Quadrinhos na Confraria
Capitão América, um traidor
O Capitão América não é quem pensávamos. Esta notícia caiu como uma bomba sobre os fãs da Marvel e de um de seus maiores ícones – Steve Rogers/Capitão América.
A
revista Steve Rogers: American Captain #1, lançada no último dia 26 de maio,
nos Estados Unidos, inaugurou um arco novo e estrondoso arco assinado pelo
roteirista Nick Spencer, com arte de Jesus Saiz. Neste arco descobre-se que o
Capitão América fora um agente infiltrado da Hydra desde sempre. Esta
descoberta foi perturbadora já que o Capitão América, defensor da justiça,
sempre representou tudo de valoroso que havia na humanidade enquanto a Hydra
seria seu completo antônimo, diretamente ligado ao nazismo.
Tão logo a revista foi lançada e as críticas e debates começaram e os executivos da Marvel, para atiçar ainda mais is fãs, declarou que este é sim o verdadeiro Steve Rogers, sem a possibilidade de ser um clone, um ser de outra realidade, um impostor ou estar tendo sua mente controlada.
“Quando você decide fazer algo como isto,
você entende que as pessoas não vão fazer uma festa. Você entende que este é o
tipo de história que irá magoar as pessoas, causar choque e deixar os fãs
preocupados. É o tipo de resposta que você deve ter quando algo assim acontece,
quando você está vendo algo ruim. Então, sim, é o tipo de resposta que eu
esperava, mas em termos de magnitude e o quanto as pessoas estão reclamando, é
algo surreal. Ultrapassou qualquer expectativa que eu tinha. Em termos de
magnitude e o quanto as pessoas estão reclamando, é algo surreal”, declarou
Nick Spencer ao Daily Beast.
As
reações foram tão extremadas que inclusive ameaças de morte foram feitas à ele.
Mas isso não o assusta, levando o caso com muito profissionalismo – “Eu penso que isto vem do fato de que este é
um personagem bastante popular, principalmente após os filmes. É óbvio que ele
representa muita coisa para muita gente. Eles investiram suas emoções no
personagem, o que é algo bom. A pior coisa que poderia ter acontecido seria ver
as pessoas indiferentes ou aceitando isso tranquilamente”.
Ele
acrescenta que o arco não foi algo construído para destruir a imagem do
personagem que acompanha a editora quase que desde a sua fundação, ainda nas
primeiras décadas do século XX - “Veja,
todo mundo que está trabalhando nesta história é fã do Capitão América, todos
nós amamos o personagem. Eu sei que isso não é o que parece. Mas esta história
é editada por Tom Brevoort, alguém que sempre protegeu o legado do personagem.
Ele não me deixaria fazer algo que manchasse o legado do Capitão. É sempre
complicado quando estamos neste ponto da história porque não podemos dizer aos
fãs: ‘Tudo vai ficar bem!’. Porque, certamente, nem sempre é o caso. Mas eu
penso que posso dizer de forma confiante que este é o caso com esta história.
Nossa intenção e nossa esperança é fazer, de uma forma única, algo que reforce
o que todo mundo sabe sobre o Capitão América, o poder que ele tem, o símbolo
que ele representa. Estamos indo por um diferente ângulo, mas isso irá iluminar
o personagem de uma forma que nunca vimos antes.”
Esta
primeira edição do Capitão América mostra flashbacks da juventude do personagem
ainda nos anos 20, quando sua mãe é abusada e uma mulher misteriosa presta ajuda.
Esta mulher em questão é uma representante da Hydra, que acaba filiando Steve
para suas forças. Somos trazidos ao presente com o Capitão América
aparentemente assassinando Jack Flag e dizendo as palavras malditas – “Hail
Hydra”.
As teorias dos fãs sobre o como e o por quê disto são muitas. Alguns spoilers foram apresentados mostrando algumas páginas da segunda edição, onde há a promessa de respostas. Nessas imagens temos o Capitão América, possivelmente em mais um momento de flashback, lutando contra o Caveira Vermelha pela posse do Tesseract (Cubo Cósmico). Em meio a luta o Capitão América arranca o braço do vilão no momento em que ele segura o poderosos artefato, sendo logo depois destruído pelo escudo do herói. A questão é – teria o Caveira desejado algo, já que o poder do Cubo Cósmico é atender desejos ou seria essa mudança um efeito da destruição dele?
A
teoria que parece ser mais coerente com relação às essas mudanças foi
construída pelo crítico de quadrinhos Brett White, onde ele declara que tudo deve
girar em torno do Cubo Cósmico. Na recente mega-saga Stadoff fomos apresentados
à Kobik, o Cubo Cósmico censciente. Na saga ela concedeu novamente os poderes
de Steve Rogers, trazendo-o de volta à ativa. Quando isso aconteceu um outro personagem
estava por perto - o barão Zemo. E foi justamente para Zemo que Rogers declarou
lealdade à Hydra. Curioso, não?
Particularmente eu não tenho problema com este tipo de mudanças, elas sendo bem construídas e embasadas. Quem acompanha a Marvel como eu, à mais de trinta e cinco anos, sabe que nada é definitivo e poucas coisas acabam ficando imutáveis. Já vimos coisas semelhantes (embora não tão emblemáticas) com muitos dos queridinhos da editora como Homem-Aranha, Wolverine, Homem de Ferro, Thor, Jean Grey e tantos outros.
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