Sete dicas de RPGs
de Super-heróis
Sempre
gostei do tema. Super-heróis é minha segunda casa. Uma casa segura onde
encontrei acolhimento em meio à uma infância muito complicada familiarmente falando.
Conforme fui crescendo e descobrindo novos gostos e hobbys, como o RPG, foi
fácil apreciar algo que unia as duas coisas – RPGs de super-heróis.
Hoje
em dia, tendo ao acesso ao mundo na ponta de nossos dedos (ou no teclado) é muito
mais fácil alcançarmos todas as opções existente para esse tema e as experimentar.
Mas com isso vem um problema. A quantidade. São centenas e centenas de títulos
centrados nessa temática... ou seja, há opções para todos os gostos
imagináveis.
Indicar
melhores ou piores dentro deste universo é muito difícil e sempre seria
contraposto por outras listas de melhores e piores. Por isso essa postagem é
para indicar alguns títulos que me chamaram a atenção, seja por amar jogá-los
ou pela forma como são apresentados. Não é uma lista do top qualquer coisa, mas
uma lista de indicações para quem desejar experimentar algo que ainda não conheça.
1. Mutantes e Malfeitores
Mutantes
& Malfeitores é um de meus RPGs preferidos e todos sabem disso então é
lógico que ele seria o primeiro dessa minha lista de dicas. Para mim o grande
ponto desse RPG é a facilidade para que possamos emular cenários dos mais
variados em níveis tecnológicos igualmente variados – de um personagem noir a
um personagem futurista, de um clássico da Marvel a um herói renascentista. Todas
as eras são possíveis aqui. Em resumo, ele é maravilhoso para adaptações.
Não
há limite do estilo de jogo que você pode desfrutar com este sistema. O
que faz M&M realmente se destacar é a forma de criação de seus
personagens. A criação dos personagens é baseada em pontos determinados
por um determinado nível. A terceira edição de M&M reduziu muito a
concepção e variedade dos poderes, mas a utilização de Extras e Falhas permite
a variabilidade perfeita para ilustrar seus desejos. Com isso e a compreensão
das regras e você tem nas mãos ilimitados personagens próprios ou adaptações de
sua mídia preferida.
O
sistema de regras é baseado em d20 facilitando para sua compreensão já que é um
sistema extremamente difundido. É o básico rolar um d20 somado à modificadores
contra uma classe de dificuldade. O grau de falha ou de sucesso lhe dirão o que
aconteceu.
A
grande variedade de suplementos proporciona muito material extra para ampliar
as possibilidades, cenários ou mesmo o uso do cenário oficial da editora.
2. MASKS: a New
Generation
Este
título foca principalmente em super-heróis jovens e justamente por isso que me
agrada tanto. Personagens jovens e inexperientes tais como Novos Mutantes,
Justiça Jovem, Novíssimos X-Men, Jovens Titãs, Fugitivos se pensarmos apenas em
equipes, entre outros, têm um charme
especial quando desejamos agregar à nossa campanha o elemento da dramaticidade
típica de pessoas se descobrindo ao amadurecerem. MASKS é tudo sobre isso.
Masks:
A New Generation é sobre ser um super-herói e dar seus primeiros passos no
mundo perigoso e desconhecido. Ele vai levar em consideração toda a inexperiência,
as dúvidas, os dilemas e a ação desenfreada de hormônios quando nosso
personagem com máscara e capa sai para patrulhar a cidade – tendo de voltar
antes das onze da noite. Ele trabalha, com a ajuda dos jogadores, com o amadurecimento
do personagem e de seus poderes e todas as coisas confusas, divertidas e
memoráveis que vêm com
isso. É a mistura de socos e raios de plasma com provas semestrais e aulas de
educação física.
O
sistema usado neste RPG é PbtA (Powered by the Apocalypse) e como tal temos à
disposição dez playbooks para escolhermos para nosso personagem, cada
apresentando uma espécie (ou conceito) de poder que terá toda a ligação com o
modo de nosso personagem agir. Cada um tem uma variedade de habilidades
especiais são vagas o suficiente para dar o jogador escolher como lhe dar tempero
e cor. Com seu teor narrativista como elemento central do sistema ele será uma
oportunidade para quem deseja algo além da mecanicidade engessada da maioria
dos sistemas.
3. Anyone Can Wear the
Mask
Este
RPG de super-heróis é bem diferente do que você pode esperar encontrar em um
RPG desse estilo. Ao invés de um mestre e vários jogadores interpretando diferentes
heróis, nós temos colaboradores participando da construção da história. Uma
pessoa interpreta o super-herói. Outro interpreta A Cidade, assumindo o papel da
população da cidade e outros heróis existente, além de descrever
lugares. Por fim, uma pessoa é o vilão.
Este
RPG muito interessante e imaginativo é para um a três jogadores com papéis bem
definidos. Em um jogo completo, cada pessoa assume um papel. Com dois
jogadores, um é o herói e o outro funciona como vilão e cidade. E você também
pode passar por ele sozinho, no modo ‘Fortress of Solitude’, onde você
assume todos os papéis e registra sua experiência à medida que a história se
desenrola. Este RPG é basicamente sobre a experiência.
Você
passará pelas “provas” usando um baralho de cartas ao invés de dados. Elas
determinam um caminho para a história e você preenche os espaços em
branco. Você tirou o Valete de Paus? O naipe de Paus representa que você
encontra um amigo que precisa de ajuda quanto pode representar as docas da
cidade, enquanto um valete representa ‘algum lugar tranquilo’. Os jogadores
descrevem o que está acontecendo à medida que as cartas surgem. Talvez o
herói esteja relaxando nas docas, quando um velho amigo pedindo ajuda para
lidar com a poluição no oceano. É um estilo de jogo libertador e significa
que ninguém precisa se comprometer em ser o GM com todas as respostas.
O
ponto central aqui é o colaboracionismo no melhor estilo The Quiet Year. É uma
experiência colaborativa em todos os pontos, com a contribuição de cada pessoa
sendo importante na história. É também um jogo de ‘com grandes poderes,
vem grande responsabilidades’. É a opção perfeita para quem gosta de
monólogos e pensa que quanto pior, melhor.
4. Mutants in the
Night
Este
é um RPG sobre marginalizados. Esqueçam as roupas coloridas e as frases de
efeito. Este RPG é sobre luta e aceitação. Em um futuro distópico uma certa
porcentagem da população humana de repente exibe poderes mutantes, levando-os a
serem confinados nas chamadas Zonas Seguras para Mutantes. Alguém precisa
trazer esperança para essas pessoas isoladas e os jogadores assumem esse papel,
como lutadores da resistência mutante que buscam criar um sentimento de
pertencimento em um mundo que se recusa a tratá-los com o respeito que
merecem.
Este
RPG se baseia no sistema Forged in the Dark (do Blades in the Dark) com a maior
parte de sua variação vindo dos “poderes” mutantes. No jogo são
apresentados os “Framing Tools”, um método para aumentar e diminuir o zoom da
ação que serão familiares ao jogador veterano de Blades in the Dark, mas
apresentados de maneira limpa, concisa e detalhada. Eles são um conjunto
de ferramentas e uma forma adequada para quem procura uma maneira de controlar
formal e propositalmente o “foco” ficcional de seu jogo.
O
texto é excelente r claro e fornece um resumo muito bom e uma abordagem passo a
passo para as regras padrão do Blades in the Dark, e vale a pena dar uma
olhada apenas para ver como apresentar de forma clara e sequencial um conjunto
de regras às vezes disperso ou desconexo.
Os
conjuntos de poder são sólidos, evitando o utilitarismo de alguns hacks de Blades
e prezando uma consistência narrativa em suas habilidades e conjunto de
poder.
5. City of Mist
Quando
joguei City of Mist a primeira vez eu cheguei achando que seria algum tipo de
jogo que simplesmente jogava em uma mesma tigela fantasia e mundo moderna com
pitadas de sobrenatural, mas foi muito mais do que isso. Tanto mais que está
nessa lista por ser uma forma adequada de representar um mundo de super-heróis.
Pode ser que não sejam personagens no formato tradicional de supers que estamos
acostumados a encontrar em nossas franquias preferidas de HQs, mas ainda assim,
são super-heróis.
Em
City of Mist temos heróis que receberam seus poderes. De quem? Aí é que está o
ponto interessante... pode ser de qualquer coisa significativa. Podem ser
pessoas, lugares, conceitos ou mesmo coisas. Esse Mythoi, como é chamado,
pode vir de lendas, folclore, obras literárias, contos religiosos e eventos do
mundo real. Pode parecer um tanto amplo, mas na verdade é muito interessante de
pensar em como montar seu personagem transformando isso em algo significativo a
ponto de tornar-se uma marca tal que lhe daria um poder.
O Mythoi
- uma dessas histórias - se liga a uma pessoa e concede habilidades
relacionadas à sua história original. Meu personagem no caso foi agraciado
pela deusa grega Hestia, deusa da família, da proteção e da chama da verdade,
fazendo com que meu personagem tivesse uma série de habilidades ligadas à encontrar
a verdade e vislumbrar o futuro.
Apesar
desses vínculos poderosos, você ainda é uma pessoa normal e deve equilibrar os
poderes crescentes com sua vida cotidiana. Aspectos do seu lado poderoso
dos Mythos e do lado mundano dos Logos evoluem ao longo do jogo. Esse equilíbrio
deve prevalecer e o personagem precisa manter-se fiel à essência que lhe
concedeu os poderes. Caso você se afaste, os poderes também podem se afastar de
você.
O
sistema se vale de um sistema de d6s para determinar o resultado das jogadas
quando você tenta fazer algo particularmente ousado ou complicado. É um RPG
bastante leve em regras e se inclina para a interpretação de mecânicas
crocantes bem determinadas.
6. Worlds in Peril
Gosta
da pegada narrativista, mas não quer os dramas adolescentes de MASKS? Então que
tal ir de Worlds in Peril. Este também é um PbtA considerado um seguimento de
MASKS, mas com adultos. Podemos dizer que ele é uma evolução (não no sentido de
qualidade, mas de reformulações) principalmente com seus playbook que permitem muito
mais flexibilidade do que os playbooks estáticos de Masks.
O
detalhe importante em Worlds in Peril está no sistema de Influence [influência],
conhecido em Worlds in Peril como Bonds. Em MASKS, se você
tem influência sobre alguém, você é importante para esta pessoal. Está
marcado em sua ficha e pode afetar suas jogadas envolvendo essa pessoa, pois é
mais provável que ela confie em sua palavra. Em Worlds in Peril, você
tem Bonds, que descrevem a força de seu relacionamento com os outros. No
entanto, para usar esses Bonds durante o jogo, você precisa queimá-los (ou
seja, gastá-los), o que afeta como essa pessoa se sente sobre você daqui para
frente. Então você está essencialmente dizendo a outra pessoa que ela não
gosta mais de você (tanto) devido às suas ações.
7. Hero Too
RPG
é e sempre será uma ponte para o debate de questões presentes em nossa
sociedade, por mais que alguns possam querem deixar isso m locais separados.
Hero Too é um desses RPGs. Ele vai ligar a temática de supers com questões de
gênero. Aqui temos uma história de super-heróis adolescentes trans. Ele é um
jogo de diário para um jogador, onde você usará instruções e conselhos para
guiar seu personagem através de sua escola super-heroica, pois eles lidam com
questões relacionadas à sua identidade trans. O mundo pode ser difícil para
pessoas trans. Para sua sorte você é um super-herói espetacular. O sistema
de regras é baseado no sistema ARMOR, de Orion D. Black.
Um comentário:
Gostei da matéria! Sou fã do gênero e alguns RPGs dessa lista eu não conhecia. Outros que recomendo são Tiny Supers (com regras minimalistas) e Supers! Revised Edition.
Postar um comentário