sábado, 27 de maio de 2017

Veridiana - um jogo de contar histórias dolorosamente belo

Veridiana
- um jogo de contar histórias
dolorosamente belo -


Sabem quando olhamos algo e a primeira coisa na qual pensamos é: “puxa, como eu gostaria de ter tido esta ideia!”. Foi exatamente isso que pensei logo que terminei de ler Veridiana, novo jogo narrativo de Alan Silva, pela Inseto. Confesso que logo que abri o arquivo imagina qualquer coisa de qualidade, já que conheço o talento do Alan. Mas eu realmente não estava preparado para a experiência que teria.

Veridiana é um livro de contar histórias de forma cooperativa na mais bela das acepções. Ele inicia já com a pesada premissa de que os personagens estão doentes e têm poucos dias de vida, e por isso mesmo estão iniciando sua jornada para um lugar chamado Veridiana. Está é sua última chance de encontrarem uma cura e poderem retornar à sua casa. E nesse percurso de seis dias é que toda a história se desenrolará.

A jornada para Veridiana não é apenas uma jornada física, mas principalmente intimista, instigando cada personagem à olhar para dentro e procurar respostas para seus últimos momentos ao lado de outros que dividem o mesmo mórbido destino que você.


Cada uma das seis etapas (o número de dias de jornada até Veridiana) representa a proximidade com o fim – um sono profundo (para não dizer morte) - e as jogadas de dados realizadas à cada dia servem para demonstrar se nossa jornada será abreviada ou se ainda poderemos ter a esperança de mais um dia. À cada dia também uma pergunta é feita para os personagens, perguntas cujo tema vão da dor à esperança, criando aqui a história da jornada, mas mais do que isso, uma história de autoconhecimento frente à um fim eminente. A mescla perfeita entre o belo e o cru.

Quando se fala que Veridiana é um jogo de contar histórias, não imagine que seja um jogo de RPG em nenhum dos padrões usuais. Ele está mais para Pulse do que qualquer outra coisa. Em sua singeleza tocante, se levado de forma série, proporcionará histórias que irão além da visão restrita dos personagens, e poderão mostrar traços daqueles que estão por detrás das fichas. Veridiana é um jogo que nos deixará nus de uma forma impressionante. E de forma alguma isso será menos divertido. Tudo isso é conseguido em apenas vinte e poucas páginas.

Ao mesmo tempo, sua forma criativa, instigante e simples serve para que qualquer um possa participar sem preocupações prévias típicas de outros jogos do gênero, podendo inclusive ser usado de forma pedagógica (se bem aplicado e conduzido).

O jogo necessita apenas de alguns dados de 6 faces, cópias das fichas, muita imaginação e alma aberta. Ele está com seu pdf gratuito no site da Inseto Vermelho (AQUI) e logo entrará em pré-venda para sua versão física. As belas ilustrações são de Bruno Prosaiko.


Como eu disse... “como eu gostaria de ter pensado nisso!”

Um comentário:

F. P. Andrade disse...

Também amei o trabalho, espero poder narra-lo e com certeza compro. O RPG nacional está cada vez mais me surpreendendo e me fazendo virar as costas para os caríssimos importados.