domingo, 10 de fevereiro de 2013

Romance - LoZ: Ocarina do Tempo Cap. I



A LENDA DE ZELDA
Ocarina do Tempo

CAPÍTULO 1
O KOKIRI SEM FADA


Chovia torrencialmente. Gotas que tamanha a força pareciam pesadas como pedra. Raios rasgavam brutamente o céu de nuvens negras e densas, trovões poderosos faziam o chão enlameado tremer, a única luz que vinha do firmamento escuro eram os relâmpagos que varriam-no como se representasse a própria ira dos deuses. Em meio a esse caos estava o pequeno Link que se viu portando um escudo na mão esquerda e uma espada na outra mão frente a uma grande muralha de mármore, algo que nunca saberia nomear, pois jamais vira coisa igual na floresta em que vivia.

Sem saber o que fazer ou mesmo por que estava ali, só sabia que havia ido parar no meio de uma grande planície com aquela muralha, foi surpreendido pelo som de engrenagens, e uma ponte levadiça desceu da muralha ligando a terra ensopada em que pisava com a grande parede de pedra, separados por um fosso com água que a cercava. Assustado observou a ponte descer, surpreendendo-se quando percebeu que de lá veio o som de um galope ágil, de pronto surgiu um belo cavalo de pelagem branca, molhada pela chuva, trazendo em sua sela uma mulher adulta de cabelos grisalhos que segurava em seu colo uma menina de trajes estranhos e coloridos com jóias, de cabelos loiros e com a face bela como jamais vira, contorcida em algo similar ao pânico e desespero. Ele observou as duas sumirem rapidamente ao longe, então ouviu um relinchar eqüino atrás dele surpreendendo-o, pois não percebera som de cascos vindo, ao se virar viu um cavalo enorme de pelagem escura como as nuvens que cuspiam raios acima deles, com uma armadura medonha cheia de jóias e com um cavaleiro montado que atraía um sentimento de temor e receio. Um homem de trajes negros, cabelos espetados e ruivos, uma capa esvoaçante e amedrontadora, pele fortemente bronzeada e com olhos rubros que exalavam, com impacto, uma aura de poder imensurável, ambição insaciável e maldade infinita. As pernas de Link quase cederam ante ao olhar do cavaleiro negro, os olhos dele imbuíram seu corpo de pânico e o máximo que conseguiu fazer foi gritar por sua vida.





- AAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!! – Link acordou súbito de sobressalto, berrando por causa do sonho, em meio ao grupo de kokiris que ouviam a história que a Grande Árvore Deku lhes contava, e que ele ouvia antes de cair no sono. Todos arregalaram os olhos para ele.

O que acontecera fora um pesadelo, Link na verdade se encontrava em meio à grande clareira, com os demais membros da tribo, aonde se encontrava a Árvore Deku, uma árvore gigantesca de por volta dos 4 metros, de tronco grosso, uma casca dura e antiga. Ela possuía raízes que somente a parte para fora da terra mediam a metade de um tamanho humano ou um inteiro. Em seu tronco, talvez pela magia da floresta, era possível ser visto dois relevos baixos em forma de olhos, um alto que parecia o nariz e sob ele o tronco moldara-se em um bigode de madeira. Os demais kokiri em volta dela aparentavam as demais crianças hylians com suas orelhas grandes e pontiagudas, a diferença era que nunca cresciam, permanecendo sempre a mesma aparência infantil, trajavam túnicas verdes com gorros de mesma cor e traziam consigo uma fada guardiã. Sendo que apenas Link não possuía uma em toda a tribo. O kokiri sem fada era um menino de aparência de 7 anos, cabelos loiros que fugiam pelas bordas do gorro e com uma carinha de anjo.

Ao olhar envolta, ele se viu em meio a clareira com o resto da tribo olhando-o espantado assim como a Grande Árvore Deku, que apesar de nunca se mover e transmitir suas palavras pela mente, ele podia sentir que surpreendera-se também. Um sentimento equivoco, visto que a Árvore Deku nunca se surpreendia e sabia exatamente o porquê do berro súbito, algo que a preocupava. Link sentiu-se aliviado, era melhor pagar aquele mico do que o pesadelo fosse verdade e tivesse de encarar aqueles olhos rubros mais uma vez. Infelizmente aquele não havia sido nem o primeiro nem o último pesadelo igual que teria, e sabia disso… Ao dar-se conta de si, corou imensamente pela situação constrangedora, abaixou a cabeça e saiu correndo envergonhado pelo meio do grupo de kokiri espantados. Próximo onde estava, encontrava-se sua grande amiga Saria, a mais bela kokiri, de cabelos curtos até a nuca, além de verdes como esmeralda, e olhos azuis brilhante. Quando ela viu Link naquela situação, se levantou e correu atrás dele para tentar reconfortá-lo.

- LINK!!!!!!!!!!!

Mas o kokiri já havia se embrenhado em meio a mata, correndo pela trilha que levava até a tribo. Sem fôlego, ela parou e pegou um pouco de ar. Sua fada, que emitia uma cor com um tom verde mais claro que seus cabelos, saiu de dentro de sua gola (as meninas kokiri não usavam gorro onde as fadas dos meninos ficavam, apenas tiaras).

- Ele está atrás daquela árvore Saria! – disse a fada Lyner voando até uma árvore seguida por Saria.

Ali estava o pequeno kokiri-sem-fada aos choramingos. Com ternura ela se abaixou, sentando-se de frente a ele e esticando seu braço para a macia mão tocar-lhe os cabelos loiros como fios de ouro que escondiam seus olhos marcados com lágrimas.

- Não chore, Link! Já passou… O que aconteceu? – ela perguntou com sua voz que era doce e apaixonantemente bela.

Ele segurou o pranto, a voz de sua amiga Saria era em si o canto da floresta, era calma e harmoniosa como o balançar das folhagens ao passar da brisa, bela como o som da correnteza da água de um riacho e resistente como o tronco grosso da árvore Deku. Ele sentia-se incapaz de não parar qualquer coisa para ouvi-la.

- É que eu... sniff... Estava ouvindo a história da árvore Deku... aí... – Logo não conseguia parar de lagrimejar e antes de voltar a choramingar apenas conseguiu dizer – Veio novamente o pesadelo...

Saria já havia ouvido sobre essas histórias de pesadelos que o amigo vinha tendo frequentemente. Percebendo que o jovem kokiri não iria conseguir dizer mais que aquilo, ela pegou no bolso da saia um instrumento musical pequeno, uma ocarina feita de madeira envernizada e brilhante. Logo pôs na boca, concentrou-se e assoprou começando a entoar o instrumento. As notas saíram, logo se alteraram e em uma música transformou-se. A música não era uma qualquer. Era estranha, fantástica, mágica, uma música que a própria Saria desenvolvera anos atrás. Assim que as notas começaram a ecoar entre os troncos das belas árvores, tudo pareceu brilhar, era como se a floresta respondesse. A música seguia um ritmo alegre que criava uma harmonia com o som da floresta, como se o movimento das verdejantes folhagens impulsionadas pela brisa, o canto agradável dos pássaros, o torcer da grama ao ser pisada pela pata ou casco de um animal, o zunido dos insetos e toda vida silvestre fosse, em uníssono, como uma banda sincronizada.

A música alegre penetrava na essência de tudo trazendo uma beleza incomparável, logo o coração aflito de Link foi tomado por uma felicidade inexplicável e um sorriso sobressaiu em seu semblante. A fada de Saria começou a dançar em seu vôo, não resistindo à própria alegria que fluiu ante a alegre sinfonia. Assim que percebeu Link mais feliz, Saria parou e sorriu docemente para ele.

- Agora sim é o Link que conheço! – riu.

Link retribuiu o sorriso e abraçou-a agradecido. Colocaram-se de pé e caminharam de mãos dadas pela trilha que levava até a tribo kokiri.

- Então, Link, o que aconteceu? – ela indagou em tom preocupado, olhando-o.

Ele abaixou a cabeça e apertou a mão macia dela como se sentisse algum temor das lembranças.

- Eu venho tendo o mesmo sonho, de novo e de novo sempre que durmo, mesmo em cochilos… - ele olha para as nuvens reflexivo – Os céus estão negros como piche, chove forte, raios caem… De repente me encontro em meio a uma casa enorme, cheia de torres e feita de pedra… as vezes em uma clareira enorme que vai até o horizonte sem aparecer uma árvore…

- Hmm… Um castelo e uma planície, talvez? – Saria tentou.

Link fez uma cara de confuso, ele não conhecia nada além da tribo e a floresta, aquelas coisas eram todas novas para ele.

- Planície… castelo? O que são essas coisas? Alguma coisa nas profundezas da floresta? – Link arqueou uma sobrancelha.

Saria riu.

- Não, não! Continue…

Eles continuaram a caminhar. “Por que sonho com coisas que nunca sequer vi?”, pensou Link. Logo estavam saindo da trilha e descendo um caminho aberto. Por poucos quilômetros abria-se uma grande clareira aonde a terra descia formando um vale verde com grama baixa, brilhante e com uns dois lagos, um deles formado por uma cascata que caía do relevo alto formado do vale, de resto havia cercas, algumas áreas de grama alta e pelo menos umas 6 casas, mas não as de palha ou pedra que conhecemos, essas eram construídas no corpo de árvores gigantes, todas com o tronco cortado formando os tetos mais diferentes nos formatos. Os troncos eram tão grossos que os kokiri eram capazes de construir um grande aposento dentro com espaço suficiente para todos os demais da tribo entrar.

O sol descia para mergulhar no mar de árvores e as nuvens tornavam-se densas, algodoadas e alaranjadas. Saria parou e sentou-se em um tronco velho para apreciar a paisagem. Tudo passava um ar de pacificidade, ela suspirou junto a floresta que se preparava para dormir sob o manto da noite que se aproximava sorrateiro. Por entre os troncos já era possível ver uns globos que emanavam as mais diversas luzes, como se fossem vaga-lumes, uns pareciam até centopéias pois compunha-se de um globo grudado no outro, eram orbes de fada, um fenômeno daquela floresta mágica. Link corou aos pensamentos que lhe vieram ao perceber a beleza de Saria quando tocada pela luz avermelhada do crepúsculo. Antes que a jovem kokiri visse seu olhar, ele sentou-se na grama e deitou a cabeça em um arbusto pronto para continuar o sonho.

- Bom, depois de ver esse tal de castelo, uma porta imensa de madeira desce presa por correntes, e então surge uma menina de trajes cheios de ouro e coisas brilhantes abraçada por uma criança gigante...


- Um adulto você quer dizer? – Saria corrigiu-o olhando sob as nuvens que vagavam pacificamente nos céus, os kokiri saindo da trilha e indo para a tribo após a história da Grande Árvore Deku.

- Adulto? Crianças gigantes são adultos?

Saria riu, Link não sabia de nada fora da floresta.

- Cada coisa estranha! Enfim, depois que a menina de vestes brilhantes e a mulher adulta passam montadas em um animal de 4 patas e grande, chega um homem sobre o mesmo tipo de animal, outro adulto! Eles são negros e ele tem um olhar vermelho como sangue… não, pior… mais vermelho que isso! – Link tremeu lembrando do olhar repleto de malignidade.

- Hmm… Parece que fala que eles montavam cavalos… - Saria pegou a ocarina de madeira e tocou notas avulsas, mas belas, que eram respondidas pela floresta pela dança das folhagens.

- Montavam o que? – Link ergueu uma sobrancelha – mas por que eu sonho com coisas que eu nunca vi na vida? Saria fechou os olhos e apontou para a frente. Link seguiu com o olhar, mas não via nada além das casas-tronco da tribo, as árvores da floresta e a gruta que levava para fora da tribo, para o mundo proibido aonde nenhum kokiri pisara, pois se o fizesse, reza a lenda que pereceria.

- É como a Grande Árvore Deku, nossa protetora, nos disse, Link… - Saira pegou sua fada que deitou em sua barriga e acariciou-a - …Existe muita coisa além da floresta kokiri. Além da própria gruta! O mundo é enorme e estranho… lar de várias terras e seres…

- O “mundo”? – Link surpreendera-se – Um mundo fora da floresta kokiri?

Fez breve silêncio, um silêncio de reflexão, pensamento. Seus olhos correram por cada casa, cada jardim, até a gruta. Sua visão queria desbravá-la em busca do mundo, queria saber aonde o sol iria se pôr. Seu coração bateu forte como nunca. Seus pensamentos se dissiparam quando Saria ergueu-se do tronco de um pulo.

- Bom, vamos? – ela indagou sorrindo dando a mão a ele – Essa noite vou preparar uma cesta de frutas deliciosas! Se quiser pode aparecer lá! A Melina e a Lauranna vão!



Link caminhou com Saria pela trilha até a tribo. A cada passo sua curiosidade aumentava, ele foi realmente atingido pela idéia de um novo mundo, com coisas que nunca avistara na floresta, mas sabia no fundo que era proibido aos kokiri abandonar a floresta, e talvez fosse isso o que mais o atiçava.

Logo chegaram à casa-tronco de Saria, ela sorriu, beijou-lhe a face e passou pelo orifício tampado com uma cortina que levava para dentro do tronco grosso que chamavam de moradia. Link acenou corado em resposta à despedida dela e seguiu caminho até sua própria casa com as mãos nos bolsos da calça e cabeça baixa, pensativa, chutando algumas pedras pelo caminho.

O crepúsculo logo seria tomado pela noite, o vento frio, que prenuncia a chegada do manto negro de estrelas, balançava as copas das árvores sobre o vale e os orbes de fada aumentavam assustadoramente de número, de forma que quando Link encostava neles, simplesmente desapareciam, foi o que lembrou-lhe de sua situação: o kokiri sem fada.

- SEM FADA! – bradou alguém detrás dele.

Surpreso, virou-se para trás e viu a pessoa que mais desprezava naquela vila vindo em sua direção, com seus dois comparsas, Mido, o kokiri chefe da tribo. Ele era um garoto loiro de olhar rebelde e vaidoso, com sarnas nas bochechas e sorriso debochado. Os dois nunca se entenderam, Mido era o líder e por isso desejava atenção plena sobre si tendo um orgulho imbatível, todavia, Link era o “jovem coitado” que não tinha fada e sempre recebia maior atenção de Saria e da Grande Árvore Deku, isso o irritava profundamente. Link bufou já prevendo que iria se estressar.

- O que você quer? – resmungou rispidamente para ele.

Mido soltou um sorriso debochado e amarelo.

- Está nervosinho, Sem-Fada? Só por que nasceu sem uma quer agora ficar chamando atenção da tribo toda com gritos? Heheheh! Coitadinho do Link... ahhh… Tadinho! – fez voz de deboche e seus comparsas riram.

Link corou.

- Como se ter fada fosse grande coisa!

- Um kokiri de verdade tem uma fada! Você não é de verdade…

Link ficou vermelho de raiva.

- Você fala isso por que nunca conseguiu amizade com Saria e tem inveja da gente! – bradou.

Mido irritou-se também e sacou sua arma, um graveto Deku, que é uma parte da própria árvore Deku, com a força de um porrete de ferro. É a arma que a grande Árvore oferecia aos kokiri para proteger sua tribo. Quando Mido pegou seu graveto em um golpe para atingir o peito de Link, o kokiri sem fada puxou o próprio graveto com maestria e velocidade impressionante, girando o corpo e acertando o graveto de Mido que caiu dentro da lagoa próxima. Desarmado, Mido caiu para trás e Link apontou-lhe o graveto triunfante. O chefe kokiri segurou na grama tentando se afastar deitado com medo de levar uma gravetada. Mas Link era honesto e nunca lutaria assim. Guardou o graveto e saltou sobre Mido com um soco de direita.

- Tem fada e nem consegue empunhar um graveto como homem! – disse Link acertando-lhe o rosto.

- Hunf! Você trapaceou! – deu um pontapé no joelho de Link. - Não sou você! – tentou outro gancho, mas Mido desviou e tacou grama em seus olhos atrapalhando-o e acertando seu queixo com uma cotovelada.

Os comparsas de Mido estavam desconcertados observando a luta. Era muito comum os dois engalfinharem-se em lutas toda vez que se encontravam.


“PAREM NESTE INSTANTE!”, uma voz poderosa, grossa e resistente soou na mente deles, mas mais que isso, como se viesse da grama e próprias raízes sob a terra. Eram as palavras da Grande Árvore Deku. “PAREM AGORA OU EU MESMO IREI ENSINAR-LHES UMA LIÇÃO!”.


Abruptamente os dois pararam e ficaram de pé, ao longe podiam ver as folhagens da grande árvore que eram vistas de qualquer parte da mata. Era a maior árvore daquele reino, e pela idade adquiriu tamanho conhecimento que criou vida para cuidar do mundo. Os dois temiam represálias da sábia árvore. Logo a floresta acalmou-se novamente e a presença de Deku sumiu.

- Viu o que você fez? – Mido resmungou vendo se conseguiria alcançar o graveto dentro da lagoa, mas foi para muito fundo – Perdi um de meus gravetos e a Grande Árvore Deku ficou irritada!

- Como se fosse culpa minha… - Link resmungou de braços cruzados – Tenta ser um chefe de verdade e seja honesto ao menos uma vez na vida… O que você tem de fada te seguindo, tem de desonesto! Mido pensou partir para cima do outro kokiri novamente, mas seus comparsas, com medo de represália da àrvore, seguraram-lhe pelos braços impedindo enquanto bufava como touro raivoso. Mido se acalmou um pouco e eles o soltaram.

- Certo, se achas que é o melhor, Sem-Fada, proponho um desafio!

Link ficou sério pronto para qualquer coisa.

- O desafio é o seguinte! Nós dois iremos adentrar os Bosques Perdidos… - ao dizer esse nome os comparsas e mesmo Link tremeram -…Conta a lenda Kokiri que nas profundezas dos bosques encontra-se a Espada Kokiri, a lâmina sagrada que escolherá o kokiri mais valente da tribo e este se tornará seu líder! Aquele que adentrar, pegar a espada e retornar primeiro vence!

Todos os kokiri ali ficaram pasmos com a proposta. O Bosque Perdido era a fonte das lendas mais macabras daquela floresta. A própria Árvore Deku usava os seres que lá viviam como mal exemplo. Um bosque aonde as folhagens e galhos se fechavam não podendo ver jamais o céu, aonde viviam fadas e seres faéricos travessos, lar de monstros e assombrações. A história mais comum era a de que lá havia seres assustadores capazes de controlar o coração das pessoas de forma a nunca mais permitir que encontrassem a saída, perdendo-se pela eternidade até que a alma fosse perdida e tornassem-se esqueletos ou perdessem o rosto antes que pudessem perceber.

Link pensou em hesitar, mas então sentiu uma coragem explodir dentro dele.

- Eu aceito!

Todos os outros empalideceram, mesmo Mido (que acreditou sinceramente que Link não fosse aceitar seu blefe).

- Ahn? Err... – Mido ficou sem ação, mas não podia voltar atrás – Então é isso! Em uma hora em frente à entrada para os Bosques Perdidos, Sem-Fada!

E o chefe da tribo saiu gargalhando, junto de seus comparsas, pasmos e apavorados. Link fechou o punho, sentia temor de entrar lá, mas também sentia uma coragem enorme que não sabia de onde vinha. Seguiu até sua casa-tronco de cabeça erguida e pensante. “Vou provar meu valor!”, repetia mentalmente a si mesmo. De longe a Árvore Deku assistia a tudo usando de sua sabedoria infinita, reconhecia o perigo iminente, mas conhecia também a razão para não impedir o destino, mesmo que este fosse tão negro.



O manto da noite finalmente havia tomado os céus e as estrelas cintilavam na abobada celeste quando Link se aproximou da entrada para os Bosques Perdidos. A noite na Floresta Kokiri era belíssima, além da lua cheia brilhando, como uma rainha de cristal sobre o vale, enquanto as estrelas, suas súditas, lhe serviam para maior beleza, na floresta os orbes de fada infestavam todos os cantos em danças enigmaticamente belas sobre flores e arbustos fartos de vidas.

O jovem kokiri sem fada subiu uma trilha antiga e pouco usada que levava para acima do vale, em direção a entrada dos bosques.
Deu uma última olhada para sua tribo e respirou fundo como se quisesse que a coragem entrasse por suas narinas. Seguiu em frente com olhar firme e passos duros. Ouviu um som, como o de um graveto quebrando sob um pé incauto, mas ao olhar para trás havia nada. Deu de ombros sem se importar, mas, ainda assim, com um pé atrás.

Logo a clareira começava a sumir entre os troncos das árvores, eles iam aumentando de número a cada passo, maiores a cada um que olhava e logo a escuridão tomava a tudo restando um resíduo de visão. Nesse momento, pouco conseguia enxergar, apenas percebeu onde realmente estava quando viu uma fada emanando uma luz roxa ali perto, aonde se encontrava Mido e seus comparsas. Link enfureceu-se e foi a passos pesados em direção aos rivais.

- Ei! Mas que história é essa? Você falou que somente nós dois íamos entrar! Não falou nada que poderíamos levar parceiros! Mido virou-se para ele e soltou uma gargalhada debochada. Link percebeu que ele parecia meio nervoso pela forma que tremia e estava pálido, assim como seus comparsas que se abraçavam quase chorando de medo do lugar que estavam prestes a adentrar. Logo à frente estava a entrada para os Bosques Perdidos, um amontoado gigante de arbustos que se abriam em um orifício. Assim que tivessem atravessado para o outro lado, “volta” era a última das coisas que poderiam ter.

- AHAHAHAHAH!!! Nem falei nada sobre não poder levar! E como sabe, um chefe de uma tribo nunca anda sem seus seguidores! – disse contando vantagem.

- E um vilão nunca anda sem seus comparsas… - Link respondeu rispidamente de forma que se não fosse o medo do desafio, Mido teria saltado sobre ele para engalfinharem-se novamente.

- Fale o que quiser, Sem-Fada! Aquele que sair com a Espada Kokiri vence o desafio! Que ele comece! Apertaram as mãos com um olhar enfrentando o outro e os músculos das mãos quase se arrebentando de tão forte o aperto. Link andou a passos decididos em direção à entrada em meio ao amontoado de arbustos, aonde ali dentro ele não enxergava nada, tamanho o breu. Mido, seus comparsas e ele pegaram seus gravetos Deku e atearam fogo usando pedras que rasparam uma na outra para sair faíscas e acender os gravetos como tochas e assim adentraram o orifício entre os arbustos, mal sabiam que dois seres os observavam, um de dentro dos bosques e outro que os seguiu desde a tribo…



______ Ao ler, por favor comente ______

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom; uma iniciativa louvável, além de uma leitura muito agradável. Por favor, continue a escrever o romance.