A Dragão Brasil #113 chegou..
... o que achamos dela?
Está
é uma seção que eu nunca achei que faria na Confraria de Arton - resenha das
edições da revista Dragão Brasil. Para quem não sabe o por quê deste sensação
explico rapidamente. A revista Dragão Brasil iniciou sua trajetória em 1994,
quando o RPG ainda engatinhava no Brasil. Rapidamente ela foi se tornando
sinônimo de material de qualidade, não que não houvessem outras esparsas ótimas
publicações dedicadas à este hobby ao longo dos anos, mas ela centralizou por
‘n’ motivos a atenção dos rpgistas, garantindo uma vida longa. Foram 123
edições até agosto de 2007.
A
Confraria de Arton inaugurou suas atividades em fevereiro de 2008, ou seja,
poucos meses depois do fim oficial das atividades da Dragão Brasil. Inclusive o
fim da circulação da revista foi um dos motivos que me fez pensar em lançar um
blog, mas esta é uma outra história. Desta forma fica claro que a Confraria
nunca teve o prazer de resenhar a DB... até hoje.
Vamos
lá? Antes de tudo vou explicar como pretendo analisar a revista. Darei notas de
0 á 10, podendo a nota ser quebrada em meio (exemplo 2,5 ou 5,5 ou 8,5 e assim
por diante). Seções como Notícias do Bardo e Pergaminhos dos Leitores, e outras
que venham a surgir posteriormente de mesma natureza, eu não concederei nota,
mas farei igualmente uma avaliação. Ao final farei uma análise do todo com uma
nota que será a média geral das notas dadas!
Capa – Nota: 10
A
arte de Caio Monteiro é uma clara homenagem não apenas ao nome da revista, mas
a primeira e histórica edição de ‘94. Ela trás a mensagem do que o leitor verá
quando folhar suas páginas – RPG e Tormenta. Ela é o maravilhoso wallpaper que
muitos dos financiadores (eu, por exemplo) ganharam junto de sua edição.
Notícias do Bardo & Pergaminhos
dos Leitores – Nota: s/n
Aqui
temos algumas coisas à serem ditas. A primeira, e mais importante na minha
opinião, são os temas da seção Notícias.
Uma de minhas primeiras preocupações quando soube da volta da DB sob a tutela
da editora Jambô era de como seria o tratamento quanto às outras tantas e
ótimas editoras de RPG do mercado brasileiro. Ora, não sejamos ingênuos
pensando que o RPG não é visto como negócio, e DB sendo lançada pela Jambô tem
um papel e interesse quanto à isso. Pois esta foi uma grata surpresa, pois
muitas editoras (concorrentes, mesmo que amigas) foram citadas. Outra ponto
interessante foi a possibilidade que uma edição digital nos proporciona de
termos acesso à links diretos nas matérias lidas.
Já
o Pergaminhos dos Leitores não teve pergaminhos, muito menos leitores. Foi uma
espécie de jogral de duas páginas apresentando Paladinos variados.
Particularmente não gostei, pois esperava ver já nesta edição a interação da
revista com seus leitores – algo que poderia ter sido facilmente preparado
desde seu anúncio. Vamos ver como será na próxima edição.
Resenha: Dados e Homens – Nota: 10
A
primeira matéria propriamente dita tinha de ser assinada pelo Trevisan e nada
melhor do que uma resenha sobre um grande livro que destrincha os primórdios
conceituas de D&D. Ele toca diretamente no ponto apresentando ao leitor uma
chave de leitura digna de sua experiência como rpgista e participante ancião do
primeiro período da DB.
Sir Holland – Nota: 7,5
Na
média...
Dicas do Mestre: Primeira Aventura –
Nota: 8
A
típica seção que todo o blog que se preza possui dentre as suas tags. Com este
“novo” nascimento da DB ela tem a clara preocupação de abraçar os novos
rpgistas, que estão surgindo à cada ano. A preocupação aqui é de como dar seus
primeiros passos neste maravilhoso hobby, mas com uma visão moderna própria do
século XXI. Mas sem querer desmerecer a seção, ela é um pouco senso comum
(embora nada errado com isso), visando, em última análise, apresentar uma série
de canais de RPG por stream, seguido de uma lista de sistemas e títulos atuais
do mercado. Particularmente acho que ela poderia ter focado diretamente nos
canais de RPG e como eles poderiam ser utilizados no aprendizado dos novatos.
3d&T: O céu é de Ninguém – Nota:
10
Bruno
Schlatter, autor desta matéria, foi anunciado como um dos maiores entendedores
do sistema 3d&T, e o elogio não foi exagerado. Ele nos presenteia com um
texto que para mim é a alma de toda a revista de RPG que se preze e sua
principal função – apresentar material jogável de alta qualidade. Com uma
adaptação dos conceitos do game No Man’s Sky para o sistema 3d&T, somos
presenteados com um ótimo material repleto de recursos para vivermos aventuras
pelo universo à fora. Fazendo referência, sempre que necessário ao material já
lançado pela editora, com direito à links, temos um ótimo número de novos
recursos para aventuras ainda mais surpreendentes. É um ótimo material para
começar a ser arquivado para um verdadeiro banco de dados sobre o sistema.
Gazeta do reinado – Nota: 9,5
Em
época da Dragon Slayer está era uma das minhas seções preferidas. Como eu já
disse, a função máxima de uma publicação de RPG é garantir material para os
jogadores e a Gazeta é pura informação relevante para novas aventuras ou longas
campanhas. São 5 plots interessantes e facilmente utilizáveis. Uma crítica
minha, possivelmente por puro pedantismo, é que a Gazeta do Reinado poderia ter
o visual de um verdadeiro jornal, com separações de suas matérias em caixas
delimitadas, e não sob a forma de colunas contínuas. Daria um ar mais
verdadeiro à proposta de “jornal” desta coluna.
Brigada Ligeira Estelar: A Voz do
Sabre – Nota: 10
A
proposta da Voz do Sabre é a mesmíssima da Gazeta do Reinado, e aprovo cem por
cento. Tanto por ser uma fonte de plots, quanto por ser um cenário muito
querido por mim. Alexandre Lancaster, a mente pensante e criadora deste cenário
futurista de 3d&T, não perde o tom em criar quatro plots muito
interessantes (adorei o plot dos atentados em Alabarda). Mas vocês podem me
questionar sobre o por quê de eu ter concedido nota 9,5 para a Gazeta e 10 para
a Voz, já que ambas têm o mesmo designe. Ora, a proposta de um jornal, como a
Gazeta, precisa de um elemento visual mais compatível, enquanto para a Voz, tal
qual um periódico futurista, fica compatível com colunas contínuas.
Monster Chef – Nota: 9
Seção
imprescindível para uma revista de RPG. Uma fonte de monstros e antagonistas é
muito importante para os mestres e grupos de plantão, e esta criatura, baseada
no programa de mesmo nome, foi uma ótima primeira matéria. Espero que traga
coisas novas e que não se restrinja em copiar o que foi criado no canal, para
proporcionar assim mais e mais material.
Especial: o melhora da Dragão Brasil
– as edições favoritas de seus editores favoritos – Nota: 8
Matéria
histórica sobre as lembranças e preferências dos editores da atual Dragão
Brasil, sobre as edições históricas da antiga DB. Vale pela curiosidade de
pessoas como Trevian, Cassaro e Saladino, por sua participação efetiva na
criação de tais edições. As escolhas de Guilherme, Brauner e Caldela, valem
pela visão de fãs que eles tinham quando de suas escolhas.
Dedicação – Nota: 10
Embora
a seção não receba o nome de Contos
ela é claramente a antiga seção renascida das cinzas, e em Dedicações ela
renasce com toda a qualidade. Embora sempre fiquemos com um gostinho de ‘quero
mais’ ela tem o tamanho e o tom certo, atingido com a qualidade habitual encontrada
nos textos do Guilherme Dei Svaldi. Espero ansioso os próximos.
Renascido das Trevas - a volta de
Vampiro: a máscara – Nota: 10
Eva
Cruz Andrade é o rosto feminino desta edição, onde fala daquilo que ela conhece
muito bem – o mundo das trevas. Embora seja um texto histórico/informativo no
melhor estilo ‘matéria de jornal’, é impossível não percebermos seu
conhecimento e paixão pelo sistema que dominou os anos noventa e que está
meramente em torpor. O que importa é dizer que Vampiro: a máscara está voltando
com tudo e esperamos ter mais matérias (mais aprofundadas e jogáveis) escritas
pelas mãos da Eva.
Ganchos de Aventuras! – Nota: 9,5
Ganchos
e ganchos e mais ganchos.... um baú cheio de ganchos. Este é um verdadeiro
tesouro para os mestres. A falta de ideias pode ser um problema pontual em meio
à um a sessão que pode ser facilmente resolvido escolhendo aleatoriamente uma
das 113 opções desta seção. Os primeiros 88 ganchos são da dupla Leonel Caldela
e Gustavo Brauner. As outras 25 são criações de uma série de fãs e leitores. A
única ressalva aqui é de que com relação aos temas dos ganchos. A grande
maioria deles é próprio para cenário de fantasia, ou pelo menos são ‘coringas’.
Mas alguns poucos são claramente para um cenário futurista. Ao meu ver o ideal
seria, quando nesta mescla, separar os ganchos por temas, para facilitar quem
estiver procurando ajuda.
Tormenta: o avanço implacável da Tormenta
– Nota: 10
Jamil,
ainda o único kender de Arton, é verdadeiramente um fã apaixonado pelo sistema.
E ninguém melhor do que ele para contar a história deste maravilhoso cenário
(um dos motivos para eu ter criado o blog com o sugestivo nome Confraria de
Arton) totalmente nacional e que beira duas décadas. Com texto fluido e cheio
de referências históricas, de dentro e fora do cenário, ele nos leva à uma
jornada que começa na histórica edição #50 da DB até o lançamento do Mundos dos
Deuses.
Lado B do RPG – Nota: 10
Esta
seção me pegou de surpresa. Muito bem escrita por Eduardo Caetano, ela
apresenta o RPG Sertão Bravio dando pinceladas em sua mecânica bem como
jogabilidade, deixando-nos com vontade de ir mais à fundo no sistema
apresentado. Seções como essa são importantíssimas para o futuro do RPG, dando
incentivo e visibilidade para projetos que, muitas vezes, podem se perder no
mar de projetos em meio à internet. O cenário indie agradece!
Chefe de Fase: Thaethnem Taheldariem
– Nota: 8
Outra
daquelas seções importantíssimas para os mestres e mesas de RPG de plantão que precisam
de uma mãozinha. Como não se apaixonar por esse elfo que vivencia a mesma dor
de sua deusa, Glórien, sentindo-se culpado por um fato ocorrido. Ele segue a visão
de muitos dos elfos do cenário – pária, sem lar, deprimido e atrás de vingança.
A matéria vem com fichas para Tormenta RPG (óbvio) e D&D 5E. Mas isso foi
pouco. Tenho certeza que haveria espaço para mais adaptações, como 3d&T e
outros tantos cenários de fantasia do mercado, ao invés de apostar em um
sistema que nem foi traduzido ainda (embora seja muito jogado).
Comentários – Nota: 8
Para
quem apoiou o projeto a partir de um valor específico, recebeu sua DB com o que
seriam comentários dos editores. Confesso que não sabia muito bem o que
esperar. Nesta edição #113 vieram dois comentários: um do Guilherme, sobre seu
conto, e outro do Trevisan, sobre a matéria do Jamil sobre a história de
Tormenta como um cenário. Pelo teor desta seção ela deveria ter um link direto
em cada matéria direcionando para os comentários. Ao meu ver seriam muito mais
uteis se diretamente na matéria, embora isso impossibilitasse de que fossem
separadas por tipo de pagamento e acabariam fazendo parte do corpo da
publicação. Minha primeira impressão era de que teríamos comentários e links
espalhados por toda a publicação com notas rápidas dos autores (tal e qual
edições comentadas de filmes) com referências, particularidades, detalhes,
curiosidades etc.
Crítica Geral – Nota: 9
Sempre
fico apreensivo na hora de fazer uma crítica dentro do universo rpgístico pois,
como bem sabemos, elas são quase sempre mal recebidas, não pelo alvo da
crítica, mas por seus fãs e seguidores. Vou me arriscar e dizer o que penso
aqui, amparado por não dar a mínima para os haters, ou pelo fato de conhecer o
irmãos Dei Svaldi à nem sei quantos anos (o Rafael eu conheço desde que ele
batia no meu ombro quando a Jambo não tinha nada à ver com RPG) e pelo motivo
de que sei que críticas, para quem produz material relevante, são
importantíssimas para o desenvolvimento.
Vou
começar dizendo: A Dragão Brasil #113 é uma ótima revista de rpg, mas não é a Dragão Brasil.
Como revista dedicada ao RPG a DB #113 tem uma ótima qualidade tanto de
material escrito quanto de material relevante para o hobby, em muitos níveis.
Ela veio ocupar um espaço que é importante que não esteja vago. Foram muitos
anos sem um periódico dedicado ao RPG e todas as suas nunaces, e sua cehgada
garantirá acesso e desenvolvimento de muitos novos jogadores (e veteranos
também).
Ao
mesmo tempo ela não é a DB (como a conhecíamos) e nunca será. Originalmente a
Dragão Brasil surgiu numa época e que o RPG engatinhava e que era quase
impensado termos nas bancas uma publicação dedicada à um hobby tão, palavras da
época, estranho. A DB viveu por um longo período com a pressão de ser uma
importante revista de RPG, mas sem a pressão de ter de dedicar-se à A ou B.
Ora, não sejamos ingênuos em pensar que RPG não é um negócio. Ele tem de ser
(pelo menos para as editoras) ou não teríamos editoras que se sustentassem produzindo
material de tão alta qualidade, relevância e periodicidade para nós. Ser
negócio não diminui o amor que todos têm pelo RPG (inclusive as próprias
editoras). Apenas faz com que tenham uma visão diferente. E esta é a diferença
que me fez lançar a frase em destaque anteriormente.
A
Dragão Brasil, em sua fase clássica, teve um enorme cuidado com sua qualidade e
produção, mas podia se dedicar – da forma que preferisse – à qualquer sistema,
lançando adaptações, versões, cenários, críticas, resenhas, inovações ou o que
quer que desejasse. Já está nova fase da DB, iniciada com está edição 113, vem
tutelada por uma editora que produz RPG, dentre tantas outras ótimas coisas.
Ora, nada mais claro e óbvio que o grande mote desta nova fase seja centrado em
suas produções próprias. Como disse, RPG é negócio e não há nada errado nisso.
É uma visão clara de mercado que com toda a certeza renderá frutos para os
amantes de seus cenários e sistemas (eu, por exemplo). Mas é uma coisa que deve
ficar clara. No final das contas ela está muito mais próxima da Dragon Slayer
do que da Dragão Brasil original.
Lógico
que daqui duas ou três edições ou possa ter que engolir minhas palavras com a
DB lançando muito material adaptado para outros sistemas de fora de suas prateleiras
(D&D não conta)... e as engolirei com prazer. Mas o certo, por hora, é que
a DB será um ótimo suporte principalmente para material produzido pela própria
editora. Um suporte de qualidade e relevante que enriquecerá os cenários e
sistemas com os quais a editora trabalha.
E
tudo isso não diminui em nada a qualidade desta edição, cuja nota geral foi 9.
Confesso que ainda prefira publicações físicas (ok, sou velho), mas a experiência
com esta edição digital não foi ruim. Notamos o cuidado de sua produção para
uma agradável leitura no computador, bem com a facilidade que os links nos
proporcionam para expandir nossa experiência de leitura. Embora tenha sentido
falta de matérias sobre Reinos de Ferro e Mutantes e Malfeitores (ambos da
editora), podemos considerar que para uma primeira edição ela trabalhou muito
bem com os carros-chefes da editora no momento – Tormenta RPG e 3d&T. Prevejo
um ótimo futuro para a Dragão Brasil e espero que ela dê ênfase para os novos
mestres com matérias mais dedicadas à construção de cenários e à atividade de
mestrar em si.
Não há dúvida de que continuarei apoiando este projeto e me deliciando com suas páginas... Faça o mesmo AQUI!
4 comentários:
Tive a mesma impressão de que a revista não largou o DNA de Dragonslayer. E talvez seja até melhor assim, já era uma versão mais moderna da Dragão. Pode não ser a versão que a gente sente saudades e pega pra ler e reler no armário, mas é a versão que tem pra agora e que dialoga com as novas formas de transmissão de informação.
Pois é, achei que pecou na falta da ficha para 3D&T, ainda mais com o Tormenta Alpha. Ainda assim, o material da 5th é aproveitável para quem não joga em Arton.
Exatamente... A fórmula da DS era e é muito interessante e responde muito bem à algumas das necessidades do universo rpgista atual.... Quanto à fragmentação dos sistemas cobertos pelas matérias espero que eles usem a reação dos leitores para equilibrar melhor isso!
Pelo que eles mesmos falaram em um comentário, eles não podem trabalhar pelas outras editoras, ou seja, eles dependem de outras editoras fornecerem material de qualidade para os sistemas deles, e eles publicarão com prazer. No fundo, acho justo: a editora ganha uma publicidade gratuita, e a DB ganha a contribuição dos leitores como "pagamento" pela publicidade.
Artur... por isso mesmo é que apontei as diferenças enter DB clássica e esta nova versão. Concordo que matérias mais aprofundadas possam requerer (algumas vezes) um autor mais próximo de um sistemas... Mas isso não foi um empecilho naqueles tempos antigos... No mínimo adaptações de fichas seriam algo simples para grupo de rpgistas tão experientes quanto estes que estão empenhados nesse projeto, ou teremos que acreditar que eles não podem falar sobre ou sistema fora o deles mesmos... Claro que não... Também acho justo (como disse na matéria) pois RPG é um negócio e precisa ser tratado assim por alguns... Não podemos achar que existam pessoas (o que é uma pena) que tratem o RPG como uma luta idealista querendo que ele cresça e se desenvolva da melhor forma possível por ser o certo a ser feito!
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