segunda-feira, 25 de novembro de 2019

O Chamado de Gathulhu entra em financiamento coletivo


O Chamado de Gathulhu entra
em financiamento coletivo


Finalmente minha felicidade está completa para este final de ano. Está em financiamento coletivo O Chamado de Gathulhu, pela editora Pluma Press. Eu já falei sobre esse divertido e cativante sistema mais de uma vez na Confraria e agora a espera acabou.

O financiamento coletivo de O Chamado de Gathulhu vem na modalidade ‘flexível’, ou seja, não há uma meta mínima para o projeto ser concretizado, existe apenas uma data. A versão do livro que teremos em mãos em português será uma versão contendo dois livros – O Gatonomicom (com todas as regras do sistema) e O Impronunciável Felinagem (com dicas para a gateira e o gateiro [narrador] do jogo). O livro terá entre 180 a 200 páginas com entrega prevista para maio de 2020. As ilustrações estão sendo refeitas pela artista Eliana F. Santos. E se isso tudo não fosse o bastante, na edição em português teremos um apêndice com adaptação para Fate e Chamado de Cthulhu 7ed.


Os valores estão muito acessíveis, começando com R$ 10 reais para o pdf da obra, passando por R$ 60 reais pela obra impressa (junto com uma cópia em pdf) e outras tantas modalidades entre essas e acima com brindes variados, inclusive dados customizados para o jogo. Além disso, conforme o totald e livros ou PDFs vendidos, um certo valor será revertido para a ONG Mundo Gato e para o Hospital do Câncer de Uberlândia.



Para quem não conhece Gathulhu e tem curiosidade veja abaixo...

Originalmente foi lançado na Alemanha em 2002 com o nome de “Katzulhu” (posteriormente adaptado para o inglês como Catthulhu e lançado pela Sixtystone Press e traduzido em italiano como Il Richiamo di Gatthulhu). A versão que tive acesso foi a italiana, tradução de Giocco de Ruolo, pela Alephtar Games. Não é novidade para nós todo o imaginário criado por Lovecraft centrado em Cthulhu. Este mesmo cenário já deu origem à vários RPGs, alguns inclusive já lançados no Brasil, mas nenhum como este. O próprio autor, na página oficial do jogo diz: “Mas ninguém nunca teria pensado de um jogo baseado em Cthulhu com personagens gatos ... mas alguém fez!”


Em poucas palavras o livro cria um ambiente onde assumimos os papéis de gatos dentro de um cenário tipicamente de Cthulhu. O jogo é baseado em 2d6 (ou dGatti, como os italianos chamam os dados comercializados especialmente para o jogo) onde temos a mescla de valores e carinhas felizes ou mortas do gato onde avaliamos resultado e contexto. As jogadas de dados avaliam as ações que o personagem tem/deve realizar contra uma definição prévia de dificuldade (fácil, médio e difícil) com sucessos a partir do valor 4, para tarefas fáceis. Já o contexto é descrito conforme a “carinha” do gato. Além disso, o jogo possui algumas regras básicas sensacionais para a interpretação do ‘gato’, criando interação física entre o RPG e o jogador. Um exemplo é a ‘Regola dell’Uno’ que obriga o jogador a manter um lápis na boca quando o gato que interpreta carrega um objeto consigo.

Quanto ao sistema de combate os personagens primeiro rolam contra os adversários e só depois escolhem a ação. Isso aparentemente trás uma certa vantagem aos personagens, mas não podemos esquecer que o jogo é letal, já que os gatos só podem sofrer 3 danos antes de morrer

Os personagens são gatos no sentido mais simples e claro do termo. E justamente nisso está a graça do jogo. Os autores dizem que para que isso seja bem feito é óbvio que temos que pensar como um gato! - “Os jogadores não podem saber como funciona uma porta ou um computador, eles não vêem a diferença entre um pano ou um quadro de Picasso e, acima de tudo, eles não entendem a linguagem humana. Mas eles sabem que os seres humanos são uma grande ajuda para fazer aquilo que eles não conseguem fazer, como abrir uma porta.”


Outra coisa interessante é que não há valores para determinar suas características, e o real peso para a performance estará na sua descrição de como você é como um gato, mais ágil ou mais forte, menos pelo ou com cauda fina. As características é que determinarão suas vantagens e desvantagens durante a ação no cenário. Mas você pode imaginar que tudo fica muito igual, quase que nivelado. Não. A diferenciação está no “papel” do seu gato (algo como uma classe de personagem nos sistemas usuais de RPG) e no tipo de gato. Os papéis são lutador (mais fortes), acrobata (ágil), salottiero (não soube como traduzir exatamente, mas é aquele que tem uma melhor relação com os seres humanos), bípede (conseguem fazer algumas coisas sobre duas patas, como dar a descarga) e os tigres sonhadores (gatos que vêem ‘o além’, muitas vezes servindo como guias espirituais, mas são muito preguiçosos, pois esse contato vem enquanto sonham). Já os tipos são gato de rua, gato de casa e gato de exposição. Agora imaginem as combinações possíveis!

Mas como isso se junta com o imaginário de Cthulhu? Segundo os próprios autores há simplesmente o transporte dos mitos de Cthulhu para o nível animal. Imaginem o deus gato Gatthulhu que odeia os humanos e que pretende destruí-los em prol da supremacia felina sobre a Terra. Como estamos falando em mundo animal temos sim outros deuses ligados à outros animais como cães, sapos e insetos. Os autores fazem a ressalva de que estas novas deidades são bem trabalhadas, mas não são diretamente comparáveis aos clássicos lovecrafitianos.

Nota: Por curiosidade o Katzulhu apareceu na revista alemã Cthuloide Welte #1 e #2 entre 2001 e 2002, sendo republicado em 2006 na edição de Worlds of Cthulhu #6 para acompanhar outro livro do cenário de Cthulhu, sendo desenvolvido por Ingo Ahrens, Adam Crossingham e Daniel Harms. 

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