O Chamado de Gathulhu entra
em financiamento
coletivo
Finalmente minha felicidade
está completa para este final de ano. Está em financiamento coletivo O Chamado de Gathulhu, pela editora
Pluma Press. Eu já falei sobre esse divertido e cativante sistema mais de uma vez na Confraria
e agora a espera acabou.
O financiamento coletivo de O
Chamado de Gathulhu vem na modalidade ‘flexível’, ou seja, não há uma meta
mínima para o projeto ser concretizado, existe apenas uma data. A versão do
livro que teremos em mãos em português será uma versão contendo dois livros – O
Gatonomicom (com todas as regras do sistema) e O Impronunciável Felinagem (com
dicas para a gateira e o gateiro [narrador] do jogo). O livro terá entre 180 a
200 páginas com entrega prevista para maio de 2020. As ilustrações estão sendo refeitas
pela artista Eliana F. Santos. E se isso tudo não fosse o bastante, na edição
em português teremos um apêndice com adaptação para Fate e Chamado de Cthulhu
7ed.
Os valores estão muito
acessíveis, começando com R$ 10 reais para o pdf da obra, passando por R$ 60
reais pela obra impressa (junto com uma cópia em pdf) e outras tantas
modalidades entre essas e acima com brindes variados, inclusive dados
customizados para o jogo. Além disso, conforme o totald e livros ou PDFs
vendidos, um certo valor será revertido para a ONG Mundo Gato e para o Hospital
do Câncer de Uberlândia.
Para quem não conhece Gathulhu
e tem curiosidade veja abaixo...
Originalmente foi lançado na
Alemanha em 2002 com o nome de “Katzulhu” (posteriormente adaptado para o
inglês como Catthulhu e lançado pela Sixtystone Press e traduzido em italiano
como Il Richiamo di Gatthulhu). A versão que tive acesso foi a italiana, tradução
de Giocco de Ruolo, pela Alephtar Games. Não é novidade para nós todo o
imaginário criado por Lovecraft centrado em Cthulhu. Este mesmo cenário já deu
origem à vários RPGs, alguns inclusive já lançados no Brasil, mas nenhum como
este. O próprio autor, na página oficial do jogo diz: “Mas ninguém nunca teria
pensado de um jogo baseado em Cthulhu com personagens gatos ... mas alguém
fez!”
Em poucas palavras o livro cria
um ambiente onde assumimos os papéis de gatos dentro de um cenário tipicamente
de Cthulhu. O jogo é baseado em 2d6 (ou dGatti, como os italianos chamam os
dados comercializados especialmente para o jogo) onde temos a mescla de valores
e carinhas felizes ou mortas do gato onde avaliamos resultado e contexto. As
jogadas de dados avaliam as ações que o personagem tem/deve realizar contra uma
definição prévia de dificuldade (fácil, médio e difícil) com sucessos a partir
do valor 4, para tarefas fáceis. Já o contexto é descrito conforme a “carinha”
do gato. Além disso, o jogo possui algumas regras básicas sensacionais para a
interpretação do ‘gato’, criando interação física entre o RPG e o jogador. Um
exemplo é a ‘Regola dell’Uno’ que obriga o jogador a manter um lápis na boca
quando o gato que interpreta carrega um objeto consigo.
Quanto ao sistema de combate os
personagens primeiro rolam contra os adversários e só depois escolhem a ação.
Isso aparentemente trás uma certa vantagem aos personagens, mas não podemos
esquecer que o jogo é letal, já que os gatos só podem sofrer 3 danos antes de
morrer
Os personagens são gatos no
sentido mais simples e claro do termo. E justamente nisso está a graça do jogo.
Os autores dizem que para que isso seja bem feito é óbvio que temos que pensar
como um gato! - “Os jogadores não podem saber como funciona uma porta ou um
computador, eles não vêem a diferença entre um pano ou um quadro de Picasso e,
acima de tudo, eles não entendem a linguagem humana. Mas eles sabem que os
seres humanos são uma grande ajuda para fazer aquilo que eles não conseguem
fazer, como abrir uma porta.”
Outra coisa interessante é que
não há valores para determinar suas características, e o real peso para a
performance estará na sua descrição de como você é como um gato, mais ágil ou
mais forte, menos pelo ou com cauda fina. As características é que determinarão
suas vantagens e desvantagens durante a ação no cenário. Mas você pode imaginar
que tudo fica muito igual, quase que nivelado. Não. A diferenciação está no
“papel” do seu gato (algo como uma classe de personagem nos sistemas usuais de
RPG) e no tipo de gato. Os papéis são lutador (mais fortes), acrobata (ágil),
salottiero (não soube como traduzir exatamente, mas é aquele que tem uma melhor
relação com os seres humanos), bípede (conseguem fazer algumas coisas sobre
duas patas, como dar a descarga) e os tigres sonhadores (gatos que vêem ‘o
além’, muitas vezes servindo como guias espirituais, mas são muito preguiçosos,
pois esse contato vem enquanto sonham). Já os tipos são gato de rua, gato de
casa e gato de exposição. Agora imaginem as combinações possíveis!
Mas como isso se junta com o
imaginário de Cthulhu? Segundo os próprios autores há simplesmente o transporte
dos mitos de Cthulhu para o nível animal. Imaginem o deus gato Gatthulhu que
odeia os humanos e que pretende destruí-los em prol da supremacia felina
sobre a Terra. Como estamos falando em mundo animal temos sim outros deuses
ligados à outros animais como cães, sapos e insetos. Os autores fazem a
ressalva de que estas novas deidades são bem trabalhadas, mas não são
diretamente comparáveis aos clássicos lovecrafitianos.
Nota: Por curiosidade o
Katzulhu apareceu na revista alemã Cthuloide Welte #1 e #2 entre 2001 e 2002,
sendo republicado em 2006 na edição de Worlds of Cthulhu #6 para acompanhar
outro livro do cenário de Cthulhu, sendo desenvolvido por Ingo Ahrens, Adam
Crossingham e Daniel Harms.
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