Dragon Slayer dá adeus!
Nem
só de boas notícias e lançamentos vive o RPG. Algumas vezes recebemos notícias
que não gostaríamos. E hoje é um desses dias. Foi anunciado no novo site da
Jambô que a revista Dragons Slayer está descontinuada.
Serei
franco, não foi uma surpresa para mim por dois motivos. O primeiro foi o
tratamento que a revista recebeu nos últimos tempos. Não que fosse ruim, mas a
equipe da editora Jambô se dividia entre muitos e muitos projetos e traduções
ao mesmo tempo que edita a revista. Esse acúmulo de trabalho era lógico que em
algum momento iria deixar o projeto impossível de ser continuado. O segundo
motivo foi a inauguração do novo site da editora. Logo que vi o site percebi
que alguma coisa poderia acontecer com a DS, pois em última análise o site
chegou fazendo aquilo que a DS fazia – trazer material novo e inédito para os vários
sistemas que a editora lança. Não havia motivo de duas ferramentas para
realizar a mesma tarefa.
Essa
mudança dói para melhor ou pior? Confesso que acho que foi para melhor. Embora
em goste muito de revistas impressas que possam ser colocadas na prateleira
(sou meio antigo) o acúmulo de trabalho dos membros da editora e da revista a
faziam ter uma periodicidade muito espaçada e pouco fixa. Com este novo site,
fazendo vezes de um blog, o contato com o público e o lançamento de material
inédito será muito mais regular e seguido.
Lamento
pela perda da única revista impressa de RPG que ainda tínhamos no Brasil. Mas saúdo
o chegada do novo site que tenho certeza que não nos deixará órfão de material
inédito!!!
Abaixo
eu transcrevo a matéria que o Leonel Caldela lançou no site da Jambô anunciando
o fim da DS.
A Busca pela
Dragon Slayer Perdida
Vocês
já devem estar estranhando. Eu sei que estão. Algumas pessoas já vieram falar
comigo através do Twitter e do Facebook. Perguntando por que a revista DragonSlayer estava
tão atrasada. Alguns já estavam temendo o pior. E aí? O pior se concretizou?
Depende.
Eu acho que não. Mas vocês merecem explicações.
Sim,
a DragonSlayer acabou. Não faz sentido usar palavras bonitas para
tentar mascarar isso. Após 40 edições (muito mais do que qualquer revista de
RPG no Brasil, com exceção da própria Dragão Brasil), a DS foi
descontinuada. Foi uma jornada longa e difícil, mas muito, muito divertida
e recompensadora. E temos orgulho de tudo que fizemos ao longo destas quarenta
edições.
Ok,
mas o que aconteceu, exatamente? A revista era um fracasso? Não vendia?
Com
certeza não! A DragonSlayer foi muito bem-sucedida, enquanto durou.
Teve edições esgotadas (algo muito raro no mercado de revistas) e várias
matérias antológicas. A editora Escala sempre se mostrou muito satisfeita com
nosso trabalho. Contudo, o mercado de revistas também é muito grande. Lida com
números enormes, tiragens imensas, muito dinheiro. Quando decisões sobre
continuidade de produtos são tomadas, elas não afetam apenas uma publicação —
afetam linhas inteiras. Não são meras sugestões — são incentivos e cortes
drásticos.
A
DS, assim como muitas revistas da Escala, era produzida de forma terceirizada.
Ou seja, nós, a equipe de editores, recebíamos uma verba para fazer a revista,
e tínhamos de entregá-la pronta para ser impressa. Nunca fomos funcionários da
Escala, não ganhávamos salário. Num determinado momento, por razões que só os
altos executivos da empresa poderiam esclarecer, deixou de ser interessante
para a Escala trabalhar com boa parte de suas publicações terceirizadas. Não
houve um problema com a DragonSlayer; houve uma mudança em todo um mercado.
Mesmo
assim, o saldo é que a DragonSlayer não existe mais.
Será
mesmo?
Lá
no início, eu disse que, para mim, o pior não se concretizou. Explico: boa
parte do papel desempenhado por revistas de RPG desde a década de 90 cabe à
internet agora. Na saudosa Dragão Brasil, tínhamos a Barraquinha do Orc,
onde os RPGistas podiam comprar, vender e trocar jogos — além de se conhecer.
Vários fóruns online são espaços ainda melhores para fazer isso hoje em dia.
Dúvidas de regras podem ser tiradas com os autores de forma rápida e fácil,
através de Twitter, Facebook, Formspring… A interação é muito mais simples.
Esperada, até. Para falar a verdade, recebíamos cada vez menos e-mails para a
seção de cartas da revista — os leitores preferiam interagir por estes outros
meios. Se não fossem os personagens como a Paladina, o Paladino e o
Antipaladino, a seção estaria obsoleta.
Mas
ainda falta algo, não? As colunas. As matérias, as adaptações.
Não
falta mais.
O
novo site da Jambô vai trazer todo este conteúdo, e ainda mais! As seções mais
queridas dos leitores podem aparecer no site, assim como conteúdo de uma equipe
ainda maior. Tudo isso sob a direção e supervisão de J.M. Trevisan, um dos
criadores de Tormenta, e agora editor de conteúdo online da Jambô. Teremos
material mais frequente, com maior liberdade, mais variado, em maior
quantidade. E com garantia de qualidade!
Se
alguém quiser erguer sua espada em honra à extinta DragonSlayer, tudo bem.
Ela nos deu muita alegria e informação ao longo destes anos. Mas, pessoalmente,
eu estarei erguendo um caneco na Taverna do Macaco Caolho, para comemorar
a mudança.
E
escrevendo bastante, é claro, né? Porque temos muito trabalho pela frente…
Pelo
RPG!
Leonel
Caldela
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