Hopefinder - Resenha
A
editora Tria está trazendo seu novo financiamento coletivo neste dia 21 de
janeiro (amanhã). Trata-se de Hopefinder, um hack para Pathfinder 2e. Em poucas
palavras, é um RPG sobre um mundo assolado por uma praga que transformou quase
toda a população em zumbis, acabando com o que chamamos de civilização, e cabe
aos poucos sobreviventes manter a humanidade ainda de pé. Ser um hack de
Pathfinder 2e significa que Hopefinder precisa das regras e compreensão das
mecânicas de P2e para que possa ser jogado. Felizmente a versão que teremos na
edição brasileira virá completa e sem necessidade de outras regras... obrigado
Tria!
Hopefinder,
como o próprio nome pode sugerir em uma primeira olhada rápida, faz alusão à
palavra em inglês Hope, que significa esperança. Este RPG está dentro de
um espectro que chamamos hopepunk, um estilo de visão de mundo onde após
a tragédia e a destruição vem a esperança. A literatura desse estilo, e tudo
dentro desse espectro, enaltece a esperança e a crença de que existem ideais
pelos quais vale a pena lutar, independentemente das dificuldades enfrentadas. Ele
é uma declaração de resistência, um convite a batalhar por aquilo que é
essencial, é a confiança na transformação e a escolha política consciente de
lutar pelo que é justo e correto. Se o nosso mundo foi destruído e encontra-se
mergulhado no caos, as pessoas, nós, podemos reconstruí-lo da melhor forma
possível, e realmente acreditam que podem fazê-lo. Este não é um jogo para nos
deixarmos levar pelo sombrio e egoista, mas pela força de manter a chama viva. O
hopepunk nos diz que devemos realmente nos importar com algo e que isso requer
força, bravura... e Hopefinder e o lugar para demonstrar isso!
Mas
isso não significa que este é um cenário paz & amor. O mundo está um caos, muitos
acabam cedendo à medidas extremas e impensáveis por nós, mas acima disso tudo,
nós sobreviveremos e não cederemos à ele.
O
financiamento de Hopefinder será composto por três livros – o Guia do
Sobrevivente (que apresenta todas as regras necessárias para criar e evoluir um
personagem); o Guia de Regras (que apresenta os conceitos e fundamentos básicos
das regras necessárias para jogar); e o Guia do Narrador (que oferece todas as
ferramentas e orientações necessárias para narrar e conduzir o jogo). Vamos nos
debruçar aqui para conhecer o Guia do Sobrevivente, gentilmente cedido pela
editora para nossa apreciação.
O Guia
do Sobrevivente é o suplemento focado nos jogadores, ou seja, os sobreviventes
desse mundo envolto em caos após a chamada A Queda. Esse livro nos ajuda a
montar nosso sobrevivente com seus atributos, suas perícias, talentos, biografia
e tudo mais. Para quem conhece as mecânicas de Pathfinder não haverá novidade
ou surpresa (mesmo com algumas particularidades referente ao tipo de cenário),
e para quem é novo no sistema notará que é muito mais simples do que parece.
Será tão simples montar um personagem aqui que toda a explicação se concentra
em apenas uma página dividida em doze itens.
Dentre
as particularidades em Hopefinder, os sobreviventes possuem nível que vai
subindo conforme nossa evolução no jogo, mas ao invés de vinte níveis possíveis
de uma aventura de P2, podemos evoluir até cinco níveis em Hopefinder. Cada nível
nos concederá um aumento constante em pontos de vida, além de alguns benefícios.
Oura diferença é que não existem classes em Hopefinder, ficando tudo muito mais
centrado na Biografia do que estamos acostumados. A inexistência de classes faz
com que os talentos de classes (algo corriqueiro e importantíssimo para a
evolução de nosso personagem em P2e) dê lugar Talentos Básicos e Talentos
Avançados (junto com os Talentos de Perícia) que podem ser adquiridos por
qualquer personagem, conforme seu desejo durante a evolução do personagem.
Outro
ponto diferente em Hopefinder é a existência do recurso Esperança. Ele representando
a perseverança de seu Sobrevivente de continuar em frente não importa o que
esteja acontecendo. Eles são um recurso gastável e recarregável que pode ser
usado pelo sobrevivente para rerrolar seus dados, para diminuir o grau de
acerto de um ataque recebido de crítico para normal ou usar quando estiver
morrendo. Esperança não deixa de ser um outro nome para os Pontos heroicos que temos
em tantos outros sistemas.
Um
ponto muito peculiar e que chamou minha atenção foi o recurso do Flashbak. Como
o próprio nome nos remete, são lembranças que os personagens têm de antes da
queda e dos primeiros tempos depois do caos começar. Ele serve para moldar um
Sobrevivente, possibilitando destravar novos talentos e habilidades que ele
mantinha ocultos até serem absolutamente necessários. Esses flashbacks ocorrem
à cada sessão e são cruciais para a construção do sobrevivente e sua evolução.
Hopefinder
me deixou muito entusiasmado por dois motivos – regras e mecânica fáceis e uma
campanha curta onde o foco está além da sobrevivência. Como o próprio Jason
Bulmahn (autor de Hopefinder) declara em uma entrevista concedida ao site
GMShoe, “O jogo é projetado para contar uma história completa em cerca de
cinco níveis de jogo, com personagens ganhando um nível a cada sessão ou duas. (...)
Ofereço alguns conselhos gerais sobre como construir várias estruturas de
histórias de terror e sobrevivência para o Narrador, mas a verdadeira joia aqui
é como capacito os Jogadores a construírem suas histórias. Em Hopefinder, você
não revela tudo sobre seu Sobrevivente imediatamente. Na verdade, você mesmo
pode nem saber toda a verdade sobre seu personagem no começo. Sua história é
explorada por meio de uma série de flashbacks narrativos, onde você, o jogador,
se torna o narrador momentaneamente.” Isso é que procuro em um RPG
pós-apocalíptico – a construção da experiência... e juntar isso com Esperança
me parece perfeito.
Não
espero um RPG pós-apocalíptico como um passeio no parque com arco-íris ao fundo.
Sei que elementos oriundos da destruição e do caos são reais e permanentes, mas
quero saber como um sobrevivente [eu] tentarei superar isso sem me render às
adversidades ou à violência.
Embora
não tenha o material final de Hopefinder em mãos tenho confiança na Tria por
tudo como eles têm feito em seus projetos até hoje – capricho e cuidado nas
produções, prazos respeitados dentro do aceitável, liberação do PDF
automaticamente após a confirmação da meta básica alcançada no financiamento e
um produto de primeira na minha prateleira. Com isso posso indicar sem medo que
engajam nesse financiamento que começa em poucas horas (LINK). Valerá à
pena.
Então,
estão prontos para sobreviver após a Queda?
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