quarta-feira, 10 de julho de 2013

Dragon Slayer é cancelada pela Jambô

Dragon Slayer dá adeus!


Nem só de boas notícias e lançamentos vive o RPG. Algumas vezes recebemos notícias que não gostaríamos. E hoje é um desses dias. Foi anunciado no novo site da Jambô que a revista Dragons Slayer está descontinuada.

Serei franco, não foi uma surpresa para mim por dois motivos. O primeiro foi o tratamento que a revista recebeu nos últimos tempos. Não que fosse ruim, mas a equipe da editora Jambô se dividia entre muitos e muitos projetos e traduções ao mesmo tempo que edita a revista. Esse acúmulo de trabalho era lógico que em algum momento iria deixar o projeto impossível de ser continuado. O segundo motivo foi a inauguração do novo site da editora. Logo que vi o site percebi que alguma coisa poderia acontecer com a DS, pois em última análise o site chegou fazendo aquilo que a DS fazia – trazer material novo e inédito para os vários sistemas que a editora lança. Não havia motivo de duas ferramentas para realizar a mesma tarefa.

Essa mudança dói para melhor ou pior? Confesso que acho que foi para melhor. Embora em goste muito de revistas impressas que possam ser colocadas na prateleira (sou meio antigo) o acúmulo de trabalho dos membros da editora e da revista a faziam ter uma periodicidade muito espaçada e pouco fixa. Com este novo site, fazendo vezes de um blog, o contato com o público e o lançamento de material inédito será muito mais regular e seguido.

Lamento pela perda da única revista impressa de RPG que ainda tínhamos no Brasil. Mas saúdo o chegada do novo site que tenho certeza que não nos deixará órfão de material inédito!!!

Abaixo eu transcrevo a matéria que o Leonel Caldela lançou no site da Jambô anunciando o fim da DS.


A Busca pela Dragon Slayer Perdida

Vocês já devem estar estranhando. Eu sei que estão. Algumas pessoas já vieram falar comigo através do Twitter e do Facebook. Perguntando por que a revista DragonSlayer estava tão atrasada. Alguns já estavam temendo o pior. E aí? O pior se concretizou?

Depende. Eu acho que não. Mas vocês merecem explicações.

Sim, a DragonSlayer acabou. Não faz sentido usar palavras bonitas para tentar mascarar isso. Após 40 edições (muito mais do que qualquer revista de RPG no Brasil, com exceção da própria Dragão Brasil), a DS foi descontinuada. Foi uma jornada longa e difícil, mas muito, muito divertida e recompensadora. E temos orgulho de tudo que fizemos ao longo destas quarenta edições.

Ok, mas o que aconteceu, exatamente? A revista era um fracasso? Não vendia?

Com certeza não! A DragonSlayer foi muito bem-sucedida, enquanto durou. Teve edições esgotadas (algo muito raro no mercado de revistas) e várias matérias antológicas. A editora Escala sempre se mostrou muito satisfeita com nosso trabalho. Contudo, o mercado de revistas também é muito grande. Lida com números enormes, tiragens imensas, muito dinheiro. Quando decisões sobre continuidade de produtos são tomadas, elas não afetam apenas uma publicação — afetam linhas inteiras. Não são meras sugestões — são incentivos e cortes drásticos.

A DS, assim como muitas revistas da Escala, era produzida de forma terceirizada. Ou seja, nós, a equipe de editores, recebíamos uma verba para fazer a revista, e tínhamos de entregá-la pronta para ser impressa. Nunca fomos funcionários da Escala, não ganhávamos salário. Num determinado momento, por razões que só os altos executivos da empresa poderiam esclarecer, deixou de ser interessante para a Escala trabalhar com boa parte de suas publicações terceirizadas. Não houve um problema com a DragonSlayer; houve uma mudança em todo um mercado.

Mesmo assim, o saldo é que a DragonSlayer não existe mais.

Será mesmo?

Lá no início, eu disse que, para mim, o pior não se concretizou. Explico: boa parte do papel desempenhado por revistas de RPG desde a década de 90 cabe à internet agora. Na saudosa Dragão Brasil, tínhamos a Barraquinha do Orc, onde os RPGistas podiam comprar, vender e trocar jogos — além de se conhecer. Vários fóruns online são espaços ainda melhores para fazer isso hoje em dia. Dúvidas de regras podem ser tiradas com os autores de forma rápida e fácil, através de Twitter, Facebook, Formspring… A interação é muito mais simples. Esperada, até. Para falar a verdade, recebíamos cada vez menos e-mails para a seção de cartas da revista — os leitores preferiam interagir por estes outros meios. Se não fossem os personagens como a Paladina, o Paladino e o Antipaladino, a seção estaria obsoleta.

Mas ainda falta algo, não? As colunas. As matérias, as adaptações.

Não falta mais.

O novo site da Jambô vai trazer todo este conteúdo, e ainda mais! As seções mais queridas dos leitores podem aparecer no site, assim como conteúdo de uma equipe ainda maior. Tudo isso sob a direção e supervisão de J.M. Trevisan, um dos criadores de Tormenta, e agora editor de conteúdo online da Jambô. Teremos material mais frequente, com maior liberdade, mais variado, em maior quantidade. E com garantia de qualidade!

Se alguém quiser erguer sua espada em honra à extinta DragonSlayer, tudo bem. Ela nos deu muita alegria e informação ao longo destes anos. Mas, pessoalmente, eu estarei erguendo um caneco na Taverna do Macaco Caolho, para comemorar a mudança.

E escrevendo bastante, é claro, né? Porque temos muito trabalho pela frente…

Pelo RPG!

Leonel Caldela


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