quarta-feira, 18 de maio de 2022

Sete dicas de RPGs de Super-heróis

  
Sete dicas de RPGs de Super-heróis

 
Sempre gostei do tema. Super-heróis é minha segunda casa. Uma casa segura onde encontrei acolhimento em meio à uma infância muito complicada familiarmente falando. Conforme fui crescendo e descobrindo novos gostos e hobbys, como o RPG, foi fácil apreciar algo que unia as duas coisas – RPGs de super-heróis.

Hoje em dia, tendo ao acesso ao mundo na ponta de nossos dedos (ou no teclado) é muito mais fácil alcançarmos todas as opções existente para esse tema e as experimentar. Mas com isso vem um problema. A quantidade. São centenas e centenas de títulos centrados nessa temática... ou seja, há opções para todos os gostos imagináveis.

Indicar melhores ou piores dentro deste universo é muito difícil e sempre seria contraposto por outras listas de melhores e piores. Por isso essa postagem é para indicar alguns títulos que me chamaram a atenção, seja por amar jogá-los ou pela forma como são apresentados. Não é uma lista do top qualquer coisa, mas uma lista de indicações para quem desejar experimentar algo que ainda não conheça.


1. Mutantes e Malfeitores


Mutantes & Malfeitores é um de meus RPGs preferidos e todos sabem disso então é lógico que ele seria o primeiro dessa minha lista de dicas. Para mim o grande ponto desse RPG é a facilidade para que possamos emular cenários dos mais variados em níveis tecnológicos igualmente variados – de um personagem noir a um personagem futurista, de um clássico da Marvel a um herói renascentista. Todas as eras são possíveis aqui. Em resumo, ele é maravilhoso para adaptações.

Não há limite do estilo de jogo que você pode desfrutar com este sistema. O que faz M&M realmente se destacar é a forma de criação de seus personagens. A criação dos personagens é baseada em pontos determinados por um determinado nível. A terceira edição de M&M reduziu muito a concepção e variedade dos poderes, mas a utilização de Extras e Falhas permite a variabilidade perfeita para ilustrar seus desejos. Com isso e a compreensão das regras e você tem nas mãos ilimitados personagens próprios ou adaptações de sua mídia preferida.

O sistema de regras é baseado em d20 facilitando para sua compreensão já que é um sistema extremamente difundido. É o básico rolar um d20 somado à modificadores contra uma classe de dificuldade. O grau de falha ou de sucesso lhe dirão o que aconteceu.

A grande variedade de suplementos proporciona muito material extra para ampliar as possibilidades, cenários ou mesmo o uso do cenário oficial da editora.


2. MASKS: a New Generation


Este título foca principalmente em super-heróis jovens e justamente por isso que me agrada tanto. Personagens jovens e inexperientes tais como Novos Mutantes, Justiça Jovem, Novíssimos X-Men, Jovens Titãs, Fugitivos se pensarmos apenas em equipes,  entre outros, têm um charme especial quando desejamos agregar à nossa campanha o elemento da dramaticidade típica de pessoas se descobrindo ao amadurecerem. MASKS é tudo sobre isso.

Masks: A New Generation é sobre ser um super-herói e dar seus primeiros passos no mundo perigoso e desconhecido. Ele vai levar em consideração toda a inexperiência, as dúvidas, os dilemas e a ação desenfreada de hormônios quando nosso personagem com máscara e capa sai para patrulhar a cidade – tendo de voltar antes das onze da noite. Ele trabalha, com a ajuda dos jogadores, com o amadurecimento do personagem e de seus poderes e todas as coisas confusas, divertidas e memoráveis ​​que vêm com isso. É a mistura de socos e raios de plasma com provas semestrais e aulas de educação física.

O sistema usado neste RPG é PbtA (Powered by the Apocalypse) e como tal temos à disposição dez playbooks para escolhermos para nosso personagem, cada apresentando uma espécie (ou conceito) de poder que terá toda a ligação com o modo de nosso personagem agir. Cada um tem uma variedade de habilidades especiais são vagas o suficiente para dar o jogador escolher como lhe dar tempero e cor. Com seu teor narrativista como elemento central do sistema ele será uma oportunidade para quem deseja algo além da mecanicidade engessada da maioria dos sistemas.


3. Anyone Can Wear the Mask


Este RPG de super-heróis é bem diferente do que você pode esperar encontrar em um RPG desse estilo. Ao invés de um mestre e vários jogadores interpretando diferentes heróis, nós temos colaboradores participando da construção da história. Uma pessoa interpreta o super-herói. Outro interpreta A Cidade, assumindo o papel da população da cidade e outros heróis existente, além de descrever lugares. Por fim, uma pessoa é o vilão.

Este RPG muito interessante e imaginativo é para um a três jogadores com papéis bem definidos. Em um jogo completo, cada pessoa assume um papel. Com dois jogadores, um é o herói e o outro funciona como vilão e cidade. E você também pode passar por ele sozinho, no modo ‘Fortress of Solitude’, onde você assume todos os papéis e registra sua experiência à medida que a história se desenrola. Este RPG é basicamente sobre a experiência.

Você passará pelas “provas” usando um baralho de cartas ao invés de dados. Elas determinam um caminho para a história e você preenche os espaços em branco. Você tirou o Valete de Paus? O naipe de Paus representa que você encontra um amigo que precisa de ajuda quanto pode representar as docas da cidade, enquanto um valete representa ‘algum lugar tranquilo’. Os jogadores descrevem o que está acontecendo à medida que as cartas surgem. Talvez o herói esteja relaxando nas docas, quando um velho amigo pedindo ajuda para lidar com a poluição no oceano. É um estilo de jogo libertador e significa que ninguém precisa se comprometer em ser o GM com todas as respostas.

O ponto central aqui é o colaboracionismo no melhor estilo The Quiet Year. É uma experiência colaborativa em todos os pontos, com a contribuição de cada pessoa sendo importante na história. É também um jogo de ‘com grandes poderes, vem grande responsabilidades’.  É a opção perfeita para quem gosta de monólogos e pensa que quanto pior, melhor.


4. Mutants in the Night


Este é um RPG sobre marginalizados. Esqueçam as roupas coloridas e as frases de efeito. Este RPG é sobre luta e aceitação. Em um futuro distópico uma certa porcentagem da população humana de repente exibe poderes mutantes, levando-os a serem confinados nas chamadas Zonas Seguras para Mutantes. Alguém precisa trazer esperança para essas pessoas isoladas e os jogadores assumem esse papel, como lutadores da resistência mutante que buscam criar um sentimento de pertencimento em um mundo que se recusa a tratá-los com o respeito que merecem. 

Este RPG se baseia no sistema Forged in the Dark (do Blades in the Dark) com a maior parte de sua variação vindo dos “poderes” mutantes. No jogo são apresentados os “Framing Tools”, um método para aumentar e diminuir o zoom da ação que serão familiares ao jogador veterano de Blades in the Dark, mas apresentados de maneira limpa, concisa e detalhada. Eles são um conjunto de ferramentas e uma forma adequada para quem procura uma maneira de controlar formal e propositalmente o “foco” ficcional de seu jogo.

O texto é excelente r claro e fornece um resumo muito bom e uma abordagem passo a passo para as regras padrão do Blades in the Dark, e vale a pena dar uma olhada apenas para ver como apresentar de forma clara e sequencial um conjunto de regras às vezes disperso ou desconexo.

Os conjuntos de poder são sólidos, evitando o utilitarismo de alguns hacks de Blades e prezando uma consistência narrativa em suas habilidades e conjunto de poder. 


5. City of Mist


Quando joguei City of Mist a primeira vez eu cheguei achando que seria algum tipo de jogo que simplesmente jogava em uma mesma tigela fantasia e mundo moderna com pitadas de sobrenatural, mas foi muito mais do que isso. Tanto mais que está nessa lista por ser uma forma adequada de representar um mundo de super-heróis. Pode ser que não sejam personagens no formato tradicional de supers que estamos acostumados a encontrar em nossas franquias preferidas de HQs, mas ainda assim, são super-heróis.

Em City of Mist temos heróis que receberam seus poderes. De quem? Aí é que está o ponto interessante... pode ser de qualquer coisa significativa. Podem ser pessoas, lugares, conceitos ou mesmo coisas. Esse Mythoi, como é chamado, pode vir de lendas, folclore, obras literárias, contos religiosos e eventos do mundo real. Pode parecer um tanto amplo, mas na verdade é muito interessante de pensar em como montar seu personagem transformando isso em algo significativo a ponto de tornar-se uma marca tal que lhe daria um poder.

O Mythoi - uma dessas histórias - se liga a uma pessoa e concede habilidades relacionadas à sua história original. Meu personagem no caso foi agraciado pela deusa grega Hestia, deusa da família, da proteção e da chama da verdade, fazendo com que meu personagem tivesse uma série de habilidades ligadas à encontrar a verdade e vislumbrar o futuro.

Apesar desses vínculos poderosos, você ainda é uma pessoa normal e deve equilibrar os poderes crescentes com sua vida cotidiana. Aspectos do seu lado poderoso dos Mythos e do lado mundano dos Logos evoluem ao longo do jogo. Esse equilíbrio deve prevalecer e o personagem precisa manter-se fiel à essência que lhe concedeu os poderes. Caso você se afaste, os poderes também podem se afastar de você.

O sistema se vale de um sistema de d6s para determinar o resultado das jogadas quando você tenta fazer algo particularmente ousado ou complicado. É um RPG bastante leve em regras e se inclina para a interpretação de mecânicas crocantes bem determinadas.


6. Worlds in Peril


Gosta da pegada narrativista, mas não quer os dramas adolescentes de MASKS? Então que tal ir de Worlds in Peril. Este também é um PbtA considerado um seguimento de MASKS, mas com adultos. Podemos dizer que ele é uma evolução (não no sentido de qualidade, mas de reformulações) principalmente com seus playbook que permitem muito mais flexibilidade do que os playbooks estáticos de Masks.

O detalhe importante em Worlds in Peril está no sistema de Influence [influência], conhecido em Worlds in Peril como Bonds. Em MASKS, se você tem influência sobre alguém, você é importante para esta pessoal. Está marcado em sua ficha e pode afetar suas jogadas envolvendo essa pessoa, pois é mais provável que ela confie em sua palavra. Em Worlds in Peril, você tem Bonds, que descrevem a força de seu relacionamento com os outros. No entanto, para usar esses Bonds durante o jogo, você precisa queimá-los (ou seja, gastá-los), o que afeta como essa pessoa se sente sobre você daqui para frente. Então você está essencialmente dizendo a outra pessoa que ela não gosta mais de você (tanto) devido às suas ações. 


7. Hero Too


RPG é e sempre será uma ponte para o debate de questões presentes em nossa sociedade, por mais que alguns possam querem deixar isso m locais separados. Hero Too é um desses RPGs. Ele vai ligar a temática de supers com questões de gênero. Aqui temos uma história de super-heróis adolescentes trans. Ele é um jogo de diário para um jogador, onde você usará instruções e conselhos para guiar seu personagem através de sua escola super-heroica, pois eles lidam com questões relacionadas à sua identidade trans. O mundo pode ser difícil para pessoas trans. Para sua sorte você é um super-herói espetacular. O sistema de regras é baseado no sistema ARMOR, de Orion D. Black.

Um comentário:

Marcelo Augusto Galvão disse...

Gostei da matéria! Sou fã do gênero e alguns RPGs dessa lista eu não conhecia. Outros que recomendo são Tiny Supers (com regras minimalistas) e Supers! Revised Edition.