terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Micro-entrevista com Claudio Pozas, desenhista da 5E


Micro-entrevista com Claudio Pozas, desenhista da 5E

Por muito tempo passamos aguardando ansiosamente pelo lançamento de D&D 5E e quando o tivemos em mãos devoramos suas páginas com avidez. Mas nesse processo poucos perceberam que entre as dezenas de maravilhosas ilustrações estava o talento de um brasileiro – Claudio Pozas. O paulista de quarenta anos foi um dos ilustradores escolhidos à dedo pela Wizard of the Coast para ilustrar tanto o Player’s Handbook como o Dungeons Master’s Guide. E não só isso. Jogador de RPG de longa data e fã de quadrinhos da DC, ele conta um pouco da sua vida e trabalho nessa micro-entrevista que fizemos com ele. Confira!


1) Como tu começas-te no desenho e como se desenvolveu nele – início, influências, estudo!
Sempre desenhei, desde criança. A princípio, desenhava muito os personagens Disney, mas com o passar dos anos fui passando para os super-heróis DC. Apesar dos sonhos de desenhar quadrinhos, acabei me formando em publicidade e mantive o desenho apenas como hobby. Quando o D&D 3e estava para ser lançado, comecei a postar desenhos das classes e raças básicas em um site, e acabei sendo contatado pela editora Fiery Dragon Productions para fazer os counters (pequenos marcadores de papel para usar em vez de miniaturas) nos produtos deles. Daí pra frente, enveredei pelo mercado de RPG, larguei a publicidade e virei ilustrador. No passado, minhas influências eram mais quadrinísticas: George Pérez, Norm Breyfogle, Mike Wieringo. Hoje em dia, também admiro ilustradores como Larry Elmore, Todd Lockwood, William O'Connor e Steve Prescott.


2) Quais os temas que te aguçam a imaginação nas diferentes mídias – literatura, quadrinhos, música, cinema etc.
Fantasia e super-heróis, principalmente. Star Wars, é óbvio. E as coisas que curtia desde pequeno, como He-Man e Thundercats.

3) Como é teu processo criativo na hora de criar um desenho?
Tudo começa com o pedido de arte, que contem a descrição da ilustração. Eu desenvolvo umas duas ou três alternativas para o diretor de arte e, a partir do feedback dele, eu levo uma delas adiante. Antigamente eu fazia esboço, lápis e arte-final no papel, mas agora faço tudo digitalmente.


4) Como tu vê o mercado nacional para desenhistas e qual a diferença para o mercado internacional?
O mercado nacional ainda está dando os primeiros passos. Vejo muito ilustradores nacionais muito bons que partem direto para carreira internacional. Tanto nacional quanto internacionalmente, porém, a carreira de ilustrador ainda precisa ser mais reconhecida e os criativos (autores, ilustradores, cartógrafos) precisam ter seu trabalho mais respeitado.

5) Tens trabalhos próprios ou apenas ligados à outros projetos?
Sempre existe uma ou outra ideia que eu gostaria de levar adiante, mas a demanda do trabalho acaba fazendo com que eu me concentre em outros projetos.


6) Qual a tua ligação com o universo RPG? Jogava (ou ainda joga) algo? E com D&D ... alguma ligação?
Comecei a jogar AD&D em 1987, aos 12 anos, e nunca mais parei. Ao longo dos anos, joguei outros sistemas, como Shadowrun, Star Wars d6, DC Heroes, Marvel Heroes, Rolemaster, World of Darkness, Call of Cthulhu, e mais recentemente, Night's Black Agents. Mas sempre volto ao D&D.

7) Já havia trabalhado com editoras de RPG?
Há 12 anos trabalho quase exclusivamente com editoras de RPG.


8) Como foi chamado/escolhido/selecionado para trabalhar com os livros de D&D?
Eu sempre escrevi, além de desenhar. Em 1999, meu primeiro artigo – de AD&D 2e – saiu na Dragon Magazine. Quando começou o boom do sistema d20, eu escrevi alguns produtos para a Fiery Dragon. Em 2010, meu primeiro artigo de D&D 4e saiu na Dragon Magazine digital. Pouco depois, fui chamado para ajudar a escrever o livro Heroes of Shadow – junto com Mike Mearls e Robert Schwalb! Ao longo do ano seguinte, escrevi vários outros artigos para a Dragon, e acabei sendo chamado para ilustrar um deles. Pelo resto do D&D 4e, me dividi entre escrever e ilustrar. Com a mudança de edição, as oportunidades de escrever diminuíram, e me concentrei na arte.

9) Como foi trabalhar criando imagens para o livros de D&D? Qual o processo de trabalho com a Wizard?
Ter minha arte nos livros básicos de D&D é um sonho realizado. O processo é bem similar ao de outras editoras grandes. Como eu já havia trabalhado com a editora de arte do D&D 5e, Kate Irwin, na Dragon Magazine, as ilustrações fluíram muito rápido, e com poucas mudanças.


10) Quantas imagens tuas foram aproveitadas pela Wizard?
Eu fiz quatro ilustrações para o D&D 5e, e todas foram publicadas. No Player's Handbook eu ilustrei as magias Cloudkill e Insect Plague, e fiz o diagrama dos planos (que originalmente sairia no DMG). Para o Dungeon Master's Guide, eu fiz uma ilustração do Feywild, o plano feérico.

11) Teus projetos futuros... o que virá por aí? Mais alguma coisa no mundo do RPG?

Tem várias ilustrações minhas que vão sair nos card games de Lord of the Rings e Star Wars, pela editora Fantasy Flight. Também fiz capas para a mega-aventura Zeitgeist, da EN Publishing. E tem um projeto secreto, onde fiz muitas ilustrações, mas sobre o qual não posso dar mais detalhes.


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