terça-feira, 25 de agosto de 2015

Seriados na Confraria: Resenha de Fear the Walking Dead


Seriados na Confraria
Resenha de Fear the Walking Dead
[com spoilers]

Depois de muita espera tivemos a apresentação do piloto do spin-off de The Walking Dead. O seriado é tudo o que eu esperava, o que para alguns pode ser ruim ou não. Com um sucesso avassalador no universo dos seriados e trazendo à tona os zumbis como os novos queridinhos dentre os monstros de nossas mídias, The Walking Dead com uma proposta contraditória. O seriado era um seriado de terror sobre a vida em um mundo pós-apocalíptico onde os zumbis haviam exterminado quase que toda a população do planeta. Mas, paradoxalmente, os protagonistas do horror em si não eram esses monstros, mas os humanos.

Todo o sucesso do primeiro seriado veio ancorado nas relações pessoais e seus dramas em um mundo beirando a extinção. Os protagonistas, ainda antes dos humanos e suas relações, são seus sentimentos e modo de agir frente à pressão extrema e constante.

Dentro disso, podemos dizer que Fear the Walking Dead apresentou em seu piloto o mesmo enfoque. Os protagonistas são uma típica família de classe média americana da costa oeste, com seus típicos esteriótipos – empregos estáveis, casamentos desfeitos e famílias refeitas em novas relações, adolescentes em crises existenciais e drogas. Em meio à tudo isso explodirá o horror.


O primeiro ponto que vou salientar é que a produção do seriado não está preocupada em criar algo novo novamente, como quando criou TWD. Eles aparentemente mantiveram a mesma fórmula vencedora do seriado de origem com o foco nas relações pessoais. Sei que ainda é cedo para um veredito final sobre isso, visto que assistimos apenas ao piloto, mas não parece que teremos outro foco, pelo menos por enquanto. E não vou dizer que isso me incomoda, pois gosto mui to dessa visão, onde o ser humano e sua relação esta acima da simples ação e fuga de zumbis. A disfuncionalidade aparente de uma família formada de pedaços de duas outras dá o tom do piloto. Madison (Kim Dickens) possui dois filhos de um primeiro relacionamento Nick (Frank Dilane), típico drogado, e Alicia (Alycia Debnam-Carey), esteriótipo da nerd certinha mas revoltada. Ela está em um relacionamento sério mas recente com Travis (Cliff Curtis), também divorciado e com um filho (que mora com mãe). Ambos professores, dividem seu tempo entre as atividades profissionais e a complicada relação familiar. Neste ambiente é que tudo acontecerá.

O segundo ponto, e que muito me agrada em FWD, é que o começo de tudo, pelo menos como vimos até agora, não se preocupará com explicações de origem. Em nenhum momento fala-se sobre como tudo começou. Algumas menções sobre uma virose, como de uma gripe, atacando muitas pessoas surge de forma recorrente em diálogos paralelos ou mesmo dos protagonistas. Mas nada é falado além disso. Não se desenvolveram comentários sobre outros lugares do país ou do mundo, nem coisas mais específicas. Tudo começa de forma gradual, incrédula e lenta. Um incidente, um vídeo vazado na internet, o som constante de helicópteros e sirenes em quase todas as cenas e pequenos comentários entre eles. Isso torna tudo ainda mais real e palpável, demonstrando que a aparente intenção dos produtores e mostrar tudo pelos olhos da pessoa comum e assustada, assim como foram as duas primeiras temporadas de TWD.

O ritmo do seriado não é avassalador como das últimas temporadas de TWD. Ele começa lento e cadenciado, no mesmo ritmo dos acontecimentos, mas para aqueles que já estão acostumados, não é nada que desanime em demasia. Eu particularmente prefiro algo que vá pouco à pouco criando um ambiente de tensão até o culminar do final do episódio. Para nós, como para os protagonistas, as coisas são tomando forma, como se nosso cérebro fosse se acostumando à algo que já percebemos, mas que não queremos acreditar.

Quanto às atuações pudemos ver pouco até agora, mas com certeza a atuação de Frank Dilane, o filho drogado, me agradou muito. Ele foi o foco do piloto e ele conseguiu demonstrar muito bem a confusão mental de um viciado frente à acontecimentos que ele não sabe se são reais ou pura alucinação. Do resto do elenco, precisamos de mais episódios para verificar a qualidade e abrangência.

Eu gostei muito do primeiro episódio de Fear the Walking Dead e acho que ele facilmente cairá no gosto do público, mesmo que agora esteja um pouco mais distante do dinamismo das últimas temporadas de TWD.

Nota: 8 de 10

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