Críticas ao vídeo do arqueiro Lars Anderson de todo lado
De
forma muito ruidosa tivemos a invasão de um vídeo do arqueiro Lars Andreson apresentando
uma perícia aparente descomunal no seu trato com a arquearia. Ele apresentava
um uso extremamente veloz do arco em um vídeo empolgante. Um eco de adoradores
de última hora surgiu e todos ficamos impressionados. Ele é rápido, com certeza,
mas os especialistas dizem que é só! O site americano Nerdist, um dos maiores
da comunidade nerd americana (e acho que mundial) foi atrás de especialistas
que acabaram por colocar por terra a maior parte do que se achava sobre Lars.
Com
o título de “Did that danish Archer fool the Whole internet?” Kyle Hill buscou
a análise de Jim MacQuarrie, do site Geekdad. Anderson é realmente rápido (se
velocidade for um objetivo) sendo capaz de disparar muitas flechas em um ritmo
muito rápido. Mas ele diz que a edição do vídeo nos engana ao não termos a real
noção da quantidade de tentativas e falhas do arqueiro. Além disso, a quase
totalidade das tentativas são de uma distância muito curta, inferindo que
qualquer coisa à mais de vinte metros não seria tão fácil de se acertar quanto parece.
A
narração é “incrivelmente imprecisa, enganosa e hiperbólica escrita por alguém
com pouco ou nenhum conhecimento real da história do arco e flecha”. No texto
MacQuarrie desmonta os elementos narrativos do vídeo. Um dos exemplos é sobre a
suposta técnica esquecida dos índios nativos americanos Yahi que não é tão
esquecida assim e ainda é praticada. Outro ponto da narração que o autor refuta
é quando é dito que atirar em um alvo fixo era “algo que era desconhecido no
passado”, o que seria um absurdo completo com os exemplos que ele demonstra. Se
pensarmos em caça, por exemplo, ela estaria em movimento e se fosse uma lebre,
mais rápida ainda. Mas em combates campais o movimento de tropas à pé era quase
desconsiderado. Já o das tropas à cavalo eram rápidos sim, mas com uma bela área
para acertar as flechas.
Outra
informação que ele refuta são sobre a posição da flecha do lado esquerdo do arco,
que seria um a imposição da forma de olhar para um alvo estacionário, já que o
arqueiro faria a mira com o olho, enquanto aponta a flecha. Errado. Na verdade a
posição da flecha do lado esquerdo do arco é uma quase imposição do chamado
paradoxo do arqueiro (que eu comentei dias atrás na postagem sobre Arquearia).
Mais
adiante, depois de muitas outras considerações, MacQuarrie comenta sobre a
errada informação histórica da evolução da forma de se segurar as flechas e dos
absurdos ditos por Lars sobre como as flechas caíam quando o arqueiro corria ou
pulava. Historicamente, seja pela iconografia, seja por relatos, sabemos que
essa era a regra tanto na Europa quanto no Oriente próximo e extremo. O ato de
segurar várias flechas na mão para acelerar a velocidade dos disparos era
muito mais raro do que se imaginava.
Mas
um dos erros mais graves é com a postura de Lars. Na narração é dito que “arqueiros
modernos usam apenas uma mão, mas, no passado, alguns arqueiros supostamente
usavam as duas mãos para dar à flecha mais poder”. Isso é um erro primário de
técnica de uso do arco. A forma correta de uso do arco, não importa se curto ou
longo, é aplicar a força da puxada nas costas e ombros, fazendo o movimento com
o cotovelo elevado acima da linha do ombro.
Muitas
outras informações técnicas são apresentadas ali, muitas das quais eu não tenho
conhecimento para confirmar, mas sabe-se que muitos especialistas e
historiadores ligados à militaria antiga e medieval ficaram estarrecidos com as
informações e práticas apresentadas ali. Falando como historiador, fica um
alerta para que as informações adquiridas via internet, principalmente de
fontes não especializadas, sejam analisadas e pesquisadas. Falando como rpgísta,
esse vídeo pode ser muito interessante como fonte criativa para nossas
aventuras e estórias, mas só. Rpgístas têm a incômoda mania de criar e
sustentar dogmas e mitos por seres simplesmente “rpgístas”.
Fontes:
Fontes:
5 comentários:
Hum... ok... o vídeo tem mesmo muitos erros em relação à história e a prática da arqueria. Ele é tendencioso e propagandistico. Mas... os críticos também são. O problema é que hoje, na arqueria, se você não segue a técnica e o modelo olímpico coreano você está fazendo errado. E, enquanto isso, muitas técnicas tradicionais "erradas" são praticadas com bastante eficácia. Técnicas de tiro rápido são para curtas distâncias. E veja a técnica mongol onde a flecha fica do lado direito do arco para um arqueiro destro... onde está a exigência do paradox do arqueiro agora hein???... Tudo isso é muito mimimi... o que importa mesmo é por a flecha no alvo... =)
Obrigado por ler a postagem Pan Veritrax....
Bom, não concordo contigo... As queixas quanto ao vídeo são muitas.... vamos ver só algumas aqui pois pretendo outra postagem mais aprofundada e com entrevistas, se der tudo certo e eu tiver tempo....
Em primeiro os dados históricos errados, não posso afirmar se manipulados ou simplesmente omitidos, mas errados.... Em segundo, quanto à técnica, não estão reclamando quanto à sua técnica em comparação à arquearia olímpica moderna, mas quanto à arquearia antiga ou como um todo, que ELE simula fazer...
Não fui contrário à visão de que a técnica de tiro rápido seja para curta distância...isso é bem óbvio, mas ele generaliza para todas as distâncias (ou omite em alguns momentos)...
Quanto ao paradoxo do arqueiro é uma questão de LÓGICA e de física básica... se o disparo for à curta distância a influência do paradoxo é muito menor, mas mesmo assim influencia a precisão sim e sem mimimi (além de que arqueiros mongóis não estão entre os historicamente mais habilidosos)...
Se para ti, como disseste, o que importa mesmo é por a flecha no alvo, deveria dar um pouco mais de atenção à esse "mimimi" e analisar um pouco mais profundamente! Muitos textos técnicos foram lançados (com e sem vídeo) para elucidar o caso....
Fico impressionado como as críticas são simplificadas em "mimimi", ou "inveja", ou tantas outras coisas sem cabimento...
Como já disse em vários fóruns e debates em alguns grupos (e não quer dizer que porque eu falei esteja 100% certo), mas produzir um vídeo (ou qualquer outra coisa) e publicá-lo te coloca numa posição de ser analisado e criticado (positiva ou negativamente).... Em segundo... ele ser rápido e habilidoso não o transforma em um ás da arquearia, tampouco o transforma em uma fraude por causa desses erros. Mas seu vídeo com erros pode (e deve) deixá-lo na mira de críticas....
Obrigadão mais uma vez.... se quiser podemos bater mais papo pelo Face!!!
Abração!
Se for para descrever Lars, eu diria que ele é apenas um arqueiro de circo, a habilidade dele é impressionante, mas é só isso. O arco que ele usa possibilita atirar flechas em tempo recorde mas só conseguem perfurar isopor, espuma e balões.
Hahahaha =D... boa =D... o Lars, o Byron, o Hill e outros arqueiros desse tipo parecem mesmo artistas de circo por todo sensacionalismo ao redor deles... =)
Mas ainda acho esses caras fodas... =)
Acho que meu comentário foi mau compreendido e até um pouco distorcido... mas... ok... =)
Gostei do artigo. Resumiu o que os especialistas andam dizendo. Bem bacana... =)
Não to defendendo o Lars. E nem os críticos. Existem erros nos argumentos de ambos. Até no comentário ai em cima. Mas tudo bem... é cada um defendendo seu ponto de vista... =)
Mas a critica a um erro histórico ou técnico que usa como argumento outro erro histórico ou técnico não merece, da minha parte, muito crédito. Pra mim, como observador externo, parece sim puro mimimi... hahahaha... =D
Então, ao meu ver, os especialistas poderiam ter feito melhor... =D
E veja... o vídeo do Lars é tendencioso e propagandístico. Sim. Tipo aquele do Byron com o Stan Lee. E tantos outros desse tipo. Existe alguma verdade ali e o cara tem o mérito dele. Mas tem gente que leva isso tudo a sério demais... =D
Mimimi de povo estressado... =D
Opa....gostei da comparação com o circo, Eduardo...
Pan Veritrax, que erros cometi no comentário... sem stress, não quero parecer impertinente, mas se cometi algum gostaria de desfazer o mal-entendido e arrumá-lo ou contra-argumentar!
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