Célula Selvagem –
Testamento da Terra
RPG brasileiro de
ecoapocalipse
Embora muitos não acreditem, o Brasil é um país efervescente em ideias para RPG. À cada dia temos novidades chegando, sejam cenários, sistemas, mecânicas ou revistas, tudo dedicado à este hobby incrível. E aqui temos mais um ótimo exemplo disso – Célula Selvagem – Testamento da Terra.
Este
é um RPG cem por cento nacional que está sendo lançado pela Pahca Games, do
Mato Grosso, com uma proposta maravilhosa – um cenário de ecoapocalipse todo
centrado no Brasil! Eu realmente achei demais. Mas não vou dar muita informação
aqui, pois o release da editora (logo abaixo) esclarece tudo o que vocês vão
querer saber. Ele será lançado digitalmente no dia 28 de maio, começando com
uma pré-venda da versão digital e posteriormente o físico lançado através de um
financiamento coletivo. Um evento digital via twitch dará o pontapé inicial ao
projeto (link no release).
Agora,
vamos nos deliciar com o release dessa obra que torço muito que caia no gosto
de todos!
No
RPG Célula Selvagem, tecnologia de
controle do clima gera ecoapocalipse
Jogadores
assumem papel de sobreviventes em cidade que se transformou em uma ruína
selvagem dominada por três biomas: Cerrado, Pantanal e Amazônia
Em
um futuro (distópico?) em que as atividades humanas aceleraram o aquecimento
global, intensificando seus efeitos colaterais, como mudanças nos regimes das
chuvas e períodos de seca mais longos e severos, surge uma tecnologia com
capacidade de controlar o clima.
Essa
é a premissa de Célula Selvagem – Testamento da Terra, um RPG de mesa
desenvolvido pela Pahca Games, em que jogadores assumem o papel de
sobreviventes em um ecoapocalipse desencadeado por S.A.R.A.H (Ser Artificial
Restrito ao Aprendizado Humano).
Nesse
universo fictício, Mato Grosso é o maior produtor de alimentos do mundo e para
manter-se no topo, é o primeiro a investir na tecnologia Célula Selvagem, para
gerenciar ciclos climáticos ao seu bel prazer.
Mas
algo sai do controle e a natureza passa a imperar transformando a capital do
Estado, Cuiabá, em uma ruína selvagem com paisagens desertificadas, planícies
alagadas e florestas densas habitadas por animais geneticamente modificados,
dotados de força e inteligência incomuns. É nesse ambiente que seres humanos
tentam sobreviver – quantos dias conseguirem -, sob a vigília constante de
S.A.R.A.H.
A
história original foi concebida pela mente criativa do escritor e fã de RPG,
Caio Ribeiro, que orquestrou toda equipe junto a seu parceiro criativo e outro
entusiasta de RPG, Pahblo Smorcinski. Este assumiu a gerência de programação do
jogo.
O
livro Célula Selvagem: Testamento da Terra – que estará disponível para
download já no lançamento, traz todos os manuais e regras, a história do jogo e
a campanha inicial. O projeto conta ainda com um aplicativo de gerenciamento de
fichas para tornar a criação de personagens e atualização de dados mais eficaz.
O app roda em celular e computador.
A
história que desencadeou no ecoapocalipse é contada a partir de fragmentos de
jornais diários e relatórios reunidos por Marcus Madureira no chamado
Testamento da Terra, um personagem da trama que o criou para que as gerações
futuras soubessem como tudo começou. Foi o artista visual e designer Maurício
Mota que trabalhou nisso, criando os layouts dos arquivos e logomarcas
exclusivos.
Para
pensar todo o arcabouço de narrativas, Caio conta que realizou intensa
pesquisa. “A Célula Selvagem é um satélite que fica na lua, enviando ondas
para a Terra. S.A.R.A.H. operacionaliza tudo, mas as diretrizes de segurança
PISSA (Programa Inteligente de Segurança de Ser Artificial) é quem regula suas
iniciativas. Quando um cientista o desinstala para tentar dominar a poderosa
tecnologia, S.A.R.A.H. interpreta como uma mensagem de que o ser humano é
incapaz de viver em um ciclo ecológico e a raça humana precisa ser extinta e
para começar, dá início a um gigantesco descontrole climático”.
É
então que o ecoapocalipse é instaurado e seus efeitos se espalham por todo o
país até alcançarem o mundo todo. Cuiabá é cenário do jogo. Um mapa no livro
revela a cidade dividida em três cenários onde os biomas a dominaram: Cerrado –
porém desertificado -, em alguns pontos vira planície alagada e em outros, a
selva amazônica se sobrepõe. Cartões-postais, como a Catedral Bom Jesus de
Cuiabá e a Arena Pantanal, ressurgem totalmente alterados com o domínio da
natureza.
Caio
Ribeiro conta que a história está recheada de easter-eggs que têm como
referência personalidades da cultura mato-grossense.
“Também
realizamos um estudo sobre raízes comestíveis, plantas e frutas que podem ser
usadas como remédio ou alimento pelos sobreviventes e dizem muito sobre nossa
região”.
O
jogo também tem uma preocupação social com diretrizes como a equidade. “A
personagem Caçadora-Coletora, por exemplo, confere representatividade às
mulheres que são entusiastas do RPG e a vestimenta pensada pelo ilustrador
Andrés Bazán reflete sua preocupação com bem-estar e proteção, na contramão da
hipersexualização de personagens”.
Em
um universo marcado pela presença de homens brancos e musculosos, também houve
a disposição em apostar na diversidade. “Personagens afrodescendentes, um
idoso e uma indígena também aparecem como sugestões na estética visual do jogo”,
explica Andrés Bazán, responsável por ilustrar as funções.
Personagens
No
jogo, existem cinco funções disponíveis para criação dos personagens.
Caçadora-Coletora é paciente e estável, responsável por caçar e coletar itens,
enquanto a Rastreadora é silenciosa e furtiva, responsável por rastrear
inimigos e informações. Batedora é a aventureira curiosa, responsável por
explorar os lugares conhecendo rotas e pontos seguros.
Escambista
é o carismático bon vivant que cuida das negociações, trocas e
diálogos nem sempre diplomáticos. Neutralizadora lida com ameaças. Sua bravura
protege o grupo de qualquer tipo de perigo. Socorristas dedicam suas vidas a
ajudar e cuidar de seus companheiros, sendo os guardiões da saúde do grupo.
Biomas
e biodiversidade
Já
os animais, como sucuris gigantes, a onça-dente-de-sabre e a gangue de macacos
que amedrontam sobreviventes na região central de Cuiabá foram materializados
pelo ilustrador Kauê Daiprai.
Ele
usou software 3D para construir as paisagens da Cidade, para dar ponto de vista
de leitura aos jogadores. “Como não conhecia Cuiabá, decidi fazer um mapa
tridimensional da cidade e ir construindo os cenários das ilustrações baseados
nessa blocagem 3D, para ser o mais fiel possível”.
Responsável
pela curadoria científica, Pahblo – que também é estudante de biotecnologia -
pensou as regras do jogo. “Pensei em como deixar esse mundo coeso e então,
criei as regras. Claro que há soluções mais fantasiosas, afinal, se trata de
uma obra de ficção. Mas tentamos, dentro do possível, criar um ambiente crível,
extrapolando as tecnologias atuais", explica.
Ele
trabalhou ao lado de Guilherme Tchornei, o programador responsável pelo APP. “Estamos
vivendo no futuro e o RPG acompanha este movimento. Antigamente as fichas de
personagens eram feitas no papel, editadas a lápis. Pensamos no APP justamente
para que seja mais portátil e prático de acessar. Com a ficha no celular ou no
computador, não precisa de papel, caneta e nem de dados", comenta
Guilherme.
Caio
e Pahblo, contam que a Pahca Games, produtora independente de jogos, foi criada
por ambos em 2020 com a motivação de inserir Mato Grosso no mercado de games do
gênero.
“Com
apoio da Lei Aldir Blanc conseguimos consolidar esse que é nosso primeiro
projeto. Nosso objetivo é trabalhar com jogos de tabuleiro e eletrônicos,
mercado que está se consolidando no mundo todo e começa a despontar em Mato
Grosso”.
E
então, para que o projeto do Célula Selvagem – Testamento da Terra fosse
consolidado, reuniram um time de profissionais de vários cantos do país e do
mundo, trabalhando no primeiro sistema de RPG que, além de ser feito em Mato
Grosso, as aventuras ocorrem no próprio Estado.
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