosso
suplemento sobre novas raças para termos novidades para usar. Ou não precisamos
esperar até ser lançado algum livro de cenário para saber o andamento de
acontecimentos específicos da história de uma região. Regularmente novas informações
são disponibilizadas para os mestres e jogadores tendo como base a aventura que
está correndo.
Isso gera um fluxo rápido e
constante de novidades para o cenário, disponibilizando aos fãs material
inédito e jogável. Ao mesmo tempo tira a pressão de editora em ter que lançar
volumosos e trabalhosos suplementos tão regularmente. Esses suplementos ainda
são lançados e continuarão sendo lançados com algum espaçamento entre eles, mas
os Adventure Paths ocupam o espaço entre esses lançamentos dando aos fãs a
impressão (real) de constante desenvolvimento do cenário.
Como exemplo disso veremos algo
prático – o Império Estelar Azlanti, de Starfinder.
Azlanti
é um império muito peculiar. Localizado na Vastidão (fora dos Mundos do Pacto)
surpreendeu à todos quando descoberto 50 anos atrás por ter o cerne deste
império formado por humanos. A origem deste povo remonta à Golarion (cenário de
Pathfinder) quando o império Azlanti começou a fazer incursões à outros
planetas através de portais mágicos. Separados de sua terra natal por um
cataclismo, seu novo lar em Nova Thespera, valendo-se da união de magia e alta
tecnologia, floresceu, desenvolveu e tornou-se um impiedoso império dominando
com mão de ferro uma série outros sistemas. Agora ele conta com pelo menos 17
espécies alienígenas sencientes e inúmeros mundos habitados, que vão de
Thenekrale à Irdinang, além de outros mundos repletos de recursos. Sua frota
estelar é impressionante e gigantesca, composta por naves com um design
inovador e sistemas e armas poderosas e diferentes das encontradas nos Mundos
do Pacto. Se isso não fosse o bastante, suas tropas aprimoradas por gemas são
um desafio indigesto.
Tudo isso, com mais alguns
detalhes e informações, está em duas colunas do Livro Básico (páginas 465 e 497).
É apenas uma pincelada de todo um vasto império que poderíamos usar em nossas
mesas. Ora, o livro básico de Starfinder já vem com mais de quinhentas páginas.
Não podemos reclamar dele ser superficial sobre esse império já que ele tem
como primeiro objetivo delinear os Mundos do Pacto. Em outra condição teríamos
que esperar meses, quem sabe anos, para que um suplemento sobre esse império
fosse (se tivéssemos sorte) lançado. Aqui entra a beleza e importância dos
Adventure Paths.
Ao longo das aventuras dos
Adventure Paths vamos sendo apresentados para novidades do cenário tal qual
‘desbravadores’ fazendo descobertas em suas andanças e aventuras. O texto do
livro básico nos deixa com muitas noções superficiais e detalhes nos atiçando a
curiosidade sobre uma infinidade de temas. Esses detalhes e curiosidades vão
sendo respondidas pouco a pouco, sem pressa, mas com constância... e isso
graças ao Adventure Path.
Ainda usando o tema Império
Azlanti como exemplo, no Starfinder Adventure Path: Dead Suns #4 temos nosso
primeiro contato. Estamos concentrados em meio à uma jornada pela Deriva quando
nos deparamos com uma nave batedora do império Azlanti – a Fierful Simmetry -
com dois guardas Aeon especialistas em seu interior. Dentro da própria aventura
esse encontro já começa a nos fornecer informações valiosas tais como a ficha
da nave (e um belo mapa de seu interior) já referenciada no livro básico como
fora do comum, estatísticas dos perigosos soldados do império e algumas outras
informações. O próprio e complicado combate já é uma informação valiosa.
Fazemos automaticamente um inside com o que já lemos no livro básico e
começamos a montar um quadro.
Meses depois nos deparamos com
o Starfinder Adventure Path: Against the Aeon Throne, um arco de aventuras em
três livros mensais inteiramente ligados ao império Azlanti. Agora a
brincadeira começa a ficar mais séria. Em cada volume do arco, além das quase
quarenta páginas de aventura, temos outras trinta de informações valiosíssimas.
Nesse arco de três volumes nos
é detalhado a estrutura e funcionamento do Império Azlanti, suas
características e peculiaridades, os sistemas estelares que o compõe, os
equipamentos próprios do império e suas poderosas pedras Aeons. Todas as 17
raças que compões o império (e outras) rapidamente explicadas e seis dessas
raças são detalhadas com seus traços raciais o que você precisa para montar
seus próprios personagens dentro desse espectro. Temos o novo tema dos
Colonos, dezenas de tipos de personagens (cadetes, colonos, refugiados,
resistência, comerciantes, guardas, oficias) que podem se tornar uma ótima
referência para novas aventuras, muitos equipamentos diferentes (como o
detector de movimento da guarda Azlanti ou os robôs de segurança). Temos ainda
um artigo especial sobre a armada azul e dourada Stewards, um símbolo de
neutralidade e apoio aos governos dos Mundos do Pacto, com tudo o que você
precisa para ser um cadete, além de personalidades, características e
habilidades para tornar sua classe Operativo em um Stewards Infiltrator. Não
bastasse isso temos um longo e maravilhoso artigo especial detalhando a
estrutura e criação de naves espaciais das duas maiores construtoras (e
concorrentes) do império. Temos novos sistemas, novas armas, novos
compartimentos de expansão e 8 naves incríveis culminando com a gigantesca e
destruidora Sovereign Vindicator. Ainda temos, como em todos os volumes de
todos os arcos, à cada volume uma nave especial detalhada e com mapa, que será
usada ou terá participação na aventura.
A seção Alien
Archives, presente em cada edição dos Adventure Paths, nos supre com
7 novas criaturas detalhadas por edição, além das várias outras criaturas já
lançadas e referenciadas em outros suplementos que aparecem ao longo da
aventura em si. A seção Codex of Worlds,
também presente em cada edição dos Starfinder Adventure Paths, apresenta sempre
um local, planeta, satélite ou estação espacial, com detalhes - lógico que com
relação à aventura do arco, mas que poderemos utilizar em nossas próprias
aventuras. Por exemplo neste arco do Against the Aeon Throne temos: o planeta
Nakondis, com muito de sua natureza em outro capítulo especial dentro do
primeiro volume; o Outpost Zed que é uma estação espacial independente no
limite entre o império Azlanti e o Mundo dos Pactos pronta para receber
refugiados e foras da lei; e o grandioso planeta Nova Thespera, o coração do
império Azlanti.
Toda essa gama de informações é
o que você terá acesso ao acompanhar um Adventure Path, seja de Pathfinder ou
Starfinder. De forma constante e imersiva. E isso de forma alguma impacta
negativamente nos lançamentos dos suplementos normais seja de Starfinder ou de
Pathfinder. Como já dissemos, isso diminui a pressão sobre os designers e
permite que possam trabalhar em outros materiais para nós. Além disso, torna-se
muito mais interessante, financeiramente falando, um fluxo constante de um
material amplo junto de uma aventura à cada mês.
Por tudo isso fico muito feliz
em saber que pouco a pouco estamos tendo acesso à esse importante material em
português. Com o bem sucedido financiamento coletivo de Starfinder pela editora
New Order já poderemos conferir os primeiros volumes do Starfinder Adventure
Path: Dead Suns. Além disso, sabe-se que a estratégia da editora New Order é
lançar tudo o que for possível tanto de Starfinder quanto de Pathfinder 2 e os
Adventure Paths são o carro-chefe dessa entrada do sistema no Brasil!
Bom jogos!
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