O Chamado de Gathulhu
será lançado no Brasil
A grande notícia de hoje veio
da editora Pluma Press que anunciou que está trazendo um RPG que à muito tempo
eu aguardava – O Chamado de Gathulhu, de Joel Sparks. Lá
em 2016 eu já tinha falado dele na Confraria de Arton em uma postagem rápida
(LINK).
Originalmente foi lançado na
Alemanha em 2002 com o nome de “Katzulhu” (posteriormente adaptado para o
inglês como Catthulhu e lançado pela Sixtystone Press e traduzido em italiano
como Il Richiamo di Gatthulhu). A versão que tive acesso foi a italiana,
tradução de Giocco de Ruolo, pela Alephtar Games. Não é novidade para nós todo
o imaginário criado por Lovecraft centrado em Cthulhu. Este mesmo cenário já
deu origem à vários RPGs, alguns inclusive já lançados no Brasil, mas nenhum
como este. O próprio autor, na página oficial do jogo diz: “Mas ninguém nunca
teria pensado de um jogo baseado em Cthulhu com personagens gatos ... mas
alguém fez!”
Em poucas palavras o livro cria
um ambiente onde assumimos os papéis de gatos dentro de um cenário tipicamente de
Cthulhu. O jogo é baseado em 2d6 (ou dGatti, como os italianos chamam os dados
comercializados especialmente para o jogo) onde temos a mescla de valores e
carinhas felizes ou mortas do gato onde avaliamos resultado e contexto. As
jogadas de dados avaliam as ações que o personagem tem/deve realizar contra uma
definição prévia de dificuldade (fácil, médio e difícil) com sucessos a partir
do valor 4, para tarefas fáceis. Já o contexto é descrito conforme a “carinha”
do gato. Além disso, o jogo possui algumas regras básicas sensacionais para a
interpretação do ‘gato’, criando interação física entre o RPG e o jogador. Um
exemplo é a ‘Regola dell’Uno’ que obriga o jogador a manter um lápis na boca
quando o gato que interpreta carrega um objeto consigo.
Quanto ao sistema de combate os
personagens primeiro rolam contra os adversários e só depois escolhem a ação.
Isso aparentemente trás uma certa vantagem aos personagens, mas não podemos
esquecer que o jogo é letal, já que os gatos só podem sofrer 3 danos antes de
morrer
Os personagens são gatos no
sentido mais simples e claro do termo. E justamente nisso está a graça do jogo.
Os autores dizem que para que isso seja bem feito é óbvio que temos que pensar
como um gato! - “Os jogadores não podem saber como funciona uma porta ou um
computador, eles não vêem a diferença entre um pano ou um quadro de Picasso e,
acima de tudo, eles não entendem a linguagem humana. Mas eles sabem que os
seres humanos são uma grande ajuda para fazer aquilo que eles não conseguem
fazer, como abrir uma porta.”
Outra coisa interessante é que
não há valores para determinar suas características, e o real peso para a
performance estará na sua descrição de como você é como um gato, mais ágil ou
mais forte, menos pelo ou com cauda fina. As características é que determinarão
suas vantagens e desvantagens durante a ação no cenário. Mas você pode imaginar
que tudo fica muito igual, quase que nivelado. Não. A diferenciação está no
“papel” do seu gato (algo como uma classe de personagem nos sistemas usuais de
RPG) e no tipo de gato. Os papéis são lutador (mais fortes), acrobata (ágil),
salottiero (não soube como traduzir exatamente, mas é aquele que tem uma melhor
relação com os seres humanos), bípede (conseguem fazer algumas coisas sobre
duas patas, como dar a descarga) e os tigres sonhadores (gatos que vêem ‘o
além’, muitas vezes servindo como guias espirituais, mas são muito preguiçosos,
pois esse contato vem enquanto sonham). Já os tipos são gato de rua, gato de
casa e gato de exposição. Agora imaginem as combinações possíveis!
Mas como isso se junta com o
imaginário de Cthulhu? Segundo os próprios autores há simplesmente o transporte
dos mitos de Cthulhu para o nível animal. Imaginem o deus gato Gatthulhu que
odeia os humanos e que pretende destruí-los em prol da supremacia felina
sobre a Terra. Como estamos falando em mundo animal temos sim outros deuses
ligados à outros animais como cães, sapos e insetos. Os autores fazem a
ressalva de que estas novas deidades são bem trabalhadas, mas não são
diretamente comparáveis aos clássicos lovecrafitianos.
A editora Pluma Press ainda não
deu maiores informações sobre data e forma de lançamento, mas tão logo informem
nós avisaremos na Confraria!
Nota: Por curiosidade o
Katzulhu apareceu na revista alemã Cthuloide Welte #1 e #2 entre 2001 e 2002,
sendo republicado em 2006 na edição de Worlds of Cthulhu #6 para acompanhar
outro livro do cenário de Cthulhu, sendo desenvolvido por Ingo Ahrens, Adam
Crossingham e Daniel Harms.
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