terça-feira, 3 de julho de 2012
Romance - Império de Sckharshantallas Cap. IV
PARTE 4
A FRUSTRAÇÃO DO TIRANO
Enquanto estávamos em viajem, há algumas semanas dali, no extremo norte do Reino de Sckharshantallas, mais especificamente na capital os nossos problemas iam começar a piorar.
O Reino inteiro venera e se submete a tirania do mais poderoso dragão vivo conhecido, Sckhar. Por seu magnífico poder uns temem o temem e outros chegam a venerá-lo como um Deus Menor. Não é incomum durante várias viagens pelo reino, encontrar mesmo nas mais afastadas vilas ao menos um templo ao Deus Rei dos Dragões Vermelhos ou um monumento ao mais poderoso regente de todo o Reinado. Entretanto, nunca em qualquer lugar que seja se encontrará algo tão esplendido como o Palácio Shindarallur, morada principal do Rei Dragão e a maior de todas as suas (existem vários castelos e palácios dele espalhados pelo Reino). De proporções quase megalomaníacas, o imenso castelo abriga o regente, seu séqüito, toda a guarda da elite e as principais maquinas de combate do reino. Na torre mais alta há uma sacada que pode ser vista de boa parte da cidade, onde o dragão costuma fazer seus pronunciamentos. No topo desta enorme torre, há um espaço onde Sckhar pode aparecer em sua forma de dragão. Porem isso só acontece em casos muito extremos, pois é tão grande que pode, literalmente, matar de medo qualquer pessoa que o vise em seu tamanho normal.
Em Shindarallur há vários aposentos, milhares até, chegando a ter pelo menos cinco salas do trono. E, neste dia, em uma delas estava o dragão-rei reunido com seus súbitos. A sala do trono era uma câmara tão grande que permitia o Rei assumir a sua forma de dragão, mas ainda numa forma moderada, suficiente para parar o coração de um invasor com sua aparência aterradora ou para queimar um infeliz com seu sopro de chamas que ardia até os ossos, às vezes deixando nem cinzas. Era iluminada a noite por centenas de castiçais que acendiam magicamente quando tocados pela escuridão, mas pela manha era esclarecida pela forte luz do sol que refletia em escudos de coloração avermelhada que ficavam ornamentando as paredes de pedra junto a pinturas que representavam o rosto de Sckhar ou demais dragões vermelhos, e havia uma tapeçaria com a forma de uma estranha e desconhecida dragoa branca que quando o regente é indagado sobre quem seria, queima o desgraçado até a alma, mas só quando está de bom humor...
Ainda havia um confortável carpete vermelho-rubi encobrindo todo o chão, que um perito reconheceria como feito de couro de dragão (provavelmente um caçado nos domínios do reino), no teto haviam toldos de cores fortes junto a estandartes trazendo o símbolo do Reino, um dragão vermelho de asas abertas. Sob tudo isso estava Sckhar, em sua forma alternativa de elfo, sentado em um magnífico trono de bronze com entalhes feitos de lava-rubi, a sua frente estava parte da corte formada por meio-dragões filhos seus, centenas de guardas treinados em combate especialmente contra dragões e haviam três elfas de seu harém, com mínimas roupas acariciando, desejosas, o corpo do regente. Apesar do já costumeiro calor do reino, a câmara estava abafada e o calor era tão intenso que parecia que a qualquer minuto tudo ali fosse derreter. Isso graças a influencia corporal de caloria extrema de Sckhar.
O Rei dragão, para evitar a morte de seus súditos, assumia a forma de um elfo de cabelos ruivos intenso, com o típico porte altivo élfico. Naquele dia usava uma vestimenta luxuosa de cores quentes, como vermelho e dourado, lembrando muito os trajes dos gênios das histórias de Mil e Uma Noites. Sckhar poderia ser confundido com um nobre elfo refugiado de Lenórienn, não fosse um traço particular – facilmente notável, mas muito pouco comentado por questões de sobrevivência –, três cicatrizes verticais alinhadas que atravessam o espaço onde está seu olho esquerdo cego, como se fosse marca de garras, algo que odeia exibir, mas se recusa a tampá-lo com panos ou usar seus poderes para restaurar o olho e as cicatrizes, como se fosse mais que uma marca no olho, como uma lembrança antiga e importante. Assim apenas joga uma franja por cima para disfarçar.
Sckhar estava pensando alto naquela manhã ensolarada. Sorria constantemente como se tivesse triunfado sobre um desafio de muito tempo.
- HAHAHAHAHAHAH! Trezentos anos aguardando… Até que passou rápido! – disse acariciando sedutoramente o rosto de uma das elfas que mordiscavam seu pescoço sem se envergonhar com tantos olhares sobre elas – Hah! Enfim a princesa prometida será minha! FAREI UMA GRANDE FESTA! – disse altivamente se levantando do trono impulsivamente e derrubando as três esposas violentamente no chão – Já sei! Será logo após o festival do Sckharal! Casarei-me logo depois da execução dos prisioneiros! – rindo orgulhoso enquanto as elfas deslizavam por seu corpo – Aproveitarei já que não temos tido mais criminosos merecedores de destaque neste reino! Afinal, parece que esses malditos aventureiros aprenderam a ficar fora de meus assuntos e se submeterem ao meu poder! – jogando o longo cabelo ruivo para trás em pose vaidosa – IDIOTAS! Quem se meteria logo com o Rei dos Dragões Vermelhos, que é o mais poderoso dos dragões-reis e Deus de todo um reino? HAHAHAHAHAHAH!
Ah, sim. Permita-me explicar o que seria essa tal festa… Na capital de Sckharshantallas são apresentadas vias grandes e largas aonde é realizado o grande festival conhecido como Sckharal, um dos mais belos e ufanistamente nacionalistas de Arton. São sete dias de festividades que acontecem uma vez ao ano As ruas são tomadas por enormes dragões vermelhos feitos de vime, dançarinos, prestidigitadores e companhias teatrais. Grandes acontecimentos da história artoniana, como a traição dos Três, a de Sszzaas e as guerras entre bárbaros e colonizadores são encenados na enorme praça conhecida como Praça da Conquista, que se encontra no meio da cidade. E é lá que ocorre o ponto alto: a representação da fundação de Sckharshantallas e seu desenvolvimento, culminando com a aparição do próprio regente em sua forma de dragão. Ao fim do espetáculo, no dia seguinte ao festival ainda é feriado, e após ele ocorre na praça dos festejos a execução de todos os criminosos sentenciados a morte durante o ano e que não foram mortos no exato momento por Sckhar. Os malfeitores são mortos em fogueiras individuais enquanto são apedrejados pelo povo. Mas naquele ano, criminosos comuns tiveram que ser condenados a morte ou não haveria “diversão suficiente”, pois os poucos que eram mais destacados eram rebeldes irresponsáveis que criavam rebeliões contra o governo ditador de Sckhar e eram facilmente capturados.
De repente as palavras de Sckhar foram interrompidas quando sons de trombetas mensageiras soaram na entrada da sala do trono e ecoaram por todos os cantos do aposento.
- Rahros, 13º Mensageiro Real! – anunciou o trombeteiro.
Sckhar olhou com um sorriso belo para a porta e com um gesto ordenou que entrasse.
Trajado com a armadura real vermelha e feita de lava rubi, com um elmo que lhe revelava só os olhos e possuía duas asinhas dragônicas saindo dos lados, entrou o mensageiro esbaforido e com um pergaminho maltratado na mão.
- O que seria dessa vez? – indagou Sckhar acariciando uma de suas elfas esposas – Oferendas? Puxasaquismo? Juro que se for mais um pedido de ajuda financeira daquelas malditas vilas ao oeste eu mesmo vou lá destruí-las para não terem mais que gastar com nada! Hahah! IDIOTAS! HAHAHAHAH! – então puxou uma elfa para seus lábios.
- Não, magnífico! Pelo contrario! Trago péssimas noticias! – disse o soldado já prevendo o que lhe ocorreria por ter recebido ordens de passá-las a Sckhar.
A mão que acariciava carinhosamente a nuca da elfa, prendeu-a com uma força monstruosa, e Sckhar parou o beijo, mas sem retirar seus lábios do dela.
- Veio de Logus… - continuou o mensageiro, e a mão de Sckhar parecia uma garra apertando o pescoço da elfa que já sentia a ira do monarca – Bem, a princesa… - os guardas reunidos no salão entenderam a gravidade quando os olhos do dragão se imbuíram em chamas de ira e a nuca da elfa começou a chiar com o toque fervente do regente. Tentaram se afastar do Rei – Ela foi seqüestrada por um grupo de rebeldes! - o regente parecia uma bomba atômica durante a iminência de uma explosão – Liderados por um poderoso dragão!
As últimas palavras atingiram Sckhar como uma flecha incendiária. Para gastar sua fúria, beijou mais forte a elfa em seus braços e durante o beijo, soprou sua rajada de chamas que os dragões de sua raça possuem. Sem dó, simplesmente em segundos a elfa foi consumida pelas chamas da labareda e se transformou em cinzas. Passando sobre os restos chamuscados dela, como se nem estivesse ali, o rei dragão caminhou em direção ao mensageiro que parecia se encolher dentro da própria armadura.
- UM DRAGÃO EM MEUS DOMÍNIOS? – o olho direito do elfo ruivo começou a ficar meio reptilíneo – Continue! O que aconteceu? Fale, IDIOTA!
- O… o Rei de L-Logus enviou-nos uma carta de urgência falando sobre a princesa Niathallas, a princesa lhe prometida há 300 anos…
- Eu sei quem é ela! Continue logo, IDIOTA!
- S-sim, magnífico! Acontece que o Rei Logus nos informa que ela… ela…
- FALA! – chamas resultantes de sua impaciência começaram a exalar de cada poro do Rei Dragão.
- Ela foi raptada por um grupo de rebeldes durante a vinda para cá! – ele falou rapidamente como se esperasse que ao fim viesse uma morte rápida e sem dores, mas nada veio, então continuou – O Rei Logus XI alega na carta que sua guarda conseguira capturar o líder do bando dos rebeldes, mas durante sua prisão teria se revelado como um dragão vermelho disfarçado como um elfo espadachim. Ele exterminara metade de seu exercito enviado para destruí-lo e nem as forças especiais da cidade teriam sido capaz de combatê-lo, magnânimo!
Sckhar estava tão mergulhado em fúria que teve de desgastar. Imbuiu as mãos de chamas e arremessou o globo flamejante em um guarda que estava no canto da sala, o poder explodiu e consumiu o corpo dele em um grito agonizante pela pele que chiava queimada e pelos membros destroçados pela explosão. Parecendo nem ter percebido o massacre, o regente voltou-se ao mensageiro, com seus dentes afiados a mostra, o que fez o servo quase cair pelas pernas bambas.
- Certo, IDIOTA… Agora me entretenha contando como as forças reais salvaram a princesa prometida a mim!
- Eles ainda não foram acionados… - o súdito percebeu que empregara uma frase errada pro momento errado, principalmente quando Sckhar apontou um dedo para outra de suas esposas e dele disparou um raio vermelho que ao atingi-la na sua fuga, fez seu corpo queimar em segundos e explodir de dentro para fora acertando e derretendo o braço de um guarda real próximo.
- POIS ACIONEM-OS! IDIOTA!!!! Sabe ao menos onde ele está?
- Sim, magnífico monarca! De acordo com o Rei Logus XI, eles estariam se dirigindo para a caverna de Risisttlaxy!
Sckhar se assustou com essa informação e ponderou com a situação… “Então eles querem a pista primordial de onde está o Suplicio?”, ele pensou, “Se opõem a mim, ousam raptar a princesa e agora aparentam estar querendo me matar? Hah! Ou são tolos demais e caminham para a morte… ou esse tal dragão tem poderes bons demais para poder ser tão confiante. Aaaarrgh! Depois daquela batalha mês passado com o Paladino, devo não ter piedade de ninguém, nem subestimar, até possuir certeza, talvez seja melhor matá-los log... Espera aí! Seriam ótimas oferendas para a execução depois do feriado do Sckharal!”, disse ao olhar por uma janela para a cidade logo abaixo que já arrumava com dragões de vime e bandeirolas as ruas para o festival que começaria em pouco tempo, “Depois de eu ser derrotado pelo Paladino rumores e boatos sobre mim enfraqueceram meu império! Talvez esteja na hora de proclamarmos um inimigo como calamidade nacional! Bom, seria demasiado imprudente fazer esse movimento agora! Vejamos se ele é tão poderoso mesmo…”. Então soltou um sorriso maléfico que aliviou cada um na sala que pensou que se acalmara, mas só por diversão apontou para outro guarda que se imbuiu de chamas e começou a correr pela sala enquanto sua pele chiava soltando fumaça fedida enquanto derretia.
- Sabem quem é esse líder? – Sckhar perguntou aparentando calma e paciência enquanto voltava a acariciar a última esposa na câmara que deixara viva.
- S-Sim, magnífico! O Rei Logus diz que se chama de Antonywillians, O Espadachim da Língua Chamuscante!
- Perfeito! – o regente sorriu e começou a seguir para fora da sala do trono, mas deu uma breve parada para dar suas últimas ordens, mas sem dar ao luxo de o mensageiro ser olhado por ele durante as suas palavras – Enviem a Cavalaria Aérea Wyvern em direção ao forte que protege a caverna de Risisttlaxy, matem qualquer rebelde, mas quero esse tal dragão espadachim, Antonywillians, vivo! Agora podem se retirar, vou para meus aposentos!
- Sim, magnânimo! – disse o mensageiro com uma mesura.
- Ah, mais uma coisa…
Ao prever o movimento do rei dragão, a ultima elfa saiu correndo para salvar sua vida. Sckhar foi consumido por uma coluna de fogo que subiu até o teto e se dissipou revelando-o em sua forma de dragão, mas ainda com tamanho reduzido, e no exato segundo que se transformou soprou um poderoso cone de fogo sobre o mensageiro, tão poderoso que o desintegrou junto ao chão a sua volta, inclusive no andar inferior. Sckhar voltou a sua forma humanóide, abraçou a elfa e seguiu para seu quarto dizendo:
- Ressuscitem minhas esposas e os guardas mortos! E arrumem um novo 13º mensageiro! Este era azarado demais!
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Postado por
Douglas M. Almeida
às
02:48
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2 comentários:
Bem legal com os personagens bem "temperados" aguardo a proxima parte;
como eu posso baixar os livros em pdf??
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