quarta-feira, 8 de maio de 2019

Things from the Flood - um RPG impressionante

Things from the Flood
- um RPG impressioante -


Em 2016 fomos surpreendidos com o lançamento de Tales from the Loop pela Fria Ligan, da Suécia. Neste jogo você está na pele de adolescentes dos anos oitenta que estão envoltos em mistérios à cerca do Loop (como era conhecido o maior acelerador de partículas da época, construído em 1969). É um mundo que mistura os saudosistas anos oitenta e máquinas e seres misteriosos. A grande inspiração para esse RPG foram as obras impressionantes de Simon Stålenhag, que pintou a ansiedade de sua juventude em meio às dúvidas e medos de morar próximo do The Loop.

A chegada dessa obra de RPG foi arrebatadora. Ela faturou nada menos do que cinco medalhas de ouro no ENnie Awards 2017 nas categorias Melhor Jogo , Melhor Cenário, Melhor Arte Interior, Melhor Texto e Produto do Ano, faturado a medalha de ouro como RPG do ano pela Golden Geek 2017. Todos merecidos.

Agora temos o lançamento da sequência muito aguardada com a promessa de ser mais sombrio e ousado – Things from the Flood. Ele passou por um financiamento muito bem sucedido no ano passado e começou a ser entregue entre fevereiro e março deste ano. Primeiramente podemos dizer que ele orbita entre uma continuação e uma expansão. Ele pode se encaixar perfeitamente como um suplemento enriquecendo ainda mais o maravilhoso Tales from the Loop. Ao mesmo tempo, se você não é afeito à jogos com crianças, ele pode muito bem ser usado individualmente.

Things from the Flood se passa uma década após o primeiro livro. Estamos longe do viés colorido e esperançosos do primeiro livro. O mundo agora está mais aterrorizante e os protagonistas mais velhos, endurecidos, com vidas mais complexas e sem esperanças.


Na história do primeiro livro os cientistas havia descoberto como aproveitar os pólos magnéticos da terra para transporte de enormes naves de magnetrina flutuantes, tornando o transporte mais barato e eficiente. Mas as coisas deram errado e dez anos após os pólos acabaram se invertendo e as enormes naves estão ociosos e abandonadas por todos os cantos.

Não bastasse isso temos ainda o ‘câncer das máquinas’, que surgiu logo após a inundação e desativação do The Loop. Está é uma condição que afeta as máquinas causando estranhos crescimentos marrons nelas, deixando-as inativas e sem uso.

Este é um livro, assim como toda a série, simbólico e repleto de camadas. Um livro extremamente adulto que se baseia nas aventuras de jovens para criar uma verdadeira parábola sobre a vida, principalmente naqueles tempos.


A mecânica ainda continua simples, usando o sistema Year Zero. Os personagens possuem quatro atributos – Corpo, Tecnologia, Coração e Mente – cada um deles com três perícias. O sistema de testes baseia-se em juntar d6 equivalentes à atributo e perícia onde apenas o valor ‘6’ conta como sucesso e o jogador precisa conseguir ao menos um ‘6’ em seu pool de dados. Um elemento novo adicionado à este livro tem relação á morte. Não temos uma pontuação de vida, mas sim ‘cicatrizes’ que o vão maculando conforme ele enfrenta os perigos – chateado, assustado, exausto, ferido e quebrado. Sempre que o personagem recebe uma cicatriz após a primeira ele rola um dado e se o valor for inferior ao número de cicatrizes que ele possui ele está fora do jogo (a forma é escolhida pelo jogador). Os mecanismos gerais de interação, de fugir de monstros a mentir para policiais são simples, gerando uma fluidez agradável

O apoio para estruturação das aventuras é muito bem embasado e repleto de informações e modos relevantes armando o mestre com ferramentas para lidar com mistérios ou o dia a dia adolescente. Embora o modelo básico de Things from the Flood seja mais apropriado para um segmento episódico e sandbox, o mestre pode estruturá-lo como melhor achar para seu grupo.


Se você gosta de novas experiências e curte sistemas e temáticas fora da mesmice, Things from the Flood e seu antecessor, Tales from the Loop, são RPGs que precisam ser testados. Não espere mais!



3 comentários:

Rodrigo Otavio disse...

baixei uma versão em pdf, mas está todo inglês, infelizmente acho meio tenso pra jogar assim. vc tem alguma versão traduzida?

João Brasil disse...

Infelizmente não! :(

Gustavo Vidal disse...

Eu só queria encontrar o PDF em inglês T.T