quarta-feira, 14 de maio de 2008

Caçadores de Abutre

Caçadores de Abutre
Capítulo 1
Parte 1 - Um pouco de história

"Coragem não é a ausência de medo, mas a percepção
de que há coisas mais importantes que o medo".



Se fossemos reduzir a breve história de Portsmouth à um único termo este seria, muito provavelmente, intriga. Toda a construção de Portsmouth como um reino, propriamente dito, está envolta em maquinações, mentiras e sangue.Originalmente o condado de Portsmouth fazia parte do reino de Bielefeld, bem como a atual União Púrpura. Seu nascimento foi marcado com a chegada da caravana de Thomas Lendikar à costa oriental do Reinado, no ano de 1021. Do ponto de partida, centralizado na cidade de Lendikar, na costa, houve uma vagarosa expansão rumo ao leste do continente. Neste caminho expansionista o reino foi crescendo até às atuais fronteiras de Yuden.

Anos depois foi fundada a ordem dos Cavaleiros da Luz por Arthur Donovan II. A Ordem postou-se na cidade de Norm e deu início a uma lendária história de honra e luta pela justiça – marcas que atravessaram fronteiras levando os desígnios do Deus da Justiça - Kalmyr - a todos os recantos do Reinado.

Desde 1300 a família Asloth, que comandava o condado de Portsmouth, tramava para a desestabilização do reinado dos Janz – então regente de toda aquela região conhecida como Bielefeld. Não se sabe se para tomar o poder do reino como um todo ou se apenas para fragmenta-lo, as maquinações da família Asloth iam enfraquecendo o conjunto que era Bielefeld. Como se bem sabe nada é mais destrutivo do que o constante bater da água sobre a rocha. Da mesma forma Bielefeld não resistiu.

O primeiro resultado foi a independência da atual União Púrpura. Depois de anos de incitação, por parte dos Asloth, a convulsão eminente das regiões bárbaras só foi freada com a intervenção do governo da Capital do Reinado. O primeiro pedaço de Bielefeld era decepado.As tramóias obscuras não se encerraram por aí. As provocações do condado de Portsmouth foram aprofundando-se cada vez mais. Até que Ferren Asloth – então conde de Portsmouth – demonstra sua reais intenções. Ele inicia uma série de ingerências frente ao regente de Bielefeld – Igor Janz. Contratou exércitos de mercenários, promulgou leis e proibio a magia. É a afronta definitiva.

Os cavaleiros da Luz, leais à Janz, investiram contra Portsmouth – para uma solução diplomática - mas foram derrotados pelos exércitos de mercenários que não tinham ordens tão pacíficas. Novas investidas foram preparadas – agora não tão diplomáticas – e realizadas sistematicamente. Um conflito de proporções preocupantes tornou-se visível no horizonte.

Com medo de um banho-de-sangue o Rei Thormy conduziu novamente uma intervenção da Capital do Reinado nos conflitos da região. Portsmouth tornou-se, desta forma, independente em 1389 com Ferren Asloth como seu regente. Ferren saiu-se vitorioso.Muito antes do início de seu governo, Ferren Asloth já era considerado extremamente severo e perspicaz, frio e calculista. Levava seu reino com mão de ferro. E sua maior característica é o ódio gigantesco que carrega pelos manipuladores da magia arcana. E isto teve início muito antes de tornar-se regente. Em sua juventude.

Quando jovem acompanhava, junto de seu pai – Doriann Asloth - um dos inúmeros “espetáculos” que ocorriam em praça pública. Tais espetáculos eram as execuções de rebeldes e insatisfeitos com a liderança da família Asloth.

Neste “espetáculo”, em particular, os torturados eram aventureiros de Bielefeld infiltrados para incitar a população contra os dirigentes do, naquela época, condado de Portsmouth. Quando estava à beira da morte, um deles, um mago, amaldiçoou a família Asloth à morte. “A maldição mataria todos os membros da família Asloth até extingui-la” – praguejou o mago. No mesmo instante Doriann é acometido pela maldição, adoecendo até a morte dez anos depois.Ferren, que assumiu o poder do condado, desde cedo compreendeu o teor do problema que vivenciavam. Não mediu esforços para tentar alcançar uma solução que rompesse os elos que o ligavam à maldição. Contatou e conduziu a sua presença – por bem ou por mal – magos de várias partes do reino. Mas nenhum demonstrou ter o conhecimento necessário para trazer-lhe alguma esperança que pusesse um fim à maldição.

Esta procura incansável e frustrada por uma solução, o tornou extremamente descrente, levando-o até a raiva desenfreada com a classe. Após anos dessa procura desesperada ele mesmo acaba por enveredar-se pelos caminhos obscuros da magia, tornando-se um mago de poder considerável – um segredo guardado à sete chaves até hoje em dia. Depois de muita pesquisa ele descobre a existência do Tomo de Hangpharstyth. Este seria um tomo mágico pertencente a uma poderosíssima maga que viveu anteriormente a vinda dos povos que formariam o Reinado.

Desde então ele instituiu uma ferrenha busca a este tomo. A informação mais próxima que chegou a ele davam conta de que poderia estar dentro da própria região de Portsmouth. Assim criou as leis contra magia. Tanto para tentar adquirir o Tomo, sua única esperança, como também por raiva e ressentimento pela ineficácia dos magos em ajuda-lo.

Seus discursos sempre colocam os magos como malignos, traiçoeiros e perigosos. Prática necessária para levar adiante sua estratégia. E a população mostra-se muito receptiva nesta antipatia para com os manipuladores de magia arcana. O medo xenofôbico que a população de Portsmouth já trazia do elemento estrangeiro vindo de Bielefeld, depois de anos de maquinações dos Asloth, mostra-se extremamente receptivo à figura dos magos. O ódio simplesmente se estende abraçando este novo elemento de forma quase natural. E o carisma estonteante, que a figura de Ferren encerra em si, torna suas palavras contra os magos como marcas irremovíveis da mente da população.

A imagem de poder que os manipuladores de energias arcanas carregam consigo facilmente trazem desconfiança à população normal. A passagem da desconfiança ao medo é um caminho muito curto. E em Portsmouth esse caminho foi muito mais rápido.

Entidades como a Academia Arcana demonstram toda sua insatisfação com Portsmouth tentando encontrar uma solução juntamente ao Rei Thormy. Ao mesmo tempo os Paladinos de Wynna, os seguidores implacáveis da Deusa da Magia, postam-se prontamente para atuar na defesa de seus irmãos. Até mesmo uma guilda de dançarinos das sombras está extremamente preocupada com a atuação de Ferren contra os magos.

Fora isso, outros se organizam. Bem debaixo das barbas do velho abutre.

Um comentário:

João Paulo "Moreau do Bode" disse...

Bem, só agora tive tempo para ler o artigo.

Tá muito legal, ele resume todo o que aconteceu e o que você precisa saber sobre o Velho Abultre e o seu reino.

Quando tu tiver mais tempo, eu lerei o resto.


PS. Sempre imaginei o Conde como um Sr. Burns Artoniano :D