sábado, 29 de março de 2008

Quadrinhos

Torre Negra lançado pela Panini


A Panini está mais uma vez inovando e colocando nas prateleiras de nossas bancas uma obra de grande qualidade. Nada mais nada menos do que a maravilhosa série "A Torre Negra" do renomado Stephen King. King sempre foi reconhecido como emérito autor de obras de suspense e terro tais como "O iluminado" e "O vidente". Mas muitos se supreenderam quando o descobriram que o tema desta série seria um pistoleiro.


Grande fã de Tolkien - confessado por ele mesmo no prefácio revisado de "A Torre Negra, O Pistoleiro" - empenhou-se, por quase trinta anos, na produção desta série que percorre sete volumes e milhares de páginas.
Nesta obra ele apresenta o pistoleiro Roland Deschain de Gilead. Nosso protagonista está em perseguição ao "Homem de Preto" por um mundo que mescla o velho oeste americano e maravilhas tecnológicas. Por mais difícil que pareça está mescla ganha vida palpável nas mãos de King. Num e-mail enviado à Marvel (por onde foi lançada a história nos Estados Unidos) ele afirma que sempre teve vontade de lançar sua série em quadrinhos, principalmente depois de ver o resultado de Watchmen.
Os sete volumes são:
  • O Pistoleiro
  • A Escolha dos Três
  • Terra Devastada
  • Mago e Vidro
  • Lobos de Calla
  • Canção de Susannah
  • A Torre Negra
Como estamos na onda do nem tão novo lançamento "Piratas e Pistoleiros" da Jambô Editora torna-se uma ótima opção de leitura como prévia para a leitura dos livros ou como fonte de inspiração para aventuras em Smokestone.
Leia a carta aberta de Stephen King e veja sua visão do lançamento de "A Torre Negra" em quadrinhos.

Mundo D20

Vamos jogar Detetive?!?!


Quem nunca passou uma tarde inteira, ao redor de um tabuleiro. Verdadeira febre desde os anos oitenta, os jogos de tabuleiro fazem parte da vida de pelo menos três gerações. Desde o lendário Banco Imobiliário, passando por War I e II, Combate e Jogo da Vida. Quem disser que nunca jogou perlo menos um deles é um mentiroso....!

Que acham de unir o prazer dos jogos de tabuleiro com o universo do RPG. Bem.... alguém pensou exatamente nisso. Foi lançado - a algum tempo - o Dungeon and Dragon Clue. Segue o mesmo esquema do lendário jogo Detetive. No jogo original tinhamos de descobrir quem era o assassino, a arma do crime e o local. Nesta versão rpgística, com algumas alterações, a sistemática é a mesma. Todos os elementos foram passados para a temática da D&D.


Estamos no castelo de Korinon, quando ele é assassinado por um Doppleganger disfarçado em um dos personagens. Daí em diante segue "quase" o mesmo sistema do jog clássico. Uma das diferenças é que podemos nos deparar, no decorrer das investigações, com inimigos que teremos de derrotar. É diversão garantida!!!

Para outras informações veja o site da Board Game Geek. Outra dica é o ótimo blog Ooze, onde descobri está notícia.

Diário de um Escudeiro - 3

Sétimo dia de Cyd de 1392.

Azgher está postado bem no meio do firmamento. Já recebi um farto almoço com muito mais do que imaginava necessário para alguém comer. Mas de qualquer forma isso só é mais uma prova de que a “boa impressão” que o nome de Sir Constan continua fazendo efeito.

Acordei muito cedo. Me acostumei a acordar junto dos primeiros raios de sol na vida que levava no campo. Mas desta vez fui despertado pelo nervosismo. Passei boa parte da manhã recostado em uma cadeira olhando o vai-e-vem pela janela do meu quarto. Estou no terceiro andar da estalagem, o que me proporciona uma ótima visão de uma boa parte da cidade. Palthar não possui muitos prédios altos, posso ver à uma boa distância por cima dos telhados.

Mas de qualquer forma eu alternei minha atenção entre a correria das pessoas pelas ruas da cidade e o Medalhão que recebi e presente. Cada vez que o olhava com mais atenção novos detalhes percebia. Meu avô deve ter sido muito querido por aquele anão para receber tamanho presente.

Será que um dia terei conseguido algo parecido?

Não sei. Não tenho muitas certezas nessa vida, como muitos dos meus semelhantes. Uma das poucas coisas que sei é que nesta tarde conhecerei um cavaleiro de verdade. Um seguidor da ordem e da justiça. Um paladino.

o O o


Conheci Sir Constant hoje. Ou quase.

Como determinado em sua carta encontrei-o na residência de sua família. Ele nasceu aqui e como eu é filho do reino dos cavalos.

Fiquei parado por vários minutos à frente do portão de sua casa tentando me adaptar àquilo tudo. Era uma vasta casa que ocupava um enorme terreno nos arredores da capital. O muro alto de pedra parecia ser tão antigo quanto o próprio mundo. Estava desgastado e com ervas subindo aqui e ali. Mas ainda assim tão imponente quanto a moradia.

Logo que atravessei os portões fui recebido por um rapaz um pouco mais velho do que parecia já estar à minha espera. Me acompanhou por todo o corredor de árvores que serviam de passadiço entre os portões e a casa contando-me sobre a história daquela moradia e dos antepassados que ali moraram. Acho que ele falava compulsivamente pois não parou por um minuto sequer. Eram tantas coisas sobre assuntos tão diversos que mal conseguia acompanhar.

Dentre as poucas coisas que consegui guardar na memória estavam que aquela casa já existia a mais de cem anos e sempre pertencendo à família de Sir Constant. Além disso, disse-me que eles eram de uma linhagem de cavaleiros de Khalmyr e que consideravam muito importante pertencerem à ordem. Comentou também que eram muito ricos, mas num quase sussurro, como se fosse assunto proibido. De resto contou sobre as espécies de árvores do jardim, sobre de onde vieram os chafarizes, quantos empregados eram na casa. E esses foram apenas alguns assuntos. O resto não consigo me lembrar.
Quando chegamos na beira da escada de entrada da casa o jovem transformou-se. Parecia que estava possuído por algo. Simplesmente havia tornado-se totalmente diferente do era até aquele momento. No alto da escada estava postado como uma estátua um outro empregado, muito mais velho, com um rosto sem expressão, mas com olhos severos. Ele olhava-nos como quem espia formigas no chão antes de pisoteá-las. Os olhos iam de um para outro de nós.

Ficamos parados ali por instantes até que ele abrisse a boca. “Senhor Tyrias, não é?” e as palavras saiam como desdém. “O mestre não poderá recebe-lo hoje. O senhor será acomodado num dos cômodos na ala dos empregados. Amanhã pela manhã se encontrarão”. E com um aceno com a cabeça o rapaz, que ainda estava imóvel ao meu lado, me indicou a direção.

Quando nos distanciamos o clima melhorou e meu acompanhante voltou à falar, mas em voz baixa. “Aquele abutre miserável... E bom ficar no seu lugar, essa corja é toda igual.....ele ou eles! Fique no quarto bem quieto até amanhã, se quer um conselho!”

E assim estou. Minha diversão foi ficar cuidando as sombras passando de um lado para o outro por debaixo da porta. Fiquei, no mais, isolado aqui. Recebi um prato de sopa e um pedaço de pão de uma mocinha muito jovem, quase uma criança com roupas de empregada.Tudo aqui está no mais completo silêncio. É mórbido. Com certeza vou dormir cedo.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Reinos de Ferro

União do Vapor - volume 6

Vou me confessar. Logo que foi lançado a trilogia do Fogo das Bruxas (Jambô Editora) e uma matéria sobre o cenário na antiga DB eu não dei muita atenção. Achei até interessante mas não me chamou a atenção. Passou o tempo. Quando a Jambô lançou seu fórum tive contato com o lançamento da revista eletrônica do site "União do Vapor".

Foi amor à primeira vista. Fui jogado de vez no universo de fuligem e pólvora. Foi um caminho sem volta. Muito embora tenha minha preferência em Tormenta e Moreani, tenho um espaço reservado para Reino de Ferro. A qualidade dos textos e as escolhas das matérias são de ótima qualidade.

Estão lançando seu sexto volume cheio de novidades e matérias que, juntamente com o lançamento do "Sem Trégua volume 2", fazem deste janeiro o mês dos Reinos de Ferro.

Não perca!!! Baixe AQUI!!

quarta-feira, 26 de março de 2008

Dragon Slayer

Grande Polêmica com a Dragon Slayer 19

Como muitos já devem ter visto a edição 19 da Dragon Slayer chegou às bancas já faz alguns dias. E junto com ela muita polêmica. Dois foram os motivos dessa polêmica.

O primeiro, que será apresentado mais à fundo em dois dias na resenha que será posta aqui, é quanto à qualidade das matérias desta edição. Em minha opinião ficou muito a desejar. Mas, como disse, me demorarei nisso quando postar a resenha crítica por aqui.

O segundo, e a meu ver que gerou mais discussão, está relacionado a grande elevação do valor da DS. O valor pulou para estrondosos R$ 14,90. Um acrescimo de cerca de 50%. Cruzando o aumento do valor com a baixa qualidade desta edição o resultado só poderia ser um - reclamações. No fórum Jambô, no tópico sobre a edição 19 houveram inúmeras reclamações e muito debate sobre isso. Na comunidade do Orkut dedicada aos fãs da DS há um tópico específico só para reclamações ao preço. Por todo o lugar a polêmica é a mesma.

Não vou entrar no mérito da questão em uma longa análise. Minha opinião foi de que é um absurdo uma elevação tão significativa em tão pouco tempo, ainda mais com uma qualidade tão inferior às outras edições.

No desejo de tentar ter alguma resposta clara sobre isso enviei alguns e-mails à Editora Escala. Demorou três dias mas a reposta veio. Recebi uma mensagem de Vinicius Ribeiro (internet/atendimento). Leia a mensagem abaixo.


"Prezado João,

Em atenção à sua mensagem informo que o preço da revista Dragon Slayer já vinha sendo subsidiado pela editora já fazia algum tempo.
Uma recente alta no custo de alguns insumos utilizados na produção da revista tornaram inviável a comercialização do titilo no valor que estava sendo praticado.

Face a esta realidade, a editora viu-se obrigada a optar entre descontinuar a produção a revista, ou aumentar o preço de capa. Acabamos optando pela segunda opção a fim de continuar atendendo a demanda de seus fiéis leitores.

Atenciosamente,

Vinicius Ribeiro"

Não deixa de ser uma explicação bem plausível. Mas algo muito engraçado (e porque não triste) também aconteceu. Essa mesma mensagem - igualzinha - foi enviada para muitas pessoas que enviaram e-mails reclamando. Eu tenho a tendência a desconsiderar respostas desta natureza. Não podemos levar à sério quando um assunto polêmico como este recebe respostas padrão. Como vamos acreditar neles. Da mesma forma que não se deram ao trabalho de nos enviar uma mensagem demonstrando interesse, também podem muto bem estar dando apenas uma resposta "política" para acabar com a polêmica.
De qualquer forma as explicações estão aí. Cada um tire as suas conclusões.

terça-feira, 25 de março de 2008

Mundo D20


Imagine o que aconteceria se um mundo de fantasia com dragões, duendes e fadas de repente aparecesse em nosso mundo real. Como a humanidade verdadeiramente responderia? Está não é uma versão estilizada da Terra de Harry Potter, ou um mundo ficcionalizado como a Terra Média. Este é o nosso mundo real (com você, sua família, Tolkien e D&D), com todos os problemas sociais e políticos intactos.

Como religiões como o Cristianismo e o Islã responderiam às dúvidas, vindas disso, perante seus dogmas? Ficaríamos felizes ou teríamos medo de sua presença? Um dilema: a magia perturbará nosso mundo de tecnologia? Desejaríamos abraçar um mundo de feiticeiros e troca do ar condicionado, internet e televisão à cabo?


Que fazer com o medo ou ódio àqueles que poderiam aproveitar esse poder? Preferem esconder-se nas cidades de canalização e aço, luzes e calor ou aventurar-se numa paisagem de goblins, dragões, espadas e magia? AMETHYST coloca estas questões, tenta apresentar situações onde são testados e se atreve a explicar como um mundo de fantasia realmente interagiria com o mundo real.

AMETHYST começou como uma simples modificação para uma campanha para D&D. Baseia-se numa idéia de Chris Dias em 1992. Foi desenvolvido como um jogo curto com um punhado de jogadores para não mais de seis a dez meses. O que começou em 2002, teve uma vida própria. Quase seis anos depois o produto final assemelha-se pouco com o conceito original. Quase 400 páginas, com ilustrações dos melhores da indústria como Jason Engle, Nick Greenwood, Katherine Dinger e Jaime Jones, AMETHYST encaminha-se para ser uma obra da mais alta qualidade.

Características:
# 9 raças;
# As classes originais de D&D são mantidas, mas modificadas e reforçadas com 31 diferentes subclasses.
# 8 novas classes “techan” onde jogadores podem usar armas e conduzir veículos.
# 13 novas Classes de Prestígio. Baixe aqui uma dessas classes de prestígio - Paladino, para Amethyst.
# Mais de 20 novas armas fantasiosas, mais de 90 armas “techan” de revolveres à canhões de partículas.
# Lista de feitiços revisitados.
# Mais de 80 páginas com detalhes.
# Monstros revisitados com demônios, dragões e toda a criatura fantasiosa que imaginem.

Este artigo foi retirados dos sites D20 Magazine Rack (postado em 15/03/2008) e Dias Sex Machina e traduzido por mim.

segunda-feira, 24 de março de 2008

D&D 4ª Edição à caminho!

O site da Wizard of the Coast continua nos mantendo atualizados sobre os lançamento dos três livros principais de D&D 4ª edição. No site Kim Mohan nos comenta: "Todos os três livros do núcleo de regras da 4ª edição já estão sendo impressos, estamos confortáveis para o grande lançamento em Junho."

Agora é contagem regressiva para o grande lançamento em Junho. Pelo que parece a dúvida que tinhamos sobre se seriam lançados separadamente ao longo de três meses ou todos juntos está encerrada. De minha parte ainda não li nada oficial, mas as palavras de Mohan dizem muito.

Revista Tormenta 03

Gorendill – O Conservatório Twilight - p. 02

Quer aprender a tocar algum instrumento musical? Ou que aprimorar aquilo que já sabe? Pois veio ao lugar certo. No Conservatório Twilight tudo isso será possível! Até ouvir uma orquestra formada por professores e alunos

Academia Arcana - p. 04

Dá para se dizer que este foi o grande ensaio para o lançamento do suplemento “Academia Arcana” (editora Jambô). Muito do que foi colocado naquelas 32 páginas foi pensado iniclamente aqui – mapa, tópicos, prédios. Mas não pensem que foi uma simples cópia. Todos os textos foram reformulados em sua maior parte. Nomes sofreram pequenas alterações ou foram especificados - Prédios de aulas teóricas passou a se chamar Templo de Aulas teóricas e a área de Aulas Práticas e Laboratórios passou a se chamar Centro de testes. Esses são apenas alguns pequenos exemplos.


Seniores - p. 10

Hoje todos conhecem Taandus, ou Ignatus, ou ainda a Madame Blavatsky (graças ao “Academia Arcana”). Mas na época do lançamento desta terceira edição causou grande furor a lista (acompanhada de características e fichas simplificadas) dos professores da Academia Arcana.


Espécimes - p. 16

Este é, para mim, um artigo que poderia ser reeditado. O subtítulo “nem todas as criaturas estranhas da Academia Arcana são professores ou alunos...” já diz muito. O artigo mostra alguns dos bichinhos estudados, descobertos ou criados na Academia Arcana. São espécies que demonstram até onde a criatividade do Paladino pode chegar. É realmente hilário.


O Paladino e a Ladra - p. 22

Outro conto do Trevisan mostrando de forma muito interessante o antagonismo gritante entre a honra de um Paladino e o desprendimento de uma Ladra. Aqui poderá conhecer um pouco mais sobre o futuro (na época) fundador da Ordem dos Cavaleiros de Khalmyr. É muito bom... Quem puder leia!

Mapas

Quem não gosta de uma dungeon?!?!

Quase todo o jogador de rpg já passou algumas boas horas explorando uma extensa (ou nem tanto) dungeon (e aqui podemos incluir catacumbas, cavernas, masmorras etc). É historicamente o básico do rpg.

Levavamos horas nos "arrastando" pelo seu chão pedregoso, esquivando de armadilhas, matando os mais diferentes monstros e arrecadando toda e qualquer riqueza que houvesse. Eram horas mágicas.

Com o tempo fui querendo fazer as minhas dungeons. Queria criar cada metro a ser percorrido pelos jogadores do meu grupo. Queria preparar cada armadilha e arquitetar cada elemento misterioso dela. Daí veio a realidade. É muito trabalhoso - em todos os sentidos.

Muito jogador fica desanimado apenas na mensão de criar um complexo de túneis. E não podems censurá-los. Por isso tive a idéia de disponibilizar mapas básico que eu venha a encontrar pela rede. Assim uma etapa do processo será pulada. E existe muito material bom disponível.

Começarei com um mapa bem básico de um conjunto de túneis e salas chamado de "The Storeroom Level". Ele é um dos cinco mapas da aventura "Expedition to Undermountain" lançado pela Wizard para D&D em 2007. Como verão ele é extenso e permite que seja introduzido em qualquer aventura que necessite dde uma dungeon. Ele pode servir como um refúgio de anões, ou como catacumbas abandonadas, esconderijo de uma seita qualquer ou qualquer outra coisa. Não há limites usando a imaginação.

Divirtam-se!!! Em breve trarei mais novidades. Baixe o mapa AQUI!

sábado, 22 de março de 2008

Entrevista da Confraria

A Confraria entrevista: Guilherme - Jambô Editora

A Confraria de Arton vai inaugurar a série de entrevistas de nosso blog em grande estilo. Nosso primeiro entrevistado será Guilherme, da Editora Jambô. Ela foi realizada através do Fórum Jambô no dia 21 de março e está sendo colocada aqui na íntegra. Bom proveito.


- Qual o segredo para uma editora fora do eixo Rio-São Paulo ter alcançado tamanho sucesso no mercado editorial nacional (no que diz respeito à RPG) e ser detentora dos direitos de tantos (e tão bons) títulos da linha de RPG?
Bastante trabalho! Como dizem, é 1% de inspiração e 99% de transpiração. Trabalhar em uma editora de RPG é divertido, mas o trabalho aqui não é nem um pouco menos árduo do que o trabalho em qualquer escritório mais "convencional". Bastante profissionalismo também; isto é, embora nosso produto seja, essencialmente, entretenimento, nós temos que levá-lo a sério. Fazer algo só porque é legal é para os fãs. Nós cobramos pelo nosso trabalho, e por isso temos a obrigação de entregar algo bem acabado. Quanto à questão geográfica, é verdade que o eixo Rio-São Paulo é o centro comercial do Brasil, mas isso não chega a prejudicar o nosso trabalho. Algumas coisas são mais fáceis em São Paulo, mas não é nada que alguns telefonemas, muitos e-mails e uma eventual viagem não resolvam. Estamos na era da informação, ora!


- Há espaço para uma editora de RPG como a Jambô crescer mais ainda no Brasil?
Muito! O Brasil é um país gigante, com um povo bastante receptivo a produtos de qualidade. Este ano iremos publicar os primeiros livros de RPG independentes da Jambô, que atingirão um público maior do que nossos títulos anteriores, levando o nosso hobby para diversas pessoas novas. Também iremos concluir nossa primeira trilogia de romances — mas não vamos parar por aqui, no que se refere à literatura.


- As duas principais linhas da Jambô - no que diz respeito à RPG - são Tormenta e Reinos de Ferro. Muito embora ambos sejam direcionados ao publico jogador e amante de RPG elas possuem suas características próprias quanto ao público que vão atingir. Quais as diferenças (quanto a cuidados de produção, lançamento, escolha de títulos, acabamento) que a Jambô tem no tratamento à esses dois segmentos?
O cuidado é o mesmo, afinal cada livro é um filho para nós, e todos sabem o que os pais sempre dizem quando pergutam de qual filho eles mais gostam. Tormenta é o cenário de RPG mais jogado no Brasil, e atinge uma fatia imensa — e variada — de pessoas. Por causa disso, uma de nossas preocupações com Tormenta é deixá-lo acessível às pessoas; em outras palavras, não fazer livros muito caros. Um exemplo é o guia básico do cenário. Publicando em duas partes (o Guia do Jogador e o Guia do Mestre) conseguimos que os jogadores possam comprar apenas o que lhes interessa, sem ter que gastar dinheiro com o material que não lhes seria tão útil. Já em relação aos Reinos de Ferro, em grande parte seguimos os formatos usados nos Estados Unidos. Ainda assim, a série Sem Trégua, que só existe no Brasil, é algo que fizemos exclusivamente para trazer mais material para o público brasileiro de uma maneira acessível, mas mantendo a qualidade que é marca registrada do cenáro.


- Pelas manifestações dos rpgistas em geral ligados à Tormenta - seja no Fórum da Jambô, nos Encontros Aleatórios da DS ou nas inúmeras comunidades do Orkut - os Reino de Moreania (lançado inicialmente na DS 01) agradaram muito à todos. Como a Jambô viu este "adendo" à Tormenta quando de seu lançamento? Vocês acreditavam que seria tão bem recebido pelos jogadores de Tormenta? Podemos esperar uma parceria mais profunda, visto que será lançado “Reinos de Moreania”?
Os Reinos de Moreania agradaram a muitos fãs de Tormenta — mas não a todos. Isso é natural, afinal, quando uma pessoa conhece determinada coisa ela forma uma opinião, e quando vê surgir algo diferente relacionado a essa coisa é comum um sentimento de rejeição. Para esses, eu digo o seguinte: não tomem uma decisão baseados apenas em preconceito — ou seja, julgar algo antes de fazer uma análise de suas características. Leiam os artigos sobre os Reinos de Moreania na revista, ou leiam o livro quando ele for publicado. Se ainda assim não gostarem, ok, é só não usar em seus jogos! Quanto à nós, é sempre legal ver o cenário crescer. Os Reinos de Moreania e Tormenta são relacionados, mas independentes. Isso significa que as principais histórias de um cenário não terão grande influência no outro, de modo que os jogadores de um dos continentes não precisarão, necessariamente, conhecerem ou se preocuparem com o outro para desenvolverem suas histórias. No entanto, para aqueles que quiserem misturar, temos certeza de que os Reinos de Moreania têm muito a acrescentar à Arton, e vice-versa! Em outras palavras, cada cenário terá uma linha de produtos, e em princípio não iremos misturar muito. No entanto, "participações especiais" do material de um dos continentes no outro eventualmente irá aparecer (quem leu O Crânio e o Corvo sabe do que estou falando!)


- "Mutantes e Malfeitores" segue uma linha um pouco diferente no que diz respeito ao tradicional cenário de RPG. Muita gente ainda torce o nariz quando se fala de um cenário que não seja tipicamente "medieval" (e isso vem desde o GURPS Supers que não se mostrou um sucesso aqui no Brasil como fora nos EUA). Por que a decisão de investir nele?
Na verdade, GURPS Supers foi um dos suplementos mais bem vendido da linha GURPS, e o gênero de super-heróis é um dos mais jogados no mundo — atrás apenas da fantasia medieval, e empatado com o horror. Além disso, esse estilo de história tem tudo a ver com nosso hobby. Quer dizer, elas envolvem heróis com poderes extraordinários, vilões terríveis, super-tecnologia, viagens dimensionais, magia, psiquismo, monstros, alienígenas... Quer algo mais "rpgístico" que isso? Os super-heróis também estão bastante populares nessa década, tanto pelos filmes de Hollywood quanto por uma nova leva de escritores de HQs, que têm trazido temas novos e interessantes para o gênero. Tudo isso fez com que uma parte cada vez maior do público se empolgasse com esse tipo de material. E como o nosso objetivo é atender o público, nada mais natural que trazer o melhor RPG de super-heróis da atualidade para o Brasil.


- Podemos esperar que "Mutantes e Malfeitores" siga os passos de Reinos de Ferro e ganhe uma série de lançamentos durante este e o próximo ano pela Jambô?
Certamente. Queremos lançar pelo menos um suplemento para a linha ainda esse ano, e diversos no ano que vem. Uma grande vantagem de Mutantes & Malfeitores é que ele é perfeitamente jogável só com o módulo básico. No entanto, sempre há como aprimorar a experiência de um grupo com suplementos (desde que o conteúdo desses suplementos seja bom, é claro). Para as pessoas que quiserem se aprofundar em M&M, estaremos aqui, produzindo material.


- Existe algum título que seria "o sonho de consumo" da Jambô para um futuro lançamento no mercado nacional?
Existem alguns livros publicados no exterior que nós gostaríamos de trazer para cá. De cabeça, posso citar o Conan RPG, da Mongoose Publishing. Além do livro ser muito bem feito, e bastante fiel às histórias do bárbaro, Conan possui uma grande base de fãs aqui no Brasil, que certamente gostariam de um RPG sobre a Era Hiboriana. No entanto, por enquanto, preferimos nos focar em nossos cenários principais, para conseguir trazer pelo menos de dois a três títulos por ano para cada um.


- Umas das grandes preocupações atualmente é o lançamento da nova edição da D&D, para o meio deste ano lá nos Estados Unidos. Quais as expectativas que vocês, como jogadores e editores, têm para este lançamento? Qual será o impacto de seu lançamento no mundo d20, e por que não dizer no mundo do RPG como um todo?
Dungeons & Dragons é atualmente o RPG mais jogado no mundo, mas a cada dia que passa mais e mais jogadores estão migrando para outros sistemas de jogo. Isso acontece por D&D estar se focando em um estilo específico — no caso, simulação de histórias estilo video-game, com os personagens andando de um lado para o outro matando monstros e acumulando bônus. Para aqueles que gostam desse estilo, isso é ótimo. Mas aqueles que preferem outro tipo de jogo estão procurando outras opções — e como o mercado está trazendo essas opções, o público está se diversificando. Por causa disso, o impacto da 4º edição será bem menor que o da 3º (que realmente inovou muito com a Licença de Jogo Aberto), principalmente aqui no Brasil, onde a maior parte dos rpgístas prefere jogos com mais interpretação e história.


- Existe alguma preocupação especial quanto aos lançamentos já anunciados para este primeiro semestre (tanto para Tormenta quanto para Reinos de Ferro) frente as alterações que o sistema d20 poderá sofrer com a nova edição de D&D?
Todos os títulos já anunciados serão publicados para a versão 3.5 do Sistema d20. Ou seja, não se preocupem em botar seus livros fora por enquanto! Para o futuro... bem, quando estivermos mais perto iremos anunciar novidades interessantes. Fiquem ligados no site da Jambô e na revista Dragonslayer!


- Para encerrar! O maior medo de todo jogador é a saturação de um cenário. O que podemos esperar para o futuro do cenário de Tormenta? Ou melhor.... como Tormenta estará daqui a uns cinco anos?
Tormenta tem diversas histórias para serem contadas, e nós ainda mal começamos. Daqui a cinco anos, o cenário terá várias trilogias de romances, novas HQs e — quem sabe — uma ou duas séries animadas. E, o mais importante, terá também, uma linha robusta de livros de RPG, para que vocês também possam participar dessas histórias!


Podemos ver que o trabalho não para na Jambô e que muita coisa muito boa vem por aí! O único problema é a espera!!! Essa foi a entrevista com o Guilherme. Esse foi o primeiro passo para a Confraria de Arton. Em breve novas entrevistas! Aguardem.

Diário de um escudeiro - 2

Sexto dia de Cyd de 1392.

Existem muitos tipos de medo. Medo de um inimigo. Medo da morte. Medo da perda. E o medo do desconhecido. Eu sou de Namalkah. Em todo o Reinado quando se houve dizer que alguém nasceu aqui, logo vem a imagem de um cavaleiro cavalgando por nossas maravilhosas planícies e vivendo aventuras e mais aventuras.

A realidade está muito longe disto. Nem todos têm esta sorte. Alguns sortudos, de famílias abastadas com certeza têm tempo de sobra para cavalgar por ali sem se preocupar com nada além de cortejar lindas donzelas e passar a noite bebendo entre seus amigos esnobes e afetados.

Muitos, como eu, vivem em pequenas comunidades – dentre as incontáveis que existem por nossas planícies – levando uma vida dura. Não vou dizer que por isso sou infeliz. Somos felizes. Muito felizes. Acho que muito mais do que esses esnobes empolados. Nosso contato mais íntimo com todos os filhos da mãe Allihanna nos abre os olhos para outro tipo de felicidade. A de estar vivo. A de fazer parte de algo. A de estar sempre aquecido junto ao seio da grande mãe. A de estar unido à toda natureza.

Embora este seja o reino dos cavalos e dos cavaleiros, nem todos podem se dar ao luxo de cavalgar despreocupados. Muitos têm de cuidar e tratar de nossos amados amigos de quatro patas. Esse é o trabalho de grande parte da população. Essa é a nossa vida e o nosso sustento.

Não estou reclamando, em absoluto. Sou um sortudo por ter tido a oportunidade de aprender, como nossas gerações anteriores, todos os cuidados e o amor pelos cavalos e pela natureza. Mas agora, saculejando nesta carroça, tentando equilibrar a pena numa das mãos e na outra meu pote de nankin, indo em direção à Palthar, vejo que somos muito mais numerosos do que imaginava.

E isso é bom, pois aqui Allihanna sempre terá um povo à zela-la.

Já está entardecendo e consigo, ao longe, ver as sobras que indicam onde está nossa capital. Algumas luzes já despontam aqui e ali. Mas quase não consigo enxergar o suficiente para empunhar minha pena. Continuarei mais tarde, na estalagem onde devo esperar até amanhã.
x X x
Já estamos bem no meio da hora da deusa das trevas. Estou com o corpo doído pelo dia de viagem até aqui. Foram pelo menos doze horas de carroça.

Palthar é enorme. Pelo menos me parece. Mas à noite todos os gatos são pardos. A estalagem que meu avô me indicou tem um nome bem sugestivo – “Primeira Parada”. É minha primeira parada nesta jornada, com certeza. A comida foi farta e revigorante. Fico impressionado com as coisas da cidade. São estranhas mesmo. Ao chegar na estalagem logo fui olhado de cima à baixo pelo senhor que a dirige (pelo menos agia como tal). Um homem envelhecido e muito magro. Debaixo de suas grossas sobrancelhas um olhar afiado me escrutinava. Não tenho posses de viagem, sou um simples tratador de cavalos, e isso denunciou minha condição humilde. Tive a impressão que seria enxotado como um cão velho. O olhar de escárnio não era dissimulado. Mas foi só dizer “sou convidado de Sir Constan” que tornei-me uma celebridade dentre os hóspedes. Me senti um rei entre os maltrapilhos... Ainda acho graça do olhar que o infeliz deu ao ler minha carta de apresentação assinada pelo próprio cavaleiro com o intuito de me “abrir portas”. Isso é incrível e triste. Gente estranha.

Mangás

AQUA

Este estupendo mangá tem uma série de particularidades que o tornam único.

Primeiro pelo local se passa a estória. Imagine uma cidade cheia de canais chamada Nova Veneza. Até aqui tudo bem.... mas esta cidade fica em Marte! Isso mesmo, em marte. E é apenas uma das várias cidades neste planeta de “água”.

A segunda coisa interessante é o tema. Não pense que encontrará lutas, raios laser, batalhas sangrentas ou magia. O tema é a busca de uma garota – Akira Mizunashi – pelo seu sonho.... ser uma undine. Como assim o que é uma undine?!?! È a coisa mais importante em uma cidade cheia de canais como Nova Veneza..... Um undine é uma condutora de gôndola.

E isso não é algo fácil. Requer treino, empenho e preparo. E para isso nossa “heroína”, Akira, vai para Marte.

Os onze capítulos de Aqua mostram as aventuras e peripécias de Akira, suas amizades e confusões. Você vai adorar. O visual como um todo é muito bonito. A tradução foi feita para Chrono Scanlator. Para conferir e fazer o download de todos os capítulos podem visitá-los ou conferir também na Manga Center EX. Boa diversão!!!

sexta-feira, 21 de março de 2008

Conto

Conto: "Onde tudo começa "

A chuva, que caía torrencialmente, não ajudava em nada a visão de Eric. Os cabelos molhados caiam sobre os olhos cobrindo-lhe o pouco de visão que ainda tinha. Mas este era o menor de seus problemas. Nem a noite era o pior deles. Seu real problema estava em seu encalço.

- Nada pode dar errado ele disse - resmungava o jovem mago, espremendo-se contra uma parede na esperança de conseguir proteção do frio, da chuva e “deles”.

Os trovões ressoavam na noite e a chuva mostrava-se implacável. O frio penetrava-lhe até os ossos e os dedos dos pés estavam adormecendo. A roupa molhada mostrava-se desconfortavelmente gélida. Tudo dera errado desde que chegaram nesta cidade.
o O o

Eric e Cybal tinham a intenção de atravessar todo o território sem chamar a atenção. Não tinham escolha. Sabiam do perigo, mas poderiam viajar longe das estradas principais e em alguns dias estariam em segurança. Infelizmente não contavam com uma coisa – dias à fio de forte tempestade. Isso mudava tudo. Isso atrasava a viajem, o que reduzia as provisões. Somente por isso tiveram de para em uma cidade.

- Nada pode dar errado Eric. É noite. E com esta maldita tempestade nem vão se dar conte de quem somos - sussurrou Cybal ao ouvido de seu amigo - Encontraremos uma estalagem pequena e sairemos antes do amanhecer.

Eric sempre o achara muito mais do que um simples amigo. Somente isto justificaria as loucuras em que se metia com ele.

- Não sei não. Os estranhos desaparecimentos que vem ocorrendo aqui em Portsmouth desde que Ferren assumiu o poder não me tranqüilizam em nada - bufou Eric - Dizem até que os amantes da magia não estão seguros aqui. E só quero lembrar-lhe que sou um deles, viu?

- Eu não gosto mais do que você de estar aqui - disse com os dentes cerrados, já cansado das reclamações do amigo -, mas como chegaríamos em Hongari sem passar por aqui. Confie me mim. Nada pode ser tão ruim assim.

Com os capuzes baixos, sobre os rostos, tentavam permanecer incógnitos. Só levantam a cabeça na esperança de encontrar a placa de alguma estalagem que se mostrasse discreta. As pessoas, nas ruas, eram poucas, tanto pela hora quanto pela chuva. Até agora a presença deles não fora notada.

Atravessavam as ruas lentamente, num cavalgar desinteressado, como se andassem à esmo. Ao dobrar numa esquina encontram um lugar que parecia perfeito – Taverna Grifo Raivoso. O nome causava um certo desconforto, mas não era muito grande e parecia ser pouco freqüentada. O lugar perfeito.

A está altura já não havia ninguém na rua. Suspeitavam ser quase meia-noite. Desceram dos cavalos e pegaram suas parcas bagagens. De dentro da taverna vinha uma luz fraca que atravessa as janelas imundas.

- Em poucos instantes estaremos secos, tomando uma boa sopa e bebendo um grande caneco de vinho quente! - exclama Cybal, tranqüilizando Eric.

Ao abrirem a porta de taverna sentiram o calor reconfortante e o forte cheiro de comidas variadas atingindo-lhes como um murro vindo em uma golfada de ar espesso contra seus rostos. Tudo misturado ao forte e denso odor de tabaco. Ambos já se sentiam mais aquecidos, mesmo antes de entrarem. As vozes multiplicavam-se. A música ecoava, agora que a porta estava entreaberta, e alegrava suas almas. “Amanhã estaremos longe daqui. O que poderia acontecer aqui?”, ambos pensaram.

O sangue escorria pelo corte próximo das costelas. A chuva que caia o fazia espalhar-se ainda mais pelas roupas. A dor perturbava a consciência de Cybal. Os últimos momentos pareciam fugir da realidade. Nada se encaixa. Ele não entendia o que estava acontecendo. Mesmo assim só tinha duas preocupações – encontrar Eric e fugir desta cidade.

Há poucos instantes ele e Eric se separaram para tentar despistar a turba que os perseguia. A cidade era nova para ele. Nada lhe era familiar. Não sabia bem para onde correr. “Nunca deveríamos ter entrado neste lugar”, pensou.

A chuva ainda incomodava, mas não tanto quanto a expectativa da perseguição. As árvores e a vegetação ao redor das casas serviam como um bom esconderijo. Mas não o tranqüilizavam ao ponto de sentir-se seguro.
Não se sabia se pela dor, ou pela chuva, ou pela surpresa dos acontecimentos. Mas Cybal não percebeu as sombras atrás dele antes de sentir a pancada. Seu último fio de consciência foi de seu rosto, caindo na lama, próximo à uma bota.

o O o


- Onde ele se meteu? Era para nos separarmos, mas sem irmos muito longe - balbuciava Eric, sentindo ainda a forte pancada recebida nas costas.

Mesmo preocupado ele sabia que ficar parado em qualquer lugar desta maldita cidade seria morte certa. Ainda estavam atrás dele. E não muito longe. Ouvia os grito das pessoas à pouca distância. “Tenho que sair daqui, e logo”, não parava de pensar em meio ao redemoinho de dúvidas e medos.

Recuperando o fôlego e tentando tirar o cabelo do rosto reiniciava sua fuga. Tentava lembrar do caminho que percorreram quando de sua chegada. Mas era uma cidade totalmente desconhecida para ele. E a noite não ajudava muito. “Na rua logo me encontrarão. Tenho de conseguir um abrigo longe dos olhos ou uma informação segura de para onde ir”, eram seus pensamentos e seu desespero.

Percorrendo a rua encharcada chegava ao que seria uma pequena praça cercada de casebres e onde desembocavam várias ruelas. “Ótimo. Agora consegui realmente me perder!”.

Mas o desespero é substituído por uma esperança. “Ela não vai me negar ajuda”. Numa das esquinas, um casebre de madeira havia uma doce velhinha apoiada na janela. O retrato vivo da doce avó esperando pelo neto Ela tinha o rosto sereno e se parecia com a maioria das avós que todos têm. A dele inclusive.

–– Minha senhora!”, Eric falou parando à sua frente totalmente ensopado e tentando regularizar sua respiração. –– Por Marah, preciso de sua ajuda. Eu juro por tudo o que é sagrado e em nome dos deuses. Não fiz nada. Somente entrei em uma taverna esperando um pouco de alimento e calor e tudo saiu de controle. Querem me matar...”

A voz de Eric foi diminuindo aos poucos até sumir em um sorriso mudo. A velha parecia não escuta-lo. Só o que mudava era sua expressão. Ela parecia estar vendo o próprio Megalokk. O horror em seus olhos crescia da mesma forma que o grito em seus lábios:

–– Socorro. Um mago!

Eu não acredito. Isto é uma cidade de loucos. O que raios está acontecendo aqui?”, pensou, enquanto dava meia volta e preparava-se para correr pelo caminho por onde veio – o único que conhecia e sua única saída.

Dando meia volta sobre os calcanhares percebia que as janelas das casas próximas entreabriam. A reação era imediata. Todos espiavam por frestas como se temessem abri-las. Sua surpresa começava a transformar-se em novo pavor. “Estou numa cidade de loucos. Tenho que sumir daqui”, eram as únicas palavras que invadiam seus pensamentos.

Já havia iniciado a fuga daquele beco infernal quando teve noção exata do tamanho do seu problema. Sua única saída acabava de ser bloqueada. Cinco figuras estavam entre ele e a próxima rua. “Por Wynna, o que falta acontecer?”.

Eric continuava a avançar, agora mais lentamente. A chuva continuava a cair. Suas roupas pesavam mais que o normal, e isso lhe causava desconforto. A distância ia diminuindo e as figuras tornaram-se mais nítidas. De borrões, ao longe, tornam-se claras. Eram cinco milicianos. Iguais ao que ele e Cybal haviam visto guardando os arredores da cidade.

Um suspiro de alívio veio aos seus lábios. “Wynna olhou por mim. Tenho a quem pedir auxílio”, pensou aliviado.

Percebendo quem são as figuras começou a apressar o passo para encontra-las logo e pedir sua proteção imediata. Na sua cabeça nada melhor do que aconselhar-se com representantes da lei e desfazer qualquer confusão que tenha criado aquela situação.

Os cinco soldados permaneceram parados, na chuva, observando seus movimentos. Um deles, o mais à frente, inspirava ser o líder. E para ele era que Eric se dirigia. Com um sorriso sincero no rosto ele levantava as mãos ao céu.

–– Pelos deuses, como estou feliz em encontra-los. Deve estar acontecendo alguma confusão. Vejam só. Eu e um amigo recém chegamos a esta cidade e estamos sendo caçados como uma peste. Deve ter alguma dupla de criminosos que se parecem conosco. Nós entramos numa ‘tavern’...

Novamente sua voz foi sumindo. Mas não devido ao rosto dos homens à sua frente – como ocorreu com a velha senhora – pois seus semblantes continuam impassíveis. Mas ao que acabara de perceber. Um dos soldados, o mais à esquerda e afastado, arrastava algo. Parecia um saco de batatas. Mas aos poucos aquilo que parecia um saco de batatas tornou-se nítido. Era seu amigo. Cybal estava imóvel, sendo arrastado ao lado do guarda, suspenso apenas pelo punho e seguro com desvelada raiva pelo miliciano.

Mesmo sem ter um espelho conseguia perceber seu rosto empalidecendo. Estava sem ação. O homem ao qual se dirigira – o suposto líder – não mudou de fisionomia um só instante. Frente ao jovem mago, estupefato, ameaçou um breve sorriso – de escárnio ou prazer.

Calmamente ele deu um passo na direção de Eric.

–– Nós sabemos do enorme equívoco que aconteceu nesta noite. O equívoco de dois infelizes desavisados que entraram num lugar imaculado. Para que? Para sujar nossas ruas com sua imunda presença. Para nos iludir e tomar nossas almas. Mas este equívoco será resolvido - As últimas palavras do enorme soldado vieram acompanhadas de um descomunal murro que jogou Eric para trás.

Ele cambaleou por dois metros e caiu de joelhos. Estava desorientado. Tonto. Não estava entendendo mais nada. Só havia pavor em sua mente. Não percebia mais nada ao seu redor. Desejava apenas nunca ter entrado nesta cidade.

A chuva que caia lentamente lhe trazia de volta à razão. Aquelas cinco figuras agora estavam ao seu redor. Terrivelmente próximos. As janelas não estavam mais abertas. Todos sabiam o que iria acontecer.

–– Por que? Só gostaria de saber isto? Por quê?

–– Nosso senhor abriu nossos olhos para o que realmente são – disse calmamente o soldado. –– Ele quer todos vocês presos para interrogatório que ele pessoalmente se agrada em realizar.

–– Mas você tem sorte, meu caro - falou aquele que segurava o braço de Cybal desfalecido –– Não terá de viajar até a capital para isto. É muito demorado e cansativo. Vamos poupa-lo disto.

–– Exato. Não queremos criar um desconforto para o senhor. Nem queremos incomodar nosso amado mestre.

–– Nós gostamos de cuidar de nossos problemas por aqui mesmo - exclama um outro deixando claro, em sua voz o sarcasmo. –– E faz tempo que não nos divertimos.

As agressões começaram. A pouca prática nas artes mágicas e a inabilidade total com os punhos não prepararam Eric para isso. Um a um eles surravam-no. Mesmo munidos de espadas e adagas queriam sentir o prazer de acabar com o jovem mago com as mãos.

Eric já não sentia as pancadas. Só esperava pelo momento derradeiro. E orava para que ele não demorasse muito em ir de encontro à bela Wynna.

O maior dos soldados ergueu o mago pelo pescoço, colocando-o de pé. Olhando fixamente em seus olhos enquanto, com a outra mão ele desembainhava calmamente um punhal que estava na cintura. Os outros soldados aproximam-se mais para vislumbrar o macabro espetáculo que estava preste a iniciar. Os breves instantes alongavam-se agonizantemente. “Não demorará muito agora”, foi o que pensou.

Ele só sentia os pingos da chuva atingindo-o. Não sentia dor. Não sentia frio. Mas nunca se sentiu tão sozinho. Forçava-se em abrir os olhos para pelo menos ver o que lhe aconteceria.

Conseguia ver todos os guardas ao seu redor formando um semicírculo de cruéis espectadores. Todos prontos para aplaudir seu sangue derramado.

Mas algo aconteceu. Algo inexplicável.

O soldado da sua esquerda, que sorria de forma doentia, estirou os braços de repente. Seu rosto embrutecido passou da alegria ao olhar vazio da morte em um instante. De sua boca correu um fino filete de sangue. Os outros não perceberam até ele atingir o chão de joelhos.

A surpresa fez com que os milicianos passassem a atenção do mago para o corpo já sem vida caindo ao chão. A figura que permaneceu de pé, protegida pelas sombras atrás do corpo que caiu, desapareceu quase tão rápido quanto apareceu. A surpresa foi desnorteante.

Quase tão rápido quanto à primeira investida foram as seguintes.

De meio à escuridão zuniu uma flecha que atingiu de forma certeira o pescoço de sua vítima. Outro dos guardas caia.

Sons saiam de todos os lados como se a escuridão tomasse vida. A chuva atrapalhava a localização. Os sons pareciam estar cercando-os. O pavor tomava conta do olhar dos guardas nos poucos segundos que seguem.

Sem aviso, de ambos os flancos, sons leves mas rápidos, de passos denunciavam uma nova investida. As sombras que avançavam demonstravam a leveza que figuras tão dispares podem ter. De um lado uma sombra gigantesca, como de uma montanha que se movimenta pela escuridão, empunhando um enorme machado. Do outro uma sombra igualmente rápida, mas extremamente delgada e graciosa, empunhando uma espada. As duas passaram pelos infelizes milicianos acertando-os e tirando-lhes suas vidas com a mesma rapidez com que surgiram. O grande guerreiro lançou o corpo de sua vítima muitos metros adiante com um golpe violento mas silencioso. Já a sombra menor, de forma certeira e comedida, aplicou um golpe que pareceu nem atingir o alvo. Mas ele estava certamente morto como seus vis companheiros.

Tão rápido quanto surgiram desapareceram, as duas velozes sombras, na escuridão.

Num instante o grande miliciano que ainda segurava o pescoço de Eric percebeu-se sozinho no centro de quatro cadáveres. Ele ficou imóvel como um animal acuado que sabe que o caçador o espreita na escuridão. O medo de olhar em volta encheu-o de pavor. O suor molhava seu rosto mais do que a chuva. O aperto de sua mão contra o pescoço do jovem mago era trêmulo.

–– Solte-o rapaz - ordenou uma voz rouca e feminina colocando a ponta da espada na nuca do guarda.

–– Está acabado por hoje - outra voz, também feminina, surgiu de um dos lados mostrando-lhe, pela escuridão, a ponta de uma flecha pronta para o lançamento.

–– Eu as ouviria... - e uma voz que mais parecia o soar de um trovão atingiu-lhe vindo da figura gigantesca que só pelo contorno parecia ser humana.

–– Acho que ele não vai soltar. Aposto um tonel de vinho que ele não é inteligente o suficiente!
- Eu aposto que ele vai é precisar trocar as calças....

–– Vamos cortar sua mão de uma vez.

Duas vozes conversavam, uma feminina e outra animalizada, vindo de dois vultos de trás do quase inconsciente mago.

–– Acalmem-se. Todos sabemos o que devemos fazer e nosso querido amigo aqui também sabe que deve desistir - disse uma voz muito suave e baixa, mas extremamente clara, que vinha de uma figura aproximando-se calmamente pelas sombras em um manto muito escuro.

A mão abriu e o mago foi ao chão sem conseguir manter-se de pé devido aos ferimentos. O soldado não conseguiu sequer abaixar seu braço, nem parar de tremer.

Eric, de joelhos elevou os olhos e viu quatro figuras apontando suas armas ao redor do soldado que ainda estava vivo.

–– Você teve sorte meu caro - dizia o enorme guerreiro empunhando seu descomunal machado –– Você teve muita sorte. Só sairá daqui vivo para dizer à todos os outros que isto está prestes a acabar.

–– Sangue inocente não será mais derramado impunemente - disse uma das figuras menores, brincando com a ponta da adaga no cinturão do soldado.

–– E Ferren será detido - disse a arqueira de forma graciosa enquanto brincava com a plumagem de uma de suas flechas.

Eric sente que suas forças o abandonavam de vez. Mas não antes de ver uma das mulheres do grupo acertar a cabeça do miliciano com a empunhadura de uma adaga.

Desacordado o guarda vai ao chão.

Quase ao mesmo tempo o jovem mago perde os sentidos.

o O o

O sol brilhava e aquecia o ar. Eric estava acordado e sentado dentro de uma carroça. O balanço do transporte ainda o fazia sentir um pouco de dor em várias partes do corpo. Mas sentia também que lhe foram aplicados certos métodos mágicos de cura, ou estaria em situação bem pior. Cybal ainda não havia acordado – seus ferimentos haviam sido bem piores. Calcula que já se passaram alguns dias desde os terríveis acontecimentos. Dias estes que se perderam em sua memória.

Lembrava muito pouco. Apenas pedaços de visões misturadas. Lembrava de ser carregado pelo guerreiro gigantesco. Lembrava de uma bela senhora com longos cabelos loiros e veste brancas aplicando-lhe compressas na fronte. Lembrava de alguém, com um pingente que mostrava um pássaro em chamas alçando vôo, sentado ao seu lado e rezando à algum deus.

Depois disto só se lembrava de ter acordado dentro da carroça. O condutor só soube dizer que o entregaram logo após a fronteira de Hongari e lhe pagaram muito bem para leva-lo em segurança até Triunphus.

Além disso, o condutor havia recebido um bilhete para entregar-lhes quando acordassem. Eric guardou-o com carinho após lê-lo. O bilhete só possuía duas frases.

“Conte a todos o que aconteceu. Nunca mais deixaremos que se repita”.


João "0 escriba" Brasil
Nota: Esté o conto introdutório do suplemento "Os Caçadores de Abutres". Em breve novas notícias!!! Aguarde.

Ordem do Graveto

Quem levaria à sério algo chamado "Ordem do Graveto" (ou "Order of the Stick" em inglês, criação de Rich Burlew). Pois é exatamente isso. Não é para levarmos à sério. É, sim, para nos divertirmos. A Ordem do Graveto é exatamente o que seu nome diz. É uma "ordem", um grupo, um bando de aventureiros de rpg aventurando-se por masmorras infestadas de tudo aquilo que nos adoramos odiar.
Está incrível HQ representa um grupo de PCs em sua forma mais simples - bonequinhos de pauzinhos. Juntos eles exemplificam, de forma hilária muitas das coisas que nós vemos em nossos jogos. Normalmente nos identificamos com algum deles ou identificamos aquele nosso colega chato... As regras e as situações são tratadas de forma magistral nos levando para dentro de um universo satirizado em grande estilo.
Traduzida para várias línguas, também tem sua versão em português. O blog The Order of the Stick tem um projeto em andamenmto, disponibilizando todas as segundas, quartas e sextas-feiras HQs novinhas. O blog já conta com 94 historinhas (de uma página cada) postasdas até o último dia dezenova de março deste ano.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Diário de um escudeiro - 1

Quinto dia de Cyd de 1392.

Estou completando dezessete anos hoje. Na verdade não estou. Faço aniversário daqui exatos 30 dias. Mas como não estarei mais por aqui resolvi começar a usar meu presente. A maioria de nós, quando completa mais um ano de vida não têm muita chance de ganhar algo. Algo material, quero dizer. Somos pessoas simples - pelo menos por aqui. Mas muito felizes, com a graça de Lena e a benção de Allihanna.

Mas neste ano foi diferente. Já estava acostumado com o nosso tipo de festividade nos aniversários. Todos os moradores da vila vão para a casa da família do aniversariante. Cada um leva algo para realizarmos uma bela e farta janta. A alegria é nosso presente.

Mas este ano foi diferente. Talvez por ser o começo de algo diferente também. De qualquer forma foi diferente. Acordei nesta manhã com meu avô sentado aos pés de minha cama. Tinha nas mãos um embrulho um pouco maior do que um palmo. Era de uma cor vermelha viva, meio desgastada, mas ainda conservando uma certa beleza. Era um retalho na verdade. Percebi quando tive o embrulho nas mãos. Não tínhamos o costume de dizermos muito um ao outro. Mas isso não significava que não éramos ligados. Muito pelo contrário. De tão próximos, diziam, bastava nos olharmos para sabermos o que fazer ou o que o outro estava pensando.

Recebi o embrulho em silêncio e em silêncio o abri. Era um livro. Quando o folhei o percebi com as páginas em branca. Vazias. Logo o olhei com uma pergunta em mente. Mas a resposta veio antes das primeiras palavras saírem de minha boca.

“- Não é um livro. É um diário. Amanhã toda a sua vida será diferente. E isso não pode se perder na memória. Hoje podes lembrar de tudo o que fizeste desde que ainda engatinhava por entre as patas dos cavalos lá fora. Mas com o tempo pequenas fatias, pequenos detalhes vão sendo guardados cada vez mais no fundo do baú de nossas lembranças. Quem me dera eu tivesse um deste nos meus bons tempos!”

Meu avô era o orgulho de nossa pequena vila. Havia servido por muitos anos como escudeiro de um grande cavaleiro servidor de Khalmyr. Havia participado de grandes aventuras e sobrevivido para envelhecer junto da família e para contar histórias aos pés da lareira de nossos vizinhos. Mas sempre reclamara de que muitos detalhes de grandes aventuras estavam aos poucos escapando por entre os dedos da memória e se perdendo no vazio.

De dentro do diário escorregou algo que caiu sobre o cobertor, no meu colo. Era uma pedaço de metal redondo preso em uma corrente. Ambos prateados. Olhando com mais cuidado vi duas figuras, uma de cada lado. Eram imagens perfeitas. Quase que pinturas em alto relevo sobre a placa de metal. Olhando com maior cuidado percebia que não era uma simples placa de metal. Era um medalhão finamente talhado.

De uma lado estava havia a imagem de um imponente cavalo com um igualmente imponente homem segurando fortemente as rédeas. Era como todos nós, destas paragens, imaginávamos Hippion, Deus dos Cavaleiros. Do outro lado havia uma espada sobreposta à uma balança – o símbolo do deus da justiça, Khalmyr.

Num de meus últimos anos de trabalho junto de meu amado mestre, tivemos a satisfação de ajudar, junto de outros Cavaleiros da Khalmyr, um vilarejo às margens do Rio Vermelho, em Callistia. Não vou contar está história hoje. Na tua volta, quem sabe. Mas, naquele dia passamos por maus bocados e até eu tive meu momento de herói salvando um velho anão – e para ele ter braba tão branca deveria ser velho mesmo. Cerca de um ano depois, quando voltamos àquela vila para ver como estavam as coisas Turak (esse era nome do anão) me presenteou com esta medalha. Ele disse que um anão, embora orgulhoso, nunca esquece daqueles que lhe demonstra honra e valor. Turak contou-me que a confeccionou de próprio punho colocando de um lado Hippion, em homenagem à minha terra de origem, e de outro Khalmyr, em homenagem a meu ato. Disse também que havia ido passar alguns meses em Doherimm e pedira para os sacerdotes do Templo do Deus da Justiça, da cidade dos anões, abençoarem esta medalha” – disse meu avô.

Eu olhava a medalha cuidadosamente imaginando cena por cena tudo o que meu avô ia contando-me. Era realmente um trabalho maravilhoso. Era pesada como umas cinco ou seis moedas de prata. Era meio espessa também. Olhando-a lateralmente percebi que haviam vinte espaços demarcados por toda a sua extensão. Todos do mesmo tamanho. E cada qual com uma pequena marca.

Essas marcas representam todos os vinte templos dos vinte deuses que Turak visitou antes de me entregar este medalhão. Ele pediu a benção em todos os vinte templos dos vinte deuses.... e não adiante me olhar assim, vinte mesmo. Quando passares em Valkária, a capital de Deheon, entenderá o que quero dizer com vinte. O anão me disse que muitos amigos lhe deviam favores e assim foi acumulando bênçãos nesta jóia. Nem quero saber como ele conseguiu os favores da deusa da escuridão ou do Senhor das Víboras” – terminou por dizer meu avô.

Não vou negar que fiquei muito impressionado com o presente. Passei horas olhando-o e pensando em como meu avô teve sorte em seus anos de aventura. Será que terei a mesma sorte?

Vamos ver. Ah.... Só para quem quiser que esteja lendo isto, em não sei qual época, saber.... Meu nome é Tyrias. E amanhã irei para Bielefeld. Serei um escudeiro.

terça-feira, 18 de março de 2008

O mundo maravilhoso dos Mangás!

Vamos inaugurar essa seção com uma vista geral sobre o mundo digital de mangas (inicialmente). Como quase todos já devem saber, pelo menos aqueles que curtem esse segmento de quadrinhos japoneses, quase tudo pode ser adquirido via internet. Não que não tenhamos boas editoras de mangas aqui no Brasil (vide JBC), mas o nosso mercado “comprador” de mangas (em bancas) é um tanto reduzido - os fatores vamos discutir um outro dia. O que interessa no momento é que, sabendo procurar, pode-se encontrar quase tudo na rede. Por experiência própria nunca houve um título que eu tenha procurado que não tenha encontrado (claro que algumas vezes eles estão em inglês) com certa facilidade.

Os temas são tão variados quanto a criatividade do povo do sol nascente. Eles vão de elfos à padeiros, de pilotos de robôs à gatos marcianos, de azarados à alquimistas, de magos à samurais. Tudo vira mangá por lá. E muitos (muitos mesmo) sites têm por função (e diversão, diga-se de passagem) procurar, traduzir e disponibilizar esses títulos gratuitamente.

Pelo perfil do jogador de RPG há uma proximidade considerável com o universo dos mangás. As temáticas fantasiosas, os enredos, os arquétipos de inúmeros personagens.... muita coisa atrai os rpgistas em geral.

Aos poucos vou apresentar sites, matérias, títulos e reportagens sobre este tema que me agrada e a muitos jogadores também.

Vou começar, hoje, com alguns sites de que gosto muito.

MANKA: Este ótimo site está na rede desde maio de 2003. Posso me considerar um fã deles. Já faz algum tempo que os conheço e sempre que posso dou uma olhadinha para baixar as últimas novidades....As últimas novidades por lá: Mai-Hime 19; Ichigo 100% Vol. 15; Haru yo Koi 61 e Futari Ecchi 88. Além disso disponibilizam muitos artbooks de qualidade. Os mais acessados são FullMetal Alchemist Artbook e Naruto Uzumaki Naruto Artbook. Confira!!!

MANGA CENTER EX: Se querem variedade dêem uma olhada neste site..... Um grande número de projetos terminados e muitos em andamento. Entre seus principais título os badalados Death Note (já encerrado) e o Naruto (em andamento). Últimos lançamentos: Bleach 314, One Piece 492, Naruto 393 e Claymore 46 ao 63. Confira!!!

ANIME LOVE: Pode parecer coisa de “menina”, mas tem MUITA coisa boa por lá....vale à pena perder um tempinho verificando. Dos últimos lançamentos dêem uma olhada no Ai Yori Aoshi que teve seu capitulo 19 postado(encerrando o volume 2). Confira!!!

CHRONO SCALTOR: Dezenas de títulos disponíveis – concluídos ou em andamento. Este site está sempre com lançamentos novinhos. Neste domingo lanço nada mais nada menso do que dezesseis capítulos, entre eles: Yakitate Japan 124-127, Gantz 269, Biomega 25 e Hajime no Ippo 363-370. Confira!!!

sábado, 15 de março de 2008

Sem Trégua 2 chegou!


Nem se só de Tormenta se vive no RPG!!! A Jambô Editora lançou nesta sexta-feira (14 de março) o tão aguardado volume dois de "Sem Trégua". Em parceria com a Privateer Press chega à nossas mãos mais um conjunto dos melhores artigos lançados sobre o cenário Reinos de Ferro.

O primeiro volume, lançado no segundo semestre de 2007, já havia sido um grande sucesso entre os amantes da pólvora e da fuligem. E mesmo entre os estranhos ao cenário foi uma ótima oportunidade para verem o que estavam perdendo equem sabe, ingressar neste estupendo e detalhado mundo de fantasia e engrenagens.

As novidades deste lançamento são muitas. Nas suas 64 páginas temos artigos para todos os gostos. A continuação para "Os Encontros Pendrake". Novos equipamentos. Fichas e descrições de tropas dos Reinos de Ferro. Informações sobre a Ordem de Iluminação. Uma aventura completa - "Fumaça na Água". E muito mais!

Com toda a certeza acordarei cedo neste sábado para ir correndo buscar a minha.

P.S.: vantagens de morar em Porto Alegre. Se você não mora por aqui, não se preocupe. A Jambô leva toda a sua linha produtos à você. Pelo site deles qualquer um consegue encomendar seu exemplar e receber com todo o confroto em casa!!!

quarta-feira, 12 de março de 2008

Novos lançamentos da Jambô

Já não era novidade para muitos, mas como o site da Jambô resolver tocar novamente no assuntos dos próximos lançamentos, vamos fazer o mesmo por aqui e informar para aqueles que chegaram de Marte agora.

Hoje, no site da Jambô Editora, foi apresentada novamente a chamada para os lançamentos previstos para o primeiro semestre de 2008.

Para os amantes de Tormenta há lançamentos para todos os gostos.

No meu entender o mais esperado de todos é a aventura "Contra Arsenal". Desde o lançamento de A Libertação de Valkária não tivemos nenhuma nova grande aventura dentro do cenário de Tormenta. Não desmerecendo as aventuras que eram lançadas nas edições da Revista DS com cerca reugularidade, havia o sentimento de que faltava algo grande. E nada melhor do que enfrentar o próprio Arsenal - sumo-sacerdote de Keenn. Este lançamento virá com 80 páginas de pura aventura. Um prévia - ou prólogo - foi lançado na edição 18 da Dragons Slayer. Foi uma pequena aventura (personagens de 7º nível), mas não vou entrar em detalhes para não tirar a graça de quem ainda não a jogou.

Outro lançamento é "Galrasia: Mundo Perdido" que será um suplemento de referência com 64 páginas. Esperamos que venha repleto de informações e referências para podessamos usufruir ao máximo desta ilha misteriosa. Quem que já leu HA nunca imaginou em viver aventuras por lá?

Por último temos "Reinos de Moreania". Este será um módulo básico com 160 páginas e inaugurará os lançamentos sobre Moreania. Desde o lançamento deste continente-ilha ou ilha-continente, na DS 01, a legião de fãs cresceu rapidamente e a muito tempo já pedia desesperadamente alguma publicação que estivesse centralizada neste tema. Com as informações suplementares lançadas à cada mês nas edições da DS a vontade e curiosidade só crescia. Espero um grande suplemento neste título.

Teremos um semestre recheado de lançamentos... Comecem a guardar dinheiro pois acho que ninguém desejará ficar de fora!

terça-feira, 11 de março de 2008

Romance


Por mares nunca antes navegados
PARTE 1 - Um longo prelúdio -
João "o escriba" Brasil



II. Primeiras mudanças


Há algum tempo haviam deixado para trás os últimos sinais de terra firme. À frente somente o desconhecido. Passaram pelas ilhas do Reino de Jade – recentemente destruída em acontecimentos que não lhes foram muito bem compreendidos – sem qualquer percalço. Notaram a incômoda vermelhidão dos céus rasgados por incontáveis relâmpagos na direção de Tamu-ra. Mas até aquele dia ainda havia um certo reconhecimento do espaço no qual estavam navegando. Ainda reconheciam as correntes marítimas e sabiam como encaixar as velas nos ventos da região para irem para qualquer lugar.

A jornada que empreendiam havia sido escolha de Slocun. Isto era o que se poderia chamar de um capricho. Slocun era um capitão vitorioso. Mesmo sendo muito jovem fazia parte de um segmento cada vez maior de grandes navegadores jovens. Em todo o oceano à leste de Arton somente dois capitães, além dele, nestas características, despontavam. Sabiam que existia também um grande território oceânico do outro lado de Tyrondir e que era fervilhante, de escunas à navios de grande porte, e com grandes capitães. Mas o desconhecido para ele estava no norte. A grande barreira a ser transposta estava naquela direção.

Desde que assumiu o Gaivota do velho capitão Kyruin e recebeu-o como seu e transformou-se de um imediato jovem em um jovem capitão, nunca conheceu a derrota. Foram anos, embora poucos, de vitórias e riquezas. Não era ganancioso pelos butins - “A satisfação está nas glórias da vitória” – é o que sempre dizia completando – “e na cara desconcertada dos derrotados”. Mas com o passar do tempo os grandes desafios foram escasseando e, cada vez mais, sonhava com uma jornada ao norte. Nem que fosse para voltar e dizer que não existe nada de interessante por lá.

Uma vida vitoriosa sempre trazia algumas vantagens. E entre elas está a cega dedicação dos homens que vislumbram em seu capitão todas as qualidade que os levaram à tantas vitórias - a imagem do líder propriamente dita. E isto era algo inquestionável em Joshua Slocun.

Por todas essas razões, além de que normalmente os homens do mar têm um apetite que beira o insaciável pelo desconhecido – tanto faz se pelas riquezas que estão nele ou por suas maravilhas – fez com que o Gaivota rumasse para o norte.

Mas o ambiente de normalidade estava começando a mudar bem lentamente. Algumas rajadas de vento trocavam de sentido sem aviso e outras surgiam do nada igualmente sem aviso. Correntes marinhas, que antes dirigiam-se para o norte, lentamente rumavam para nordeste. O timoneiro Kankar por mais de uma vez reportou ao mestre que a condução estava exigindo gradativamente mais atenção dele do que de costume.
E isso era só o começo.


- Homem ao mar! Homem ao mar! – gritava o pequeno Listian do alto da gávea.

Mal passara do almoço e muitos homens estavam sonolentos ou cochilando após uma farta refeição. Acharam, assim, que os sonhos haviam invadido sua realidade. Slocun e mestre Tugar saíram rapidamente da cabine, onde conversavam rotineiramente após a refeição entre as largas baforadas de seus cachimbos. Correram em direção ao mastro da gávea. Olhavam de um lado ao outro tentando enxergar o alvo do alerta do vigia. Muitos outros faziam o mesmo e um pequeno grupo já se amontoava na proa.

- Fale Listian! – gritou Tugar.

- Um corpo imóvel na água junto de destroços – respondeu o vigia que permanecia com uma luneta no olho – pouco mais de meia milha.

- Por Oceano, o que estaria fazendo aqui neste fim-de-mundo – sussurrou Tugar entreolhando o capitão.

- Um pouco de emoção. Nem acredito! E tu que disseste que não veríamos viva alma nestas paragens, hein? – dizia enquanto cutucava o mestre com o cotovelo e pegava a pequena luneta no bolso – E não é que é mesmo um homem – resmungou.

- Ordens, senhor? – disse Tugar já virando de costas e encaminhando-se para a ponte.

- Vamos ver o que nos espera ali. Mestre, diminua a velocidade e vamos traze-lo à bordo.

- Vocês ouviram, bando de tartarugas anêmicas. Recolham as velas! Timoneiro, coloque o navio ao largo do infeliz, deixando-o à estibordo! Preparem para descer o bote e coloquem alguns ganchos lá! Quero três homens neste bote! Chamem Syan lá embaixo e peça para trazer sua bolsa! Rápido seus molóides.

A correria foi geral mas estranhamente ordenada. Cada um sabia o que fazer, onde estar ou como não atrapalhar os outros. Deste modo as velas foram baixadas rapidamente. Primeiro no maior. Depois na mazena. Em instantes o bote estava pronto e com seus tripulante aprumados dentro dele. Alguns marujos, mais prevenidos, já haviam preparado algumas espadas e adagas – por via das dúvidas.


- Onde é o incêndio para me acordarem a esta hora da tarde!? – gritava Syan enquanto esfregava os olhos com as mãos e trazia na cabeça o cabelo completamente despenteado. Ele surgiu correndo o quanto seus trajes permitiam. Era uma figura singular naquele ambiente. Vestia um pesado manto negro com sutis detalhes brancos à toda volta. Era jovem como grande parte da tripulação, mas nos olhos trazia a serenidade do conhecimento advindo de muito estudo. Trazia consigo uma bolsa grande, volumosa e surrada de couro no ombro.

- Acho que temos algo para você, dorminhoco – disse Slocun – Um corpo no mar. Seus préstimos serão necessários aqui mais do que no mundo dos sonhos.

- Aqui? No meio do nada – isso foi o bastante para tira-lo da sonolência e dar-lhe um ar de irriquieta curiosidade.


Os homens no bote iam equilibrando-se da forma que dava enquanto eram lançados vagarosamente ao mar. Todos os homens do navio já estavam apinhando-se nas amuradas para conseguir uma boa visão do resgate conforme o navio ia aproximando-se dos destroços.

Ao chegarem perto dos vestígios, e do corpo, notaram que aqueles não eram os únicos destroços. Agora ficava mais claro que eles espalhavam-se por uma grande porção de água por toda à volta.

- Foi um naufrágio senhor? – gritou Listian para o capitão – ou foi afundado?

E isto não era evidente ainda.

Para todo o lado em que se olhasse havia pedaços de tábuas e de mastros, cordas e barris, restos de velas. Mas um único corpo. E era nele que todas as atenções estavam centralizadas.

O resgate foi rápido e sem problemas. Além do corpo os marinheiros gastaram algum tempo recolhendo tudo o que fosse útil para ser utilizado no Gaivota.

Syan, ao receber o corpo à bordo, o conduziu imediatamente à sua sala de estudos – que também era sua cabine - juntamente com Slocun, para uma análise mais pormenorizada. Sua cabine, uma saleta para dizer a verdade, embora fosse um privilégio dentro de um navio, era reduzida mas muito bem organizada. A mesa junto à escotilha recebia toda a claridade necessária para qualquer afazer. Todas as outras paredes estavam cobertas por um contínuo armário abarrotado de livros, vidros e frascos – cheios e vazios - ossos pendurados, espécimes empalhados e pergaminhos. O refúgio, que para Slocun materializava-se na gávea, para Syan era este pequeno aposento.

O corpo mutilado, ainda molhado, foi colocado na mesa. Não era uma visão nada agradável para ninguém.

- O que seu conhecimento pode nos dizer Syan – comentou Joshua olhando o pobre infeliz que jazia no móvel.

Os olhos de Syan corriam de um lado para o outro do corpo, à vezes se detendo em um ou outro ponto. Realizou este vai-e-vem por alguns instantes. Não dizia nada. Slocun sabia que este era o jeito dele e que embora estivesse quase inerte, sua mente estava trabalhando sem parar.

- Parece ser um humano normal. Morreu em combate. Vê aqui a marca de uma espada que trespassou-o? Deve ter sido um bom combate. Mas há uma coisa curiosa aqui. Senhor, me alcance aquela lupa de cima da mesa, por favor – apontando para trás de si enquanto aproximava seu rosto ainda mais do cadáver.

Pegando a lupa Syan investigou o cotoco do braço esquerdo com uma curiosidade que Slocun não entendia.

- Agora está mais claro, embora não entenda como. Olhe aqui Senhor! – Syan aponta para o membro decepado lhe passando a lupa – o que o senhor vê?

- Parece só faltar um pedaço. O que eu deveria estar vendo meu amigo?

- O ferimento.

- Não foi um corte que de tão forte decepou-lhe o braço.
- Não? Não é um corte?
- É uma mordida. E não é de nada que venha do mar, pode ter certeza disso.
- Não poderia ser um tubarão? – Slocun franziu a testa olhando melhor o ferimento.
- Não acredito que possa ser. Os contornos da mordida de um tubarão são típicos. Tem de ser algum outro animal. Algum animal carnívoro, com certeza.

- Mas no meio do nada desta imensidão azul? Como?

Estavam desconcertados e curiosos. Syan continuou investigando o corpo com cuidado enquanto Slocun olhava suas roupas até dar mais atenção ao que estava na mão que ainda existia. O defunto segurava algo que lhe tinha passado quase desapercebido. Abrindo-a com algum esforço puxou um pedaço grande de tecido dobrado.

- Olhe isso! – Slocun foi abrindo um tecido negro. Com os braços esticados abriu o máximo que pode descortinando uma bandeira de um tecido muito fino. Slocun sabia que uma bandeira negra somente significava uma coisa – piratas, como eles. Mas o que o perturbou foi o que estava pintado no seu centro. Ali havia, centralizada, uma enorme representação de uma pata de algum animal – um cão talvez.

- Que significa isto, senhor?

- Gostaria de saber também. Posso não ser muito velho, mas meu conhecimento sobre as bandeiras da maioria dos piratas de toda a região oriental é bem considerável. Mas mesmo assim não reconheço este símbolo.

Syan ia escutando enquanto permanecia em sua pesquisa sobre o corpo. Ora tocava aqui, ora espetava ali. Abriu a camisa esfarrapada do morto e sua reação foi imediata. - Oh, oh!

Mas a intervenção não tirou Slocun de seus devaneios na tentativa de entender o objeto que tinha nas mãos. E a surpresa de Syan também não o deixou perceber que o capitão não havia escutado nada, e continuou a pesquisar.

- Senhor, é melhor olhar isso! – sussurrou Syan.

Mas o capitão continuava pensativo e sem perceber nada a sua volta.

- Senhor! – falou mais alto para tirar Slocun do transe – olhe isto. O que lhe parece?

O capitão caiu em si virando-se para o corpo como que ajustando a visão. Mas conforme sua visão acostumava-se à imagem, ele foi tomado por um susto.

- Pelo todo sagrado Oceano, o que é isso?