Veridiana
- um jogo de contar histórias
dolorosamente belo -
Sabem
quando olhamos algo e a primeira coisa na qual pensamos é: “puxa, como eu
gostaria de ter tido esta ideia!”. Foi exatamente isso que pensei logo que
terminei de ler Veridiana, novo jogo narrativo de Alan Silva, pela Inseto.
Confesso que logo que abri o arquivo imagina qualquer coisa de qualidade, já
que conheço o talento do Alan. Mas eu realmente não estava preparado para a
experiência que teria.
Veridiana
é um livro de contar histórias de forma cooperativa na mais bela das acepções. Ele
inicia já com a pesada premissa de que os personagens estão doentes e têm
poucos dias de vida, e por isso mesmo estão iniciando sua jornada para um lugar
chamado Veridiana. Está é sua última chance de encontrarem uma cura e poderem
retornar à sua casa. E nesse percurso de seis dias é que toda a história se
desenrolará.
A
jornada para Veridiana não é apenas uma jornada física, mas principalmente
intimista, instigando cada personagem à olhar para dentro e procurar respostas
para seus últimos momentos ao lado de outros que dividem o mesmo mórbido destino
que você.
Cada
uma das seis etapas (o número de dias de jornada até Veridiana) representa a
proximidade com o fim – um sono profundo (para não dizer morte) - e as jogadas
de dados realizadas à cada dia servem para demonstrar se nossa jornada será
abreviada ou se ainda poderemos ter a esperança de mais um dia. À cada dia
também uma pergunta é feita para os personagens, perguntas cujo tema vão da dor
à esperança, criando aqui a história da jornada, mas mais do que isso, uma
história de autoconhecimento frente à um fim eminente. A mescla perfeita entre
o belo e o cru.
Quando
se fala que Veridiana é um jogo de contar
histórias, não imagine que seja um jogo de RPG em nenhum dos padrões usuais.
Ele está mais para Pulse do que qualquer outra coisa. Em sua singeleza tocante,
se levado de forma série, proporcionará histórias que irão além da visão restrita
dos personagens, e poderão mostrar traços daqueles que estão por detrás das
fichas. Veridiana é um jogo que nos deixará nus de uma forma impressionante. E
de forma alguma isso será menos divertido. Tudo isso é conseguido em apenas vinte e poucas páginas.
Ao
mesmo tempo, sua forma criativa, instigante e simples serve para que qualquer
um possa participar sem preocupações prévias típicas de outros jogos do gênero,
podendo inclusive ser usado de forma pedagógica (se bem aplicado e conduzido).
O
jogo necessita apenas de alguns dados de 6 faces, cópias das fichas, muita
imaginação e alma aberta. Ele está com seu pdf gratuito no site da Inseto Vermelho (AQUI) e logo entrará
em pré-venda para sua versão física. As belas ilustrações são de Bruno Prosaiko.
Como
eu disse... “como eu gostaria de ter pensado nisso!”
Um comentário:
Também amei o trabalho, espero poder narra-lo e com certeza compro. O RPG nacional está cada vez mais me surpreendendo e me fazendo virar as costas para os caríssimos importados.
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