quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Resenha I - Assassin's Creed II: Um Jogo de História


ASSASSIN'S CREED II
Um Jogo de História



By Douglas "Antonywillians"



....“Laa shay’a waqi’un moutlaq bale koulon moumkine… Estas são as palavras pronunciadas por nossos ancestrais, que repousam no coração de nosso Credo… Onde outros homens cegamente seguem a verdade, lembre-se… Nada é verdade. Onde outros homens são limitados pela moralidade ou pela lei, lembre-se… tudo é permitido! Trabalhamos na escuridão, para servir à luz. Somos assassinos.

Nada é verdade, tudo é permitido.”


– Palavras do Ritual de Iniciação ao Credo da Irmandade dos Assassinos




Em finais do séc. XV um nome começa a ecoar, como boato pelos lábios incautos dos cidadãos inocentes, cartazes recém-feitos pela milícia italiana e pelas cartas secretas dos corruptos preocupados… Ezio Auditore, o Assassino que vem fazendo uma limpeza na política e burocracia, querendo alimentar sua sede de vingança com sangue dos inimigos do povo. Basicamente este é o enredo deste jogo, parte de uma série que tem feito um sucesso incrível pelo mundo, tanto por sua jogabilidade, estilo e enredo, como pela originalidade, conteúdo histórico e belo trabalho gráfico. Um cenário em que a ficção e realidade se confundem em uma nova forma de contar as histórias do passado de nosso mundo.

Este jogo eletrônico de ação-aventura em terceira pessoa foi desenvolvido pela Ubisoft Montreal e publicado pela Ubisoft, Lançado em 17 de Novembro de 2009 na América do Norte para iPhone, PlayStation 3 e Xbox 360 e no dia 9 de Março de 2010 para Microsoft Windows. Assassin’S Creed II é a continuação de uma série que começou no pé esquerdo com o infame Assassin’S Creed, o primeiro que tinha uma péssima jogabilidade, um número considerável de bugs, um enredo pobre do começo até perto do fim, quando então a trama começava a se tornar interessante, se baseando em realizar as mesmas missões, das mesmas maneiras 9 vezes seguidas, o que testou a paciência de muitos jogadores e atraiu um desgosto por muitos. Geralmente, os que se vidraram na série começaram a partir do II, pois foi uma jogada de mestre para superar a catástrofe do primeiro.

A história era narrada séculos depois dos acontecimentos do primeiro, em outras terras, com personagens que sequer apareceram no primeiro jogo – além do próprio Desmond Miles –, permitindo a história paralela poder dar continuidade de maneira consideravelmente fantástica. As missões se diversificaram, sidequests foram criadas para adquirir equipamentos e um trabalho muito melhor de gráfico e estudo foi realizado. O trauma que o primeiro causara foi superado, e a série de AC se tornou tal sucesso que hoje existem Gashapons, carteiras, estampas, relógios de bolsos, romances, HQs, curta-metragens, etc.





PESQUISAS DE MEMÓRIA GENÉTICA
DA EMPRESA ABSTERGO


Tudo começa em tempos atuais em um laboratório da mega empresa Abstergo, quando seqüestram o jovem barman Desmond Miles e começam a testar-lhe para pesquisas de memória genética, buscando ver a vida de seus ancestrais, membros de uma organização secreta que promovia assassinatos políticos para assim conseguirem encontrar artefatos de um outro mundo que haviam sido esquecidos na terra e que forneciam um poder inimaginável ao seu portador, as Peças do Éden.

O primeiro jogo irá desvendar o passado de Altaïr Ibn-La’Ahad, um sírio membro da Irmandade dos Assassinos, uma ordem secreta nas montanhas de Masyaf que se propunha desde os primórdios da história humana a eliminar os déspotas tiranos e corruptos burocratas que manipulavam a população em seus jogos políticos. Eram homens que das sombras serviam a população em prol de sua liberdade e dignidade. O assassinato de Julio César, Cleópatra, Rei Xerxes e Ghenghis Khan teriam todos sido realizados pela Irmandade que segue um Credo, as regras que nunca devem ser ignoradas… São proibidos de ferir inocentes, de revelar a Irmandade e de serem descobertos em ação.

Neste quadro Altaïr teria no primeiro jogo derrotado o líder da Irmandade, Al-Mualim, que possuíra uma das Peças do Éden e condenara vários nomes nas Guerras das Cruzadas com intenções ambiciosas. Após a morte do mesmo, Altaïr adquiriu o artefato e se tornou o novo Líder… A história do II se passa muitos séculos depois, em fins do séc. XV bem longe do Oriente Médio, agora o quadro é na Península Itálica Renascentista, na cidade de Florença. A Irmandade há muito entrou em decadência, desde que os exércitos mongóis varreram Masyaf e os templários assumiram ali seu domínio, mas ainda assim alguns poucos mantiveram o credo vivo secretamente, como Giovanni Auditore, banqueiro florentino bem sucedido e Irmão Assassino. Entre seus ofícios financeiros e de pai de família ele continuava com o propósito da limpeza política dos ancestrais na caça dos remanescentes dos Templários, agora não mais guerreiros sagrados, e sim uma ordem de homens enriquecidos pelos ancestrais que lutaram nas guerras e pretendem adquirir as Peças do Éden para subjugar o mundo completamente.

A história do II começa exatamente quando a família Auditore é traída por seus maiores aliados – pressionados pelos templários –, é presa e executada em praça pública. O único livre fora Ezio Auditore, o filho do meio, fanfarrão, irresponsável, brigão, brincalhão e sedutor. Ele assistiu a morte dos familiares, salvou a mãe e a irmã de um destino pior levando-as para bem longe da cidadela italiana, e antes que Giovanni fosse levado, ouviu a revelação de um aposento oculto que guardava o segredo maior da família. Após trajar-se com o manto branco da ordem e equipar-se, iniciou sua jornada de passos sangrentos, em prol da vingança e limpeza do nome dos Auditores… Além da trilha para se tornar o novo Líder Lendário da Irmandade, assim como vimos nos próximos jogos da série.

A VIDA DE UM ASSASSINO ITALIANO

O jogo ficou, de modo geral, mais completo e complexo do que o primeiro, devido à inclusão de novidades na jogabilidade e conteúdo, além de a mesma ter se tornado bem mais dinâmica. Você possuirá a Lâmina Oculta - assim como uma segunda -, combos com a espada, utilização de bombas de fumaça, uma pistola de pólvora, equipamentos de proteção como armaduras e até espadas. A jogabilidade nas lutas também permite desarmar o oponente e até usar a arma do próprio contra ele mesmo, a não ser que seja as de distância que Ezio não é capaz de utilizar. Aliás, passa a poder roubar nas ruas, comprar medicinas, armas e equipamentos em lojas, e dependendo de como realiza suas ações, cartazes são distribuídos pelas cidades aumentando seu nível de procurado. O único incômodo que achei é que os oponentes usam armas a distancia como bestas e arcos com flecha, enquanto você não possui equipamento de tal porte além da pistola e facas de arremesso, o que foi corrigido nos jogos posteriores da série.

Você também poderá montar cavalos como no primeiro, apesar dos mapas serem consideravelmente menores em comparação ao cenário central do primeiro que interligava as cidades, além de poder alterar a combinação de cores das roupas a seu gosto. Você não terá missões apenas de assassinato, mas também de infiltração, espionagem, exploração de masmorras em busca de tumbas de outros assassinos e até uma missão de vôo em uma máquina renascentista desenvolvida por um famoso artista da Renascença.

Talvez o que possa ser mais interessante é o estilo The Sims, se é que posso chamar assim, que foi um sucesso repetido em todos os demais jogos – que em humilde opinião, gostei da idéia, mas é bem limitado ainda neste jogo – na qual você financia a construção e melhora da cidade fortificada de Monteriggioni, base de operações da família Auditore, e dali recebe sua renda diária.

UMA VISÃO HISTÓRICA

Mais que um jogo, uma aula de História. O incrível deste jogo foi a dedicação à pesquisa, fornecendo ao jogador uma carga de conhecimento de maneira lúdica e didática. A série inteira se baseia em uma ordem que de fato existiu na história do mundo, tendo sua existência relatada em diversos documentos, como dos próprios mongóis que de fato devastaram a sociedade religiosa dos mesmos quando marcharam para as terras ocidentais cerca do séc. XII, contudo, eram originalmente uma Irmandade com dezenas de milhares de seguidores fundada por Hassan ibn Sabbah no séc. XI afim de divulgar sua nova corrente do ismaelismo no Irã, pela região de Alamut. A parte histórica forte mesmo, entretanto, está presente desde o primeiro, onde há uma incrível e bem trabalhada reconstituição dos espaços urbanos e geográficos da época: das vielas apertadas dos bairros residenciais aos mínimos detalhes das catedrais, pátios e pontes. Mais do que isso, nos lugares destacáveis há informações bem relevantes acerca dos pontos históricos que podem ser acessadas pelo botão select, assim como diante de personagens históricos como Rodrigo Bórgia ou Caterina Sforza, desta maneira, você conhece sobre os lugares e mesmo onde se localizam na dimensão das cidades… Eu mesmo me sinto quase como um guia turístico capaz de andar por Florença, Forli ou Veneza e ir apontando os locais e falando sobre eles… Literalmente é uma viagem pela Renascença.

Outro ponto que chega a ser aplaudível é a presença de personagens históricos como Leonardo Da Vinci – aqui como um simples artista excêntrico, homossexual (ou assim a polêmica o tem colocado), e que aos poucos passa a ser reconhecido por sua inteligência –, Nicolau Maquiavel, autor de O Príncipe e grande filósofo político italiano, e Lorenzo de Médici, o poderoso banqueiro da República Florentina.
Você se verá atravessando a cordilheira dos Apeninos bem reconstituída, ainda que com distância muito menor que a real, entre Florença e Veneza, e se encontrará em meio ao carnaval veneziano. O estilo também é mais puxado para o mundo underground, menos fantasia colorida… Você contrata prostitutas para distrair os guardas, ladrões para ajudarem sobre os telhados e mercenários para combates mais pesados. Tudo repleto de assassinatos e Le Parkour – talvez um dos maiores anacronismos do jogo, mas que o marcou com personalidade original. Noutras palavras: é um jogo imperdível, informativo e interessante.

OS CONTRAS

As músicas foram muito bem escolhidas, os sons bem utilizados, as dublagens são impecáveis, os personagens bem caracterizados, mas… Nem tudo é um mar de rosas. É obvio que melhoraram muito nos jogos seguintes, mas eles pecaram na animação facial dos personagens, com modelagem mal feita, algo irrelevante eu diria. O maior problema, entretanto, é que o jogo inteiro é muito fácil… Mas a nível que você mais joga para conhecer a história do que ser desafiado, o que piora isso são os combos em combate com mortes instantâneas, que se bem dominado, você mata um exército de centenas de guardas sem sofrer um dano (experiência própria, teria medo se o Ezio que eu controlo realmente existisse heheh). Ao menos, o enredo intrigante permite com que o jogo valha a pena.

A DLC

Assassin’S Creed II possui dois capítulos DLCs que não são apenas complementos adicionais, são parte da história em si, e que acaba por ser citada nos demais jogos. A primeira é A Batalha de Forlí, esta se passa em Forlí/Romagna em meio à história do próprio jogo em 1478, logo após Ezio adquirir a Maçã do Éden das mãos dos Templários, o tema é que Ezio deverá levar a Peça do Éden para que Caterina Sforza a guarde em sua cidade fortificada, infelizmente em sua chegada Ezio acompanhado de Maquiavel se depara com a cidade sitiada por Templários e os mesmos mercenários que Caterina contratou um ano antes para assassinar seu marido “ruim-de-cama.” Os mercenários irmãos Orsi capturam os filhos da mesma e ameaçam matá-los, a missão do Assassino de Florença é trespassar os portões da cidadela dominada, abrir os portões e depois perseguir os irmãos Orsi atrás dos parentes da aliada senhora da cidade. É um jogo bem rápido, com uma história interessante e que dá gancho para a segunda DLC, pois ao fim da guerra a Maçã do Éden que Ezio levou é roubada por um monge misterioso com dedo mindinho amputado. A segunda DLC de AC II é Bonfire of Vanities, onde se desenrola o momento em que Ezio Auditore procura pelo tal monge que lhe roubou a Peça do Éden, até descobrir que o mesmo era Girolamo Savonarola, um monge que usara o artefato para manipular a mente das principais personalidades de Florença para assim subjulgar toda a cidade. Essa DLC libera mais uma parte da cidade, a que fica do outro lado da Ponte Vecchio, o fato ruim é que seque o estilo do primeiro jogo da série, basicamente dentro da cidade deve caçar 9 personagens e assassiná-los, para então o fazer com o próprio Savonarola. Noutras palavras, um porre, mas necessário para compreender o resto da história.



Ficha Técnica

►Produtora: Ubisoft
►Distribuidora: Ubisoft
►Gênero: Ação-Aventura
►Jogadores: 1
►Console: PlaysStation 3;

Avaliação Técnica

►Graficos: 9
►Som: 10
►Dificuldade: 5.0
►Jogabilidade: 10



► NOTA FINAL: 8.5

Nenhum comentário: