Consultores
culturais terão um papel
maior em D&D
após conteúdo racista
em livro recente
Em
setembro passado a editora Wizards of the Coast pediu desculpas pela
inclusão de conteúdo racista em uma de suas campanhas (link). Na última
segunda-feira, durante uma entrevista de uma hora no canal 3 Black Halflings (link), o
produtor executivo de D&D, Kyle Brink, discutiu a situação em detalhes –
incluindo as ações que sua equipe tomará para garantir que isso nunca aconteça
novamente.
O
livro Spelljammer: Adventures in Space é uma “reinicialização” de um cenário
publicado pela primeira vez em 1989 para a então segunda edição de
D&D. Ao construir o produto de três volumes, a Wizards optou por
apresentar uma espécie de personagem ainda mais antiga para alpliar o conteúdo
do livro. Essa espécie é o hadozee, uma criatura símia introduzida pela
primeira vez em 1982. Como originalmente escrito na década de 1980, os hadozee
eram claramente uma caricatura velada de ex-escravos negros. O objetivo da
Wizards ao incluí-los foi, com toda probabilidade, uma tentativa de resgatar
essa propriedade intelectual e apresentá-la a uma nova geração de jogadores.
Mas
a tentativa foi espetacularmente falha. Pouco depois de Spelljammer:
Adventures in Space começar a circular em público, os hadozee foram
criticados por sua associação com a escravidão na ficção, bem como temas e
imagens problemáticas que, juntas, serviram para reforçar o racismo contra os
negros. O episódio gerou um pedido fomal de desculpas por parte da WotC,
uma revisão do conteúdo publicado e uma promessa de usar consultores culturais
externos daqui para frente.
Na
entrevista de segunda-feira, Brink aludiu ao fato de que houve consequências
profissionais para os envolvidos – “Isso foi um erro e foi levado muito a
sério, e algumas ações internas foram tomadas como resultado”, disse Brink.
Mas como um erro tão flagrante aconteceu em primeiro lugar? Na entrevista,
Brink deu os primeiros detalhes reais de como a situação se desenrolou no
estúdio.
Segundo
Blink, “Havia um parágrafo específico ali que realmente fazia a conexão com
as representações anteriores que realmente não pretendíamos. Uma pessoa sênior
em quem se confiava muito o escreveu, e pouquíssimos olhares o viram antes de
chegar ao rascunho final. [...] Então foram duas quebras em
processo. Primeiro, não estávamos revisando tudo e, portanto, ninguém
revisou.”
No
futuro, disse Brink, a inclusão de conteúdo ofensivo como esse “não é algo
que possa acontecer novamente”. Isso ocorre porque ‘cada palavra’
publicada para D&D desde Spelljammer: Adventures in Space é
revisada por vários consultores culturais — leitores de sensibilidade
profissional — cujo feedback é totalmente integrado ao processo de edição antes
da publicação. Esse tipo de trabalho, disse Brink, continuará a ser mais
importante à medida que a equipe da Wizards explora seu catálogo anterior para
novos lançamentos:
“D&D tem uma
longa história. Tem uma tradição longa e profunda que remonta a algumas
coisas bastante preocupantes. E então estamos em um lugar onde queremos
reconhecer e apresentar um pouco da nostalgia legal, mas também consertar as
coisas quebradas. Consertar o que estava errado nele. Nesse espaço, é
muito possível para alguém bem-intencionado fazer o que pensa ser um retorno
nostálgico que, na verdade, traz à tona com aquele gancho um grande maço de
coisas terríveis que não queríamos lá em primeiro lugar. Portanto, embora
eu possa entender como o erro foi cometido, isso não significa que o erro foi
perdoado e não significa que o erro não foi corrigido. Então, sim, nós
levamos isso muito a sério. E não é algo que possa acontecer novamente com
a estrutura atual.”
O
movimento em direção ao uso de consultores culturais não é exclusivo da Wizards
of the Coast. Muitos editores em toda a indústria de mesa, incluindo Gloomhaven e Frosthaven,
Cephalofair Games, dentro outras, agora fazem uso de leitores profissionais
semelhantes.
[Fonte:
Dicebreaker]
Nenhum comentário:
Postar um comentário