quinta-feira, 17 de março de 2022

Sprawlrunners, para Savage Worlds EA, chegará em português - Resenha

 Sprawlrunners, para Savage Worlds EA,

chegará em português - Resenha

 

Todos que acompanha a Confraria sabem que tenho muitas paixões dentro do RPG e uma delas, sem dúvida alguma, é Savage Worlds. Tive ótimas experiências em enormes campanhas dentro do sistema e fico impressionado com sua versatilidade e liberdade (e mortalidade). Outra grande paixão é pela cultura cyberpunk, embora reconheça que tenho pouco conhecimento sobre ela – estou resolvendo isso.

Então não posso negar que fiquei muito feliz e surpreso ao receber a notícia de que será lançado no Brasil Sprawlrunner, um cenário com temática cyberpunk para Savage Worlds: Adventure Edition, lançado pela Veiled Fury Entertainment em 2020. A notícia surgiu em uma postagem dentro do grupo do Facebook Savage Worlds Brasil (oficial), onde anunciavam que ele estava á caminho e seria lançado pela Toca da Coruja, em parceria com a editora Retropunk (que lança SWEA no Brasil em português).

Para antecipar a vinda de Sprawlrunner, e deixar todos informados, resolvi trazer uma pequena resenha sobre ele.

Eu estou conhecendo agora, de forma mais íntima Shadowrun (não me crucifiquem) e automaticamente linkei as coisas, quando conheci Sprawlrunner. Ele é um volume de pouco mais de setenta páginas que oferece tudo o que você precisa, mecanicamente, para criar um personagem como o de Shadowrun, com toda a qualidade do sistema de Savage Worlds.

Todas as raças que esperamos ver nos cenários clássicos de RPG do estilo estão lá, com a mecânica mais ou menos replicando o teor desses personagens em seu cerne. Todas as tradições mágicas também estão lá, juntamente com dois tipos diferentes de regras de netrunning (a melhor parte do cenário, no meu ver) com suas regras intrincadas e algumas regras mais rápidas e leves que agradarão muito.


O livro também apresenta uma maneira diferente de alocar recursos. Em vez de acompanhar o dinheiro em si, os personagens também têm uma seleção de pontos de recursos (algo como Pontos de Logística) que podem ser alocados para equipamentos, com base no que é necessário para suas ações virtuais, a quantidade máxima de equipamentos que um personagem pode ter acesso para sua ação virtual e supõe-se que eles abandonem a maior parte depois para evitar serem rastreados. Você começa com 10 LP e ganha mais 5 por graduação, representando seu aumento de contatos. LP pode ser compartilhado ou agrupado e também pode ser usado para subornar NPCs. Os personagens podem alocar esses pontos conforme necessário para equipamentos e, após essas ações, eles recuperam os pontos gastos, embora os jogadores certamente possam selecionar alguns equipamentos exclusivos que seus personagens sempre podem estar equipado.

O cerne do livro é a leveza, para claramente fazer um contraponto ao que afasta muitos rpgistas de obras maciças e pesadas como Shadowrun. Ele é muito bem-sucedido em apresentar o cenário sem pressão de conceitos prolixos, pontuando o que realmente importa para os jogadores realmente conhecerem. Outra coisa que me agradou muito é o quanto o cenário é deixado aberto para os mestres e jogadores preencherem como melhor se agradarem disso. Um exemplo disso está nas indicações para explicar a magia e os semi-humanos existente no cenário – algo gigantesco, intrincado e sustentado por páginas e páginas de lore em RPGs semelhantes. A instrução no livro simplifica tudo em poucas linhas: eles estão apenas lá, lide com isso; ou um evento profetizado há muito tempo no qual ninguém acreditou até que aconteceu; ou ‘tecnologia suficientemente avançada’; ou ainda não há mágica e os semi-humanos são o resultado da engenharia genética.

Outro ponto interessante está na criação dos personagens cujo foco está na ênfase nas pessoas e suas histórias. Embora possamos usar, como já dissemos anteriormente, as mesmas raças que tantos outros sistemas/cenários cyberpunk, mas mecanicamente SWAE. Os Pontos de Implante limitam a quantidade de cyberware que um personagem pode ter e representam tanto o recurso gasto para obter implantes quanto a redução de estresse, tensão ou essência que eles causam.

Se tudo isso já não fosse suficiente, existem 8 novas desvantagens e 27 novas vantagens.


As magia são um capítulo a parte. Existem três backgrounds arcanos disponíveis se você decidir usar magia. Adeptos do Chi [tradução não oficial] (artistas marciais wuxia), Magos propriamente ditos e Xamãs (com magia, mas baseados em Espírito, não em Inteligência, e com animais espirituais – 14 para escolher). Cada um tem uma gama limitada de poderes disponíveis e, no caso dos Adeptos do Chi, esses são novos poderes, fora das regras básicas. A magia ritual permite que esses personagens que usem magia usem seus poderes em um alcance muito maior. Magia em Sprawlrunners usa uma versão modificada de No Power Points. Uma anomalia aqui é que a reação é desencadeada por um 1 no dado de habilidade arcana, como em SW Deluxe - o SWADE mudou isso para ativá-lo apenas em uma falha crítica.

Não poderiam faltar as regras direcionadas para o Ciberespaço. Elas ocupam apenas dez páginas da publicação, um quinto em comparação com obras pesadas como Shadowrun. Aqui estão as regras para uso de cyberdecks, conceito e entendimento de ICEs e todos os elementos usuais de um cenário cyberpunk com sua realidade virtual. As regras de hackeamento estão presentes em duas formas - Slow Burn (esgueirando-se detalhadamente pelos nós do sistema e lutando contra o ICE) e Fast Lane (Tarefas Dramáticas modificadas).

Temos também em Sprawlrunners os Jóqueis. A melhor forma de explicar isso é Veja o carro... seja o carro. Os jóqueis usam implantes para se tornarem um com seu veículo, o que dá ao jóquei tempos de reação mais rápidos e, portanto, um bônus para interromper os outros em combate.

O quer seria de um RPG se um capítulo para equipamentos, ainda mais em um cenário cyberpunk! Nas dezessete páginas de Sprawlrunners temos muito material. Com relação à cyberwares temos todos os clássicos juntamente com seu custo em Implant Points: cybereyes e orelhas com várias opções, conectores de chip para habilidades de chip ou interação com hardware, músculos extras cultivados in vitro, lâminas embutidas e outros brinquedinhos. Existem alguns novos tipos de armaduras, algumas armas de fogo genéricas e armas pesadas com acessórios, uma quantidade limitada de novos equipamentos (principalmente eletrônicos) e uma dúzia de veículos com opções de acessórios.

Sprawlrunners é imperdível... Ele demonstra um excelente resumo da cultura cyberpunk em uma quantidade de páginas razoáveis. Há um foco definido no que os personagens querem e como eles conseguem, em vez de equipamentos e dinheiro, que no gênero são meios para um fim e não um fim em si mesmos. Certíssimo.

Você não perde por esperar a chegada de Sprawlrunners ao Brasil! Contem os dias e ajustem suas lentes de realidade aumentada!

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