Pathfinder Segunda
Edição
Conto de Pathfinder Lost Omens Legends
Seja gentil com
estranhos
Patross, o líder da equipe da
taverna, estava zombando de novo, e Ivy sabia que isso logo causaria problemas
para ela. A garçonete nem precisou olhar para saber o que havia ofendido o
mal-humorado. Os dois convidados sentados junto às janelas do lado da doca - os assentos principais do estabelecimento,
Patross protestava! - destacavam-se o suficiente da multidão. Era uma pergunta
aberta sobre o que mais o ofendia. As roupas da mulher eram muito surradas, as
roupas do homem eram muito estranhas. A mulher parecia cruel e desagradável. Na
verdade, Ivy achou que Patross estava mais chateado pelo dois serem velhos e a
mulher incrivelmente feia.
Ele não podia dizer nada sobre
isso, isso perturbaria o decoro de Taldan. Então Patross zombou: “Colocando aquele frango imundo em cima da
mesa. Como se ela pensasse que este lugar fosse um celeiro!”
Como se outros convidados não
trouxessem seus cães para dentro da taberna o tempo todo, jogando seus ossos
sujos no chão para que os animais de estimação mastigassem. Ivy teria revirado
os olhos, se ela não soubesse o que estaria por vir para ela. Ela manteve o
olhar no chão e apertou o prato de servir no peito, desejando tornar-se
invisível. Se ela pudesse apenas passar despercebida, talvez ele apenas
reclamasse e depois a deixasse em paz.
“Ivt!” Patross latiu e a pobre garçonete sentiu um calafrio subir
pelos ombros, apesar do fato de que ela já estar esperando. “Diga a essa mulher que tire esse pássaro
cheio de piolhos ou que se ponha para fora!”
Covarde,
Ivy pensou.
Ela se moveu o mais devagar
possível, arrastando cada passo com uma sensação de pavor, mas com os olhos de
Patross nela, ela não conseguiria se arrastar para sempre. Quanto mais Ivy
podia ver a velha, mais Ivy ficava aterrorizada. Talvez fosse simplesmente
porque a velha bruxa era tão hedionda - Ivy não gostava de pensar que ela era
tão superficial, mas o que mais havia lá? Ela lidava com bêbados muito menos
agradáveis em quase todos os turnos. Os dentes da mulher brilhavam como ferro,
mas Ivy já havia visto dentaduras mais vistosas, algumas feitas de materiais
muito menos agradáveis. A mulher estava olhando para Ivy muito antes de a
menina chegar à mesa, cheirando como se pudesse sugar a garçonete pelo nariz.
“Bem?” a velha estalou e Ivy lutou contra outro estremecimento
profundo. “O que foi, criança? Você
queimou sua língua? Cuspa o que quiser ou me deixa com meu chá!”
Ivy engoliu em seco, contente
que seu prato de servir pudesse esconder o suor nas palmas das mãos. “Senhora...” ela disse, pensando no que
dizer, antes de decidir por algo potencialmente inofensivo. “Gostaria que eu cuidasse do seu frango
enquanto estiver aqui?”
A mulher cheirou pesadamente
novamente, desta vez pensativa. “Cuidado
com suas palavras, você tem? Sim, cuide da minha galinha. Se você for uma boa
garota e a trata bem, eu lhe darei um presente e deixarei você se libertar.”
“Pare de atormentar a jovem”, repreendeu o homem idoso. Ivy tinha
quase esquecido que ele estava lá, muito focada em seu animal horrível sobre a
mesa. Ele tinha pele escura, não muito incomum em Taldor - muitas famílias de
Mwangi haviam ido a Taldor com o retorno dos Exércitos de Exploração -, mas
nenhuma dessas pessoas usava roupas como a dele. Ele continuou: “Não preste atenção à avó, Ivy. Nem no seu
chefe, por sinal.”
Ele
deve ter ouvido o meu nome, Ivy pensou, porque ela não
gostava de pensar em nenhuma outra alternativa. Ela não tinha certeza do que
dizer agora, então não disse nada.
“Tímida assim ela deve ser empurrada ou nunca será nada na vida”,
reclamou a ‘avó’. “Olhe para ela, empurrada por mulheres
briguentas e homens sujos. Ela ficaria melhor como um presunto em um prato.”
“Isso não está certo?” ela disse, repentinamente voltando sua
atenção para Ivy. “Você pegaria qualquer
chance de sair daqui, não é, criança? Mesmo uma tão horrível quanto eu?”
Ivy queria. Ivy queria escapar
dessa labuta miserável e cheia de assédio mais do que qualquer coisa. Ivy,
porém, fora educada com histórias antigas de tolos descuidados e aprendeu muito
bem em Taldor a ser cautelosa com as descobertas inesperadas. Por isso, deu um
passo para trás e sacudiu a cabeça.
“Muitas ‘jovens tímidas’ crescem sem você ameaçá-las”, o homem
zombou de seu companheiro. “Ou você acha
que é tão importante?”
“Claro que eu sou importante”, a ‘avó’ gargalhou.
“Ah? Quer apostar?” o homem perguntou.
O par olhou para Ivy novamente,
algo não dito passando entre eles. A velha balançou a cabeça, pegando o frango
debaixo do braço. “Um desperdício”,
ela resmungou, sem mais explicações e saiu apressadamente pela porta da
taverna. Ivy e o velho a observaram partir.
“Você é sábia para evitar presentes suspeitos e mais sábia ainda não
procura alguém para salvá-la”, disse o homem, depois de um momento. “Mas você será capaz de conviver com a
curiosidade do que teria acontecido, se tivesse dito que sim?”
“Bem, eu vou precisar, senhor”, disse Ivy, deslizando facilmente de
volta para sua agradável personalidade de serviçal agora que a mulher havia se ido.
“Obrigado por seu auxílio.”
O velho assentiu, ou talvez
fosse uma pequena reverência, antes de pegar o cajado com cabeça de leopardo,
pagar a conta e sair. Ivy soltou um sinal de alívio, feliz pela situação ter se
resolvido sem um confronto. Patross não podia gritar com ela por falhar agora...
pelo menos, não muito. A garçonete colocou-se a limpar a louça sobre a mesa,
observando que as canecas de chá de prata e vidro não eram nada do que ela já
tinha visto antes no Golfinho Dançante. Movendo uma delas para a bandeja, ela
notou um ovo vermelho e dourado brilhante postado atrás da caneca. Parecia o
tamanho de um ovo de galinha comum, mas brilhava com ouro real e algo estranho
e poderoso zumbia sob as pontas dos dedos de Ivy quando ela o tocou.
Isso
não é seguro, Ivy pensou consigo mesma, pois não
era boba. Ela olhou pela janela, mas não viu sinal da velha bruxa ou de seu
amigo. Isso era algum tipo de teste? A coisa mais inteligente a fazer era
deixar o ovo lá ou talvez entregá-lo a Patross e ver o que aconteceria. Mas ela
pensou nas palavras do velho... você será
capaz de viver com a curiosidade do que teria acontecido, se você deixar assim?
Ivy pegou o ovo Fabergé,
colocando-o no bolso do avental...
- Eleanor Ferron
Este conto é um pequeno
aperitivo para o lançamento de Pathfinder Lost Omens Legends, que será lançado
dia 30 de julho.
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