quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

O RPG malaio ECHO é uma experiência única e intimista

 O RPG malaio ECHO é uma experiência única e intimista

 

Estou sempre procurando o que é produzido de RPG fora do eixo usual dos Estados Unidos e oeste europeu. A diferenças são interessantes e um verdadeiro aprendizado para mim. Hoje trago para vocês Echo, do malaio Kai Poh. Echo é um RPG sem mestre sobre com um toque sutil de sentimentalismo sobre vidas passadas, esperanças, curiosidade e presente.

Uma última jornada por um antigo campo de batalha para encontrar o local de descanso final de um piloto. Ele fala sobre as lembranças da guerra para os que estiveram lá e as perspectivas do futuro. Este jogo foi inspirado nos destroços de um caça japonês Zero caído que o autor encontrou no interior de Sabah quando era criança. A fuselagem ainda estava lá há quase 40 anos. Depois. Certa vez, um piloto dependeu da máquina para sua vida. O autor se perguntava que conversa ele poderia ter tido com o fantasma desse piloto... ele gostaria de saber se o naufrago ainda estava lá.

Este é um jogo sobre crianças que encontram o fantasma de um piloto e ao conversarem com ele farão uma jornada sobre a vida, a morte, desejos, coisas inacabadas e o que realmente é o fim. Enquanto um dos jogadores será o fantasma, os demais serão as crianças que encontraram os destroços de uma máquina de guerra gigante. Eles descobrem algo chamado Unidade ECHO que é, essencialmente, uma caixa preta que contém uma cópia de backup da mente do piloto morto. O piloto pede às crianças para devolvê-lo ao seu local de descanso final – o mech em que morreu.

O jogo então acontece em um número de cenas igual ao número de crianças. Em cada cena, as crianças exploram os restos de um mech, fazendo perguntas ao piloto sobre a guerra e explicando como o mundo agora é diferente. Os autores fornecem algumas tabelas que descrevem que tipo de resquícios mecânicos as crianças encontram e que tipo de coisa aconteceu desde o fim da guerra. As tabelas mudam dependendo se o mundo é agora uma sociedade de baixa tecnologia ou tecnologicamente avançada. Essas tabelas são maravilhosamente evocativas, mas incrivelmente escassas de detalhes, que é exatamente o que se procura em um bom jogo intimista – campo aberto para narrativa própria dos jogadores. Por exemplo, um dos resultados da tabela é “Caído, enferrujado, apenas no mar. Cracas crescem abaixo da linha d'água. Pescadores podem amarrar seus barcos a ela ao entardecer.”

Na última cena, os jogadores encontram o mecanismo do piloto e são capazes de colocá-lo para descansar antes que a energia da unidade ECH0 falhe. O piloto tem uma última chance de refletir sobre o que o mundo se tornou e seus pensamentos sobre sua vida antes que desapareçam no esquecimento.

ECH0 é um jogo simples construído para contar um tipo de história e atinge esse objetivo maravilhosamente. Ele explora os temas de guerra e inocência, vida e morte, e como o mundo se recupera (ou não) após a catástrofe. O fato de conseguir tudo isso em apenas quatro páginas (excluindo a capa e o mapa hexadecimal em branco fornecido) é notável. 

O livro consegue escapar das armadilhas de RPGs desse tipo – exagero nas narrativas e opções. O ponto aqui é dar o essencial para que a mente dos jogadores complete todas as lacunas com suas próprias experiências, personalidade e procuras. O clima não precisa ser descrito à exaustão pelo autor, isso fica à cargo dos jogadores e de sua liberdade poética de delimitar o clima que desejam. Em suas quatro páginas temos tudo isso!

Este é o tipo de RPG que deve ser experimentado, pois justamente ele é uma experiência muito diferente de tudo o que se vivencia nas sessões de RPG. Com certeza ele não cairá no gosto de todos, mas deveria ser experimentado pelo menos uma vez por todos.

Se está curioso, ele pode ser adquirido AQUI ao custo de apenas U$ 2,99.

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