terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Romance - Império de Sckharshantallas Cap. II
PARTE 2
O ESPADACHIM DA LÍNGUA CHAMUSCANTE
Os raios de sol já falhavam no véu azulado do crepúsculo do lado de fora da Estalagem do Magma quando eu vi Antony abrir os olhos após ter desmaiado o dia inteiro.
- o que houve?
- Nada demais, só você que caiu de uns 2 metros bateu com a cabeça no chão e chamei uma noviça do culto de Lena na cidade para te curar...
- E a princesa? – deu um pulo da cama, sentiu tontura e caiu de volta.
- Foi raptada!
- E a clériga? Cadê?
Eu o observei com seriedade, mas não pude agüentar e cai na gargalhada com ele. O espadachim elfo não tinha jeito, mesmo com a cuca quebrada continuava mulherengo...
Antony se levantou (lentamente dessa vez), colocou sua capa, ajeitou o chapéu e deu uma conferida final no espelho. O goblin Henk, caído em um sono profundo, foi acordado de súbito com um golpe da bota do senhor elfo e começou a recolher as sacolas onde estavam nossa bagagem de viagem.
- Bora trabalhar, seu energúmeno!
- Para onde iremos senhor Willians? – eu perguntei temendo a resposta.
Fez-se um tempo de silencio no qual ele permaneceu pensativo...
- Vou procurar um ferreiro e comprar um sabre novo, depois vejo na milícia se vão me contratar pra caçá-los!
- E se não quiserem?
- Ae faço por esporte e vou atrás dos malditos pra me vingar da humilhação! Sem contar a chance de uma nova boa aventura! – ele ergueu o sabre sobre a cabeça.
- Esse é o Antonywillians que eu conheço! – então ele perdeu o equilíbrio, ficou tonto e desabou no chão aonde começou a roncar – Sem duvidas... É o que conheço!
Assim que descemos do segundo andar para a taverna, que no caso estava vazia, encontramos três guardas da cidade falando com o taverneiro que parecia nervoso.
- Algum problema senhores? – Antony indagou.
Os guardas se voltaram para ele e se espantaram.
- É você que estava durante o ataque dos rebeldes? – um deles perguntou de súbito.
- Sim, sim... mas... – ele começou.
Os guardas sacaram as armas com uma agilidade incrível e realizaram um golpe que as laminas pararam ao lado de seu rosto, então apoiaram-nas em seus ombros.
- Por favor, senhor, queira nos acompanhar!
- T-tudo bem!
Dali fomos, levados por mais três guardas que esperavam do lado de fora, por toda cidade até subir a encostada montanha em direção ao castelo. Uma esplendorosa fortaleza habilmente trabalhada em lava-rubi com muitas torres e gárgulas na forma de dragões, ao aproximarmo-nos, os portões foram abertos e chegamos a um belo jardim de arbustos cristalizados, grama seca e rochas que há muito suportaram o magma da montanha. Entrando, seus grandes salões possuíam mais estatuas de lava-rubi e tapeçarias representando formas dragoninas. Os guardas nos levaram até a sala do trono aonde o rei Logus XI se encontrava observando-os. Era um homem velho, magrelo, calvo, narigudo e de olhar amedrontador que segurava um cajado feito do mesmo material que é o palácio. Antonywillians e eu nos ajoelhamos em reverencia.
- Fui avisado pela guarda que estavam no local em que ocorria o seqüestro... – a voz do homem era poderosa, e eu reparei que a orelha dele era pontuda, porém pequena, era um meio-elfo.
- Sim, majestade! – disse Antony sem encará-lo.
- Pois então vou considerá-los culpados pelo seqüestro até segunda ordem! – disse o rei.
Antony levantou-se indignado.
- Com que acusação?
- Desviar a atenção dos guardas e cumplicidade com o crime!
Eu fiquei indignado dessa vez.
- Ou será medo que você seja o culpado e Sckhar queira sua cabeça? – acho que falei demais nessa hora.
- prendam-nos! – o rei ordenou.
Antony ameaçou correr. Os guardas sacaram suas armas e correram pra cima dele (eu sai de fininho até a porta – é bom ser pequeno de vez em quando...). Antony correu pra cima deles e sacando seu...
- Aff! Cadê meu sabre???
Éh, o sabre foi quebrado ao meio lembra?
O elfo correu desarmado até eles e antes das laminas acertarem-no, se jogou ao chão surpreendendo-os e fazendo-os tropeçar em seu corpo. Então em um salto se levantou e pegou a espada de um. Três vieram por trás a tempo de eu avisar e ele se defender dos golpes. Com um sorriso, lançou uma rosa no ar que distraiu os guardas que pensaram que fosse alguma magia, quando procuraram por ele, Antonywillians havia colocado a espada no pescoço do rei, e sorria.
- Vocês descobriram! Eu sou o líder dos revoltosos e a princesa será minha! HAHAHAHAHAHAHAH! – a cena dele fingindo ser mal faria Mestre Arsenal rolar de rir – Abram espaço!
Os guardas, receosos, abriram caminho e jogaram suas armas ao chão, eu e Henk pegamos cada uma e fomos puxando. Antony veio andando com o rei preso em seus braços e com a lamina no pescoço. Descemos as escadarias, passamos pelos vários salões aonde todos gritavam e guardas rugiam sem poder fazer nada, nisso, uma gota de má intuição me atingiu...
Enfim chegamos aos jardins do palácio, e meu mal pressentimento se concretizou quando vimos cinco guardas montando cinco pseudo-dragões vermelhos que nos olhavam famintos.
- Solte-me e irá em paz para a cadeia! – disse o rei entre os dentes.
Antony bufou e o soltou.
- Certo, vocês venceram! – colocou uma rosa por entre o cabelo grisalho que cercava a cabeça calva do rei, me agarrou (tive que soltar as armas pra segurar o Henk), e começamos a correr pelo jardim desesperadamente – Corram por suas vidas!!!!!!!! – ele gritava como que se divertindo com aquilo tudo.
Os dragões vermelhos alçaram vôo ao comando de seus cavaleiros e começaram a rugir. Houve sons como que o ar sendo sugado para então vir labaredas devorando tudo em nossa direção. Corríamos como nunca, pelos jardins, passando pelas fontes, arbustos cristalizados e cercas vivas, e logo ia restando apenas a murada baixa com ameias e depois uma queda de uns 20 metros até a cidade lá embaixo, na encosta da montanha.
- Tive uma idéia! – disse Antony pegando Henk e lançando ele de sobre a murada... O coitado gritou enquanto caía.
O Senhor Willians então me segurou (entrei em desespero) e sem qualquer receio se lançou da murada........... nós caía-mos.
- Uhu! Queda livre! – incrivelmente ele estava se divertindo... Ele então mexeu na cintura, enquanto caía-mos e sua capa esvoaçava pra cima como se quisesse voltar (eu queria...).
- Ih, meu plano era diminuir a velocidade da queda com o sabre... – ele gritou pra mim.
Eh... o sabre tava quabrado lembra?
- Bom vou inventar algo! – ele disse, incrivelmente, calmo.
Eu chorava e borrava minhas vestes intimas. Os dragões desceram num rasante sobre nós.
- A gente vai morrer!!!!!!!!!!! – eu gritei no momento que um abriu a boca para soltar labaredas.
Sucção de ar e enfim as chamas crepitaram em nossa direção. Antony pegou agilmente uma rosa, amarrou uma corda que havia-mos comprado alguns dias, girou-a como uma boloadeira e a lançou. A rosa prendeu na parede da muralha do castelo e saímos do caminho das chamas. Eu já passei por vários casos em que uma simples rosa nos salvou e era inacreditável a resistência e força das rosas que Antony carregava consigo, ele me contou que é uma técnica de um clã élfico de Lenorienn, ao qual pertenceu sua família. Mas os dragões se apoximavam.
- Zoolk, vá e me encontre na cidade em frente ao templo de Sckhar! Esteja sempre observando o céu! – e ele me lançou longe deixando uma rosa no meu colarinho, quando a peguei, ela, apesar de pequena, fez meu peso e o dela ser de uma pluma, assim cheguei ao chão como que carregado por um para-quedas goblin. Ao meu lado estava Henk ferido pela queda, porém vivo: abençoada seja a resistência desses goblins.
Junto ao goblinóide corri para a cidade (felizmente ele ainda carregava duas espadas).
Antony sorriu para os dragões que rugiam. Preso ainda à parede pela rosa-arpéu deu um impulso e soltou a corda, mas antes de cair, pegou outra flor-arpéu a qual girou e lançou, prendendo-a entre as escamas de um dos pseudo-dragões. Fazendo como um cipó, se lançou sobre outro que passou do seu lado, no exato momento que um dos monstros cortou a corda com os dentes. O elfo deu um tapa no elmo do cavaleiro que perdeu o equilíbrio e caiu. Tentou controlar o monstro pelas rédeas.
- Heh! Como se controla isso?
O dragão começou a se debater e cuspir chamas acertando seus companheiros, então Antony saltou das costas deste para segurar as garras de um que passou por cima para se desviar do bafo de fogo. Eu na cidade via a luta acontecendo nos céus e nem queira saber do estado dos guardas que caíam!
Enfim Antony se soltou novamente e caindo comeu uma das Sckharluziss sem que vissem e bebeu um pouco de vinho, a reação resultou num líquido inflamável com o ar, com um sopro saiu uma pequena rajada de fogo que assustou os guardas que recearam.
- Ele é um dragão disfarçado!!!!! – gritaram na cidade e entre os guardas, eu só ria junto a Henk.
Antonywillians então lançou outra rosa-arpéu e atingiu um outro dragão o qual com um impulso subiu em suas costas em um balanço. Com um soco fez o controlador desmaiar (e sua mão inchar mais tarde), pegou as rédeas do animal. Um outro (e último) guarda desceu sobre as costas desse dragão e encarou Antony que fingiu sugar o ar como os dragões e comeu outra das frutas apimentadas lançando mais labaredas que fez arder os olhos do guarda. Com um golpe Antony o derrubou. Em maestria, finalmente controlou o monstro e alçou vôo controlado. Vôou até a murada do jardim (molhando mais ainda a boca com vinho) aonde o rei assistia, espantado, a tudo e comendo outra fruta cuspiu chamas junto ao dragão numa pose em pleno ar digna de um herói. Sua capa esvoaçava violentamente e seus olhos estavam vermelhos (um efeito após comer três Sckharluziss).
- Nós temos a esposa de Sckhar!!!!!! Nem ele pode conosco!!!!! HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Em seguida fez o dragão descer em um rasante até a cidade, aonde pousou em meio à praça, guardas fizeram menção em atacá-lo, mas recearam.
- Nem ousem me atacar! Sou Antonywillians, O Maior Espadachim Dragão de Arton!
Eu me juntei a ele e Henk também, em seguida o pseudo-dragão domesticado alçou vôo em direção às nuvens vermelhas e saímos da cidade deixando todos com cara de trouxa.
- É o Espadachim da Língua Chamuscante! – O rei sussurrou impressionado – Mandem os caçadores de dragão e uma carta ao regente! Sckhar vai amar saber da invasão de outro dragão em seu território!
Enfim os arregalados olhos do rei se estreitaram em uma idéia profana.
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Postado por
Douglas M. Almeida
às
19:43
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2 comentários:
Cara, continue assim parabéns.
Muito legal, é a segunda parte da historia e ja sinto afinidade pelos personagens :D
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