Sprawlrunners, para Savage Worlds EA,
chegará em português - Resenha
Todos
que acompanha a Confraria sabem que tenho muitas paixões dentro do RPG e uma
delas, sem dúvida alguma, é Savage Worlds. Tive ótimas experiências em enormes
campanhas dentro do sistema e fico impressionado com sua versatilidade e
liberdade (e mortalidade). Outra grande paixão é pela cultura cyberpunk, embora
reconheça que tenho pouco conhecimento sobre ela – estou resolvendo isso.
Então
não posso negar que fiquei muito feliz e surpreso ao receber a notícia de que
será lançado no Brasil Sprawlrunner, um cenário com temática cyberpunk para
Savage Worlds: Adventure Edition, lançado pela Veiled Fury Entertainment em
2020. A notícia surgiu em uma postagem dentro do grupo do Facebook Savage Worlds
Brasil (oficial), onde anunciavam que ele estava á caminho e seria lançado pela Toca da Coruja, em parceria com a editora Retropunk (que lança SWEA no Brasil em português).
Para
antecipar a vinda de Sprawlrunner, e deixar todos informados, resolvi trazer
uma pequena resenha sobre ele.
Eu
estou conhecendo agora, de forma mais íntima Shadowrun (não me crucifiquem) e
automaticamente linkei as coisas, quando conheci Sprawlrunner. Ele é um volume
de pouco mais de setenta páginas que oferece tudo o que você precisa,
mecanicamente, para criar um personagem como o de Shadowrun, com toda a
qualidade do sistema de Savage Worlds.
Todas
as raças que esperamos ver nos cenários clássicos de RPG do estilo estão lá,
com a mecânica mais ou menos replicando o teor desses personagens em seu
cerne. Todas as tradições mágicas também estão lá, juntamente com dois tipos
diferentes de regras de netrunning (a melhor parte do cenário, no meu ver) com suas
regras intrincadas e algumas regras mais rápidas e leves que agradarão muito.
O
livro também apresenta uma maneira diferente de alocar recursos. Em vez de
acompanhar o dinheiro em si, os personagens também têm uma seleção de pontos de
recursos (algo como Pontos de Logística) que podem ser alocados para
equipamentos, com base no que é necessário para suas ações virtuais, a
quantidade máxima de equipamentos que um personagem pode ter acesso para sua
ação virtual e supõe-se que eles abandonem a maior parte depois para evitar
serem rastreados. Você começa com 10 LP e ganha mais 5 por graduação, representando
seu aumento de contatos. LP pode ser compartilhado ou agrupado e também
pode ser usado para subornar NPCs. Os personagens podem alocar esses pontos
conforme necessário para equipamentos e, após essas ações, eles recuperam os
pontos gastos, embora os jogadores certamente possam selecionar alguns
equipamentos exclusivos que seus personagens sempre podem estar equipado.
O
cerne do livro é a leveza, para claramente fazer um contraponto ao que afasta
muitos rpgistas de obras maciças e pesadas como Shadowrun. Ele é muito bem-sucedido
em apresentar o cenário sem pressão de conceitos prolixos, pontuando o que
realmente importa para os jogadores realmente conhecerem. Outra coisa que me
agradou muito é o quanto o cenário é deixado aberto para os mestres e jogadores
preencherem como melhor se agradarem disso. Um exemplo disso está nas
indicações para explicar a magia e os semi-humanos existente no cenário – algo
gigantesco, intrincado e sustentado por páginas e páginas de lore em RPGs
semelhantes. A instrução no livro simplifica tudo em poucas linhas: eles estão
apenas lá, lide com isso; ou um evento profetizado há muito tempo no qual
ninguém acreditou até que aconteceu; ou ‘tecnologia suficientemente
avançada’; ou ainda não há mágica e os semi-humanos são o resultado da
engenharia genética.
Outro
ponto interessante está na criação dos personagens cujo foco está na ênfase nas
pessoas e suas histórias. Embora possamos usar, como já dissemos anteriormente,
as mesmas raças que tantos outros sistemas/cenários cyberpunk, mas
mecanicamente SWAE. Os Pontos de Implante limitam a quantidade de cyberware que
um personagem pode ter e representam tanto o recurso gasto para obter implantes
quanto a redução de estresse, tensão ou essência que eles causam.
Se
tudo isso já não fosse suficiente, existem 8 novas desvantagens e 27 novas vantagens.
As
magia são um capítulo a parte. Existem três backgrounds arcanos
disponíveis se você decidir usar magia. Adeptos do Chi [tradução não
oficial] (artistas marciais wuxia), Magos propriamente ditos e Xamãs (com magia,
mas baseados em Espírito, não em Inteligência, e com animais espirituais – 14
para escolher). Cada um tem uma gama limitada de poderes disponíveis e, no
caso dos Adeptos do Chi, esses são novos poderes, fora das regras
básicas. A magia ritual permite que esses personagens que usem magia usem
seus poderes em um alcance muito maior. Magia em Sprawlrunners usa uma versão
modificada de No Power Points. Uma anomalia aqui é que a reação é desencadeada
por um 1 no dado de habilidade arcana, como em SW Deluxe - o SWADE mudou isso
para ativá-lo apenas em uma falha crítica.
Não
poderiam faltar as regras direcionadas para o Ciberespaço. Elas ocupam apenas
dez páginas da publicação, um quinto em comparação com obras pesadas como
Shadowrun. Aqui estão as regras para uso de cyberdecks, conceito e
entendimento de ICEs e todos os elementos usuais de um cenário cyberpunk com
sua realidade virtual. As regras de hackeamento estão presentes em duas
formas - Slow Burn (esgueirando-se detalhadamente pelos nós do sistema e lutando
contra o ICE) e Fast Lane (Tarefas Dramáticas modificadas).
Temos
também em Sprawlrunners os Jóqueis. A melhor forma de explicar isso é Veja
o carro... seja o carro. Os jóqueis usam implantes para se tornarem um
com seu veículo, o que dá ao jóquei tempos de reação mais rápidos e,
portanto, um bônus para interromper os outros em combate.
O
quer seria de um RPG se um capítulo para equipamentos, ainda mais em um cenário
cyberpunk! Nas dezessete páginas de Sprawlrunners temos muito material. Com
relação à cyberwares temos todos os clássicos juntamente com seu custo em
Implant Points: cybereyes e orelhas com várias opções, conectores de chip para
habilidades de chip ou interação com hardware, músculos extras cultivados in
vitro, lâminas embutidas e outros brinquedinhos. Existem alguns novos
tipos de armaduras, algumas armas de fogo genéricas e armas pesadas com
acessórios, uma quantidade limitada de novos equipamentos (principalmente
eletrônicos) e uma dúzia de veículos com opções de acessórios.
Sprawlrunners
é imperdível... Ele demonstra um excelente resumo da cultura cyberpunk em uma
quantidade de páginas razoáveis. Há um foco definido no que os personagens
querem e como eles conseguem, em vez de equipamentos e dinheiro, que no gênero
são meios para um fim e não um fim em si mesmos. Certíssimo.
Você
não perde por esperar a chegada de Sprawlrunners ao Brasil! Contem os dias e
ajustem suas lentes de realidade aumentada!
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